Bolseiros Ponderam Acções de Protesto para Lutar pelo Emprego Científico

Bolseiros Ponderam Acções de Protesto pa­ra Lutar pe­lo Emprego Científico

 In Público, 10 de Novembro 2004

    A cri­a­ção ur­gen­te de em­pre­go ci­en­tí­fi­co, di­rei­tos de se­gu­ran­ça so­ci­al iguais ao de qual­quer tra­ba­lha­dor e au­men­to do va­lor das bol­sas de in­ves­ti­ga­ção pa­ra 2005. São es­tas as prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções dos bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca, dis­cu­ti­das na úl­ti­ma reu­nião da as­so­ci­a­ção da clas­se, no fim-de-se­ma­na. Se es­tas rei­vin­di­ca­ções não fo­rem sa­tis­fei­tas, os bol­sei­ros pre­vêem le­var a ca­bo ac­ções de pro­tes­to a ní­vel na­ci­o­nal, que ain­da não definiram.

    “Há um con­sen­so no Governo em tor­no da ne­ces­si­da­de de cri­ar em­pre­go ci­en­tí­fi­co. Mas em con­cre­to na­da”, dis­se João Ferreira, pre­si­den­te da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC). A re­so­lu­ção do pro­ble­ma não pas­sa pe­la cri­a­ção de mais bol­sas: “Foi anun­ci­a­do que até 2006 se­ri­am atri­buí­das cer­ca de 5000 bol­sas. A mi­nis­tra acha que is­so é cri­ar em­pre­go. Mas nós que­re­mos é que as pes­so­as se­jam con­tra­ta­das”, afir­ma. Está em pre­pa­ra­ção um do­cu­men­to on­de a ABIC enu­me­ra­rá me­di­das ru­mo à re­so­lu­ção des­te problema.

    “Apesar do em­pre­go ci­en­tí­fi­co ser con­si­de­ra­do um ei­xo pri­o­ri­tá­rio da po­lí­ti­ca de ci­ên­cia des­te Governo, apre­sen­tam-nos a cri­a­ção de mais bol­sas co­mo uma me­di­da de cri­a­ção de em­pre­go. Bolsa não é em­pre­go. Isto é uma frau­de”, afir­ma, re­fe­rin­do-se ao au­men­to de in­ves­ti­ga­do­res pre­vis­to no pro­gra­ma Ciência 2010.

    João Ferreira adi­an­ta que se a cri­a­ção de bol­sas é en­ten­di­da co­mo em­pre­go ci­en­tí­fi­co, en­tão os bol­sei­ros gos­ta­ri­am de po­der usu­fruir das mes­mas re­ga­li­as so­ci­ais dos in­ves­ti­ga­do­res con­tra­ta­dos das ins­ti­tui­ções on­de exer­cem a sua actividade.

    Em Agosto, o es­ta­tu­to do bol­sei­ro de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca foi re­vis­to, al­go que os bol­sei­ros pe­di­am há já mui­to tem­po. Mas João Ferreira afir­ma que a mai­or par­te das rei­vin­di­ca­ções que ti­nham fei­to fo­ram ig­no­ra­das. Entre elas es­tá o pe­di­do pa­ra que os bol­sei­ros pos­sam usu­fruir da se­gu­ran­ça so­ci­al nas mes­mas con­di­ções que os in­ves­ti­ga­do­res con­tra­ta­dos. Até ago­ra, o bol­sei­ro go­za ape­nas de um se­gu­ro vo­lun­tá­rio, pa­go pe­lo pró­prio e re­em­bol­sa­do pe­la Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia, en­ti­da­de fi­nan­ci­a­do­ra das bolsas.

    João Ferreira re­fe­re que no pró­xi­mo dia 19, a ABIC tem mar­ca­do uma reu­nião com a mi­nis­tra da Ciência, Inovação e en­si­no su­pe­ri­or, Maria da Graça Carvalho. Então te­rão opor­tu­ni­da­de de lhe ex­por es­tas pre­o­cu­pa­ções e outras.

    Uma das prin­ci­pais pre­o­cu­pa­ções é a da ac­tu­a­li­za­ção do va­lor das bol­sas: “Não po­de­mos acei­tar que o mon­tan­te con­ti­nue con­ge­la­do pe­lo ter­cei­ro ano con­se­cu­ti­vo”, re­fe­re. Os bol­sei­ros pe­dem, pe­lo me­nos, um au­men­to do va­lor da bol­sa in­de­xa­do às ta­xas de au­men­to sa­la­ri­al da fun­ção pú­bli­ca. “Esperamos uma res­pos­ta que tem de ser ur­gen­te”, con­clui João Ferreira.