Textos científicos fazem mural de protesto: Bolseiros lutam por contratos de trabalho
In Diário Aveiro, 17 de Julho 2007
Cerca de 120 cópias de primeiras páginas de textos científicos publicados, realizados por bolseiros da Universidade de Aveiro, vão estar expostos junto à Cantina de Santiago até dia 18. Uma forma deste grupo apelar à revisão do estatuto do bolseiro de investigação e mostrar à comunidade a qualidade do seu trabalho
Estima-se em 500 o número de bolseiros existentes na Universidade de Aveiro, todos eles dedicados à investigação científica nos departamentos desta academia e todos também descontentes com o actual estatuto de bolseiro. Este grupo quer ser tratado de forma diferente e quer ver reconhecida a sua carreira. Nesse sentido, ontem teve lugar na Universidade de Aveiro uma acção de sensibilização e de protesto. «Não queremos bolsas, queremos contratos de trabalho» é o apelo que fazem em uníssono. E, para lembrar o contributo científico que dão à comunidade académica e à comunidade em geral, o Núcleo de Bolseiros de Investigação da Universidade de Aveiro (NBIUA) colou numa faixa dezenas de cópias de primeiras páginas de artigos de bolseiros já publicados.
Este mural de protesto vai ficar bem visível num dos átrios da Cantina de Santiago, pelo menos até ao próximo dia 18, dia em que está agendada uma concentração em Lisboa, junto do Ministério de Ciência e Tecnologia, onde são esperados bolseiros de todo o país e muitos murais semelhantes ao de Aveiro.
Susana Pinto, bolseira do Departamento de Didáctica da UA e Secretária Geral do NBIUA, referiu ao Diário de Aveiro que vão ser expostas cerca de 120 primeiras páginas de textos publicados, «mas este número podia ser muito superior se não estivéssemos em tempo de férias, exames e congressos». Ainda de acordo com esta responsável, esta acção é, acima de tudo de informação e sensibilização. «Queremos mostrar o nosso trabalho, tanto à comunidade universitária, como à comunidade em geral», com vista à alteração do estatuto do bolseiro de investigação em Portugal.
«Queremos direitos sociais básicos»
A proposta de revisão do estatuto está neste momento entregue ao Governo e grupos parlamentares, à espera de ser apreciada. Com esta iniciativa, o NBIUA quer reforçar a qualidade e pertinência do seu trabalho que, contudo, consideram desprezado. Os bolseiros defendem que faz falta uma política de emprego científico consistente com os tão falados objectivos de desenvolvimento científico e tecnológico do país e para isso apelam a uma alteração do enquadramento legislativo da actividade dos bolseiros de investigação, de forma a garantir que todo o pessoal de investigação científica veja reconhecido o trabalho que desenvolve e seja dignificada a sua condição, passando a beneficiar de um conjunto de direitos sociais básicos (subsídio de doença, subsídio de maternidade/paternidade e subsídio de desemprego, etc.)», tal como acontece com todos os trabalhadores.