Bolsas a contratos

Sobre a de­ci­são do Conselho de Ministros no pas­sa­do dia 24 de mar­ço de 2016

A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) con­gra­tu­la-se com a no­tí­cia di­vul­ga­da na pas­sa­da quin­ta-fei­ra que anun­cia a con­tra­ta­ção de dou­to­ra­dos co­mo for­ma de subs­ti­tui­ção das bol­sas de pós-dou­to­ra­men­to. Esta me­di­da ago­ra anun­ci­a­da é uma exi­gên­cia de sem­pre da ABIC, não ape­nas pa­ra os in­ves­ti­ga­do­res dou­to­ra­dos mas pa­ra to­dos os tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos, in­de­pen­den­te­men­te do grau aca­dé­mi­co. O país pre­ci­sa de in­ves­ti­ga­do­res e es­tes têm de ter um vín­cu­lo la­bo­ral não pre­cá­rio, tal co­mo qual­quer ou­tro trabalhador.

Se, por um la­do, o anún­cio de con­tra­tos é uma exi­gên­cia an­ti­ga da ABIC, por ou­tro, os bol­sei­ros te­mem a for­ma co­mo es­sa me­di­da vai ser im­ple­men­ta­da, no­me­a­da­men­te por­que a tu­te­la nun­ca re­fe­re a in­te­gra­ção des­tes tra­ba­lha­do­res na car­rei­ra de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca. Os con­tra­tos tem­po­rá­ri­os não são so­lu­ção, mui­to me­nos ha­ven­do uma car­rei­ra na qual es­tes tra­ba­lha­do­res po­dem e de­vem ingressar.

O co­mu­ni­ca­do do Conselho de Ministros re­fe­re a subs­ti­tui­ção pro­gres­si­va da atri­bui­ção de bol­sas de pós-dou­to­ra­men­to por con­tra­tos. Em en­tre­vis­ta ao jor­nal Público, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, fa­la em “le­que sa­la­ri­al am­plo” e em “fle­xi­bi­li­zar o em­pre­go científico”.

O di­plo­ma apro­va­do em Conselho de Ministros se­gue pa­ra con­sul­ta a en­ti­da­des. Estranhamente, a ABIC, a as­so­ci­a­ção que re­pre­sen­ta os bol­sei­ros e que há mui­to rei­vin­di­ca a subs­ti­tui­ção das bol­sas por con­tra­tos, não es­tá en­tre as en­ti­da­des a con­sul­tar. Nenhuma ou­tra en­ti­da­de que pos­sa ser con­sul­ta­da se­rá tão co­nhe­ce­do­ra da re­a­li­da­de dos bol­sei­ros co­mo a ABIC. Nesse sen­ti­do, a ABIC ma­ni­fes­ta a sua pre­o­cu­pa­ção e pe­de pa­ra ser ou­vi­da, por­que al­gu­mas das rei­vin­di­ca­ções dos bol­sei­ros po­dem não es­tar asseguradas.