Ministra anuncia desbloqueio de verbas comunitárias

Ministra anun­cia des­blo­queio de ver­bas comunitárias

 In Público, 20 de Maio 2004

    Ontem, a mi­nis­tra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, anun­ci­ou que a Comissão Europeia des­blo­que­ou as ver­bas co­mu­ni­tá­ri­as pa­ra fi­nan­ci­a­men­to do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co por­tu­guês. Em cau­sa es­ta­vam pe­lo me­nos 217 mi­lhões de eu­ros, dis­se a mi­nis­tra, nu­ma con­fe­rên­cia de im­pren­sa, que fi­ca­ram blo­que­a­dos a par­tir de Julho de 2003, na sequên­cia de uma au­di­to­ria da co­mis­são.
    Em Fevereiro de 2003, já o Governo de Durão Barroso le­va­va qua­se um ano, a Comissão Europeia fez uma au­di­to­ria à ges­tão do Programa Operacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (POCTI) – que ser­ve pa­ra fi­nan­ci­ar, en­tre 2000 e 2006, os cen­tros de in­ves­ti­ga­ção nas uni­ver­si­da­des, os la­bo­ra­tó­ri­os do Estado, os la­bo­ra­tó­ri­os as­so­ci­a­dos do Estado, os pro­jec­tos de in­ves­ti­ga­ção e de equi­pa­men­to ci­en­tí­fi­co, a pro­mo­ção da cul­tu­ra ci­en­tí­fi­ca ou pro­jec­tos de ino­va­ção em con­sór­cio en­tre uni­ver­si­da­des e em­pre­sas. E em Julho, as ver­bas fi­ca­ram blo­que­a­das de­vi­do a um con­jun­to de ano­ma­li­as pro­ces­su­ais na sua ges­tão des­de o ano 2000, con­tou a mi­nis­tra.
    O que es­ta­va em cau­sa era a de­vo­lu­ção por Portugal de 100 mi­lhões de eu­ros, já pa­gos pe­la Comissão Europeia en­tre 2000 e 2002. “A es­te mon­tan­te acres­ci­am 117 mi­lhões de eu­ros com­pro­me­ti­dos no pe­río­do en­tre 2002 e 2003 – já exe­cu­ta­dos pe­las uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção, mas que ain­da não fo­ram pa­gos por Bruxelas -, as­sim co­mo fi­nan­ci­a­men­tos fu­tu­ros a apro­var até 2006”, dis­se Graça Carvalho.
    Que fi­nan­ci­a­men­tos fu­tu­ros se­rão es­ses? “Falando só de ci­ên­cia e ino­va­ção, te­re­mos dis­po­ní­vel pa­ra no­vos pro­jec­tos, até ao fim de 2006, 460 mi­lhões de eu­ros, sen­do 300 mi­lhões co­mu­ni­tá­ri­os e 160 mi­lhões do Orçamento do Estado”, ex­pli­cou a mi­nis­tra.
    Para des­blo­que­ar os fun­dos, a mi­nis­tra dis­se que cri­ou, em Outubro de 2003, um gru­po de tra­ba­lho que fez o his­tó­ri­co de mais de três mil pro­jec­tos. Quando es­te blo­queio foi anun­ci­a­do, em Janeiro, o mi­nis­tro da Ciência do an­te­ri­or Governo, José Mariano Gago, ex­pli­cou que os pro­ce­di­men­tos de ges­tão se­gui­dos ti­nham si­do co­mu­ni­ca­dos e acei­tes pe­la Comissão Europeia e que, se os au­di­to­res en­ten­de­ram de­pois que não eram os me­lho­res, is­so é nor­mal. Estranhou tam­bém a for­ma co­mo o ac­tu­al Governo em­po­lou uma au­di­to­ria nor­mal, de ro­ti­na, e la­men­tou não ter si­do con­tac­ta­do. “O re­la­tó­rio é de há um ano. Não é nor­mal que o Governo por­tu­guês con­ti­nue ho­je a dei­tar po­ei­ra pa­ra os olhos, a fa­lar de pro­ce­di­men­tos bu­ro­crá­ti­cos de há três anos”, dis­se na al­tu­ra ao PÚBLICO.