Comunicado da ABIC sobre o Concurso de Bolsas de Doutoramento 2013

A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) reu­niu re­cen­te­men­te com a Fundação pa­ra a Ciência e Tecnologia (FCT). Nesta reu­nião, a ABIC pô­de ex­por al­gu­mas das su­as pre­o­cu­pa­ções em re­la­ção à evo­lu­ção do fi­nan­ci­a­men­to do Sistema Científico Nacional, com es­pe­ci­al ên­fa­se na pre­ca­ri­e­da­de as­so­ci­a­da aos bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção científica.

Um dos te­mas cen­trais dis­cu­ti­dos na reu­nião diz res­pei­to ao Concurso Nacional de Bolsas de Doutoramento de 2013. Este con­cur­so de­ve­ria, su­pos­ta­men­te, ter si­do aber­to em ju­nho, de acor­do com a in­for­ma­ção dis­po­ni­bi­li­za­da no si­te da FCT. Neste sen­ti­do, a ABIC foi in­for­ma­da de que abri­ria já com atra­so, ape­nas du­ran­te a se­ma­na de 1 a 5 de ju­lho. Segundo a FCT, pa­ra is­to po­der acon­te­cer, na sex­ta-fei­ra pas­sa­da, 28 de ju­nho, iri­am ser pu­bli­ca­dos os re­sul­ta­dos re­la­ti­vos aos re­cur­sos apre­sen­ta­dos so­bre o con­cur­so de bol­sas de 2012.

O CONCURSO DE BOLSAS DE 2012 ENCERROU O SEU PRAZO DE CANDIDATURAS HÁ EXACTAMENTE UM ANO E OS BOLSEIROS AINDA NÃO CONHECEM O RESULTADO DOS RECURSOS.

A FCT não cum­priu com o com­pro­mis­so as­su­mi­do pe­ran­te a ABIC e con­ti­nua sem dis­po­ni­bi­li­zar in­for­ma­ção ofi­ci­al so­bre quan­do se­rão di­vul­ga­dos os re­sul­ta­dos dos re­cur­sos e quan­do irá abrir o con­cur­so de 2013. Esta si­tu­a­ção co­lo­ca uma in­cer­te­za gra­ve na vi­da dos in­ves­ti­ga­do­res ci­en­tí­fi­cos que de­se­ja­vam can­di­da­tar-se a es­te con­cur­so pa­ra po­de­rem in­gres­sar em dou­to­ra­men­tos na­ci­o­nais ou in­ter­na­ci­o­nais. A ABIC exi­ge a aber­tu­ra ime­di­a­ta do Concurso de Bolsas e a co­mu­ni­ca­ção do re­sul­ta­do dos Recursos do Concurso de 2012. 

NO CONCURSO DESTE ANO HAVERÁ UMA REDUÇÃO DE 50% EM RELAÇÃO ÀS BOLSAS ATRIBUÍDAS EM 2012.

A FCT in­for­mou tam­bém a ABIC de que es­te ano ha­ve­rá uma re­du­ção bru­tal no nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das. Esta é uma si­tu­a­ção inad­mis­sí­vel nu­ma al­tu­ra em que o País con­ti­nua a pre­ci­sar de pes­so­as mais qua­li­fi­ca­das e mais bem pre­pa­ra­das pa­ra o fu­tu­ro. Considerando que a FCT de­ci­diu re­du­zir de for­ma dra­má­ti­ca o nú­me­ro (de 600 pa­ra 120) e o va­lor atri­buí­do aos pro­je­tos de in­ves­ti­ga­ção fi­nan­ci­a­dos, es­te se­ria um dos pou­cos con­cur­sos a que mi­lha­res de in­ves­ti­ga­do­res se po­de­ri­am can­di­da­tar, na es­pe­ran­ça de con­ti­nu­ar a fa­zer Ciência em Portugal. Muitos bol­sei­ros e in­ves­ti­ga­do­res ve­em as­sim au­men­tar a in­cer­te­za nas su­as vi­das e são au­ten­ti­ca­men­te des­pre­za­dos por uma Fundação que tem, su­pos­ta­men­te, o pa­pel de in­cen­ti­var e po­ten­ci­ar a prá­ti­ca da Investigação Científica em Portugal.

FCT E TUTELA NÃO REPÕEM OS SUBSÍDIOS ASSOCIADOS A BOLSAS DE DOUTORAMENTO

Apesar das crí­ti­cas fei­tas ao fim des­tes sub­sí­di­os e à sua apli­ca­ção com re­tro­a­ti­vos, que in­cluí­ram po­si­ções de ju­ris­tas con­tac­ta­dos pe­la ABIC e dos Provedores da Justiça e do Bolseiro, a FCT e a tu­te­la que­rem man­ter a redução/​corte em vá­ri­os dos sub­sí­di­os atri­buí­dos aos bol­sei­ros de dou­to­ra­men­to: par­ti­ci­pa­ção em reu­niões ci­en­tí­fi­cas, ati­vi­da­des de for­ma­ção com­ple­men­tar, exe­cu­ção grá­fi­ca da te­se, en­tre ou­tros. Estes apoi­os po­dem as­cen­der a al­guns mi­lha­res de eu­ros e têm ago­ra de ser su­por­ta­dos na ín­te­gra pe­los bol­sei­ros de Doutoramento.

O FUTURO NÃO SE CONSTRÓI COM CIÊNCIA PRECÁRIA! 

A ABIC não po­de com­pac­tu­ar com es­ta ati­tu­de de pro­fun­do des­res­pei­to pe­los in­ves­ti­ga­do­res ci­en­tí­fi­cos. A FCT, fa­ce vi­sí­vel de um Ministério e do Governo, es­tá uni­ca­men­te em­pe­nha­da em exe­cu­tar po­lí­ti­cas de con­ten­ção or­ça­men­tal, fei­tas a to­do o cus­to, in­de­pen­den­te­men­te do im­pac­to que têm so­bre a vi­da das pes­so­as. É pre­ci­so mu­dar! A ABIC exi­ge mais res­pei­to pa­ra com os in­ves­ti­ga­do­res por­tu­gue­ses e uma FCT que se as­su­ma co­mo um or­ga­nis­mo cri­a­dor de es­ta­bi­li­da­de e con­di­ções de tra­ba­lho pa­ra os in­ves­ti­ga­do­res e não ape­nas co­mo uma re­par­ti­ção do Ministério das Finanças.