Bolseiros querem revisão do EBIC e encontro com ministro

Bolseiros que­rem re­vi­são do EBIC e en­con­tro com ministro

 In Público, 5 de Fevereiro 2003

    A clas­se, que tem as­so­ci­a­ção re­pre­sen­ta­ti­va des­de sá­ba­do, anun­cia co­mo pri­o­ri­da­de apu­rar o nú­me­ro to­tal de bol­sei­ros em Portugal
    Cerca de 200 bol­sei­ros de ins­ti­tui­ções de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca de nor­te a sul do país che­ga­ram a acor­do pa­ra que a pla­ta­for­ma de bol­sei­ros, for­ma­da há cer­ca de um ano, se trans­for­mas­se, no sá­ba­do pas­sa­do, na pri­mei­ra as­so­ci­a­ção na­ci­o­nal re­pre­sen­ta­ti­va des­ta clas­se. Ontem a ABIC – Associação de Bolseiros de Investigação Científica, as­sim se vai cha­mar – apre­sen­tou uma mo­ção ori­en­ta­do­ra da sua ac­ti­vi­da­de. Trata-se de uma ac­tu­a­li­za­ção dos prin­cí­pi­os do Caderno Reivindicativo já exis­ten­te, bem co­mo os ob­jec­ti­vos a cur­to-pra­zo. Querem al­te­rar o es­ta­tu­to do bol­sei­ro de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca e vão pe­dir no­va au­di­ên­cia ao mi­nis­tro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce, que ain­da nun­ca os re­ce­beu.
    “Há uma fran­ca ca­rên­cia de re­cur­sos hu­ma­nos na in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca em Portugal e os bol­sei­ros são vis­tos co­mo mão-de-obra ba­ra­ta”, sa­li­en­tou on­tem João Ferreira, um dos por­ta-voz da ABIC. Considerados pe­los pró­pri­os res­pon­sá­veis pe­las ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas de aco­lhi­men­to co­mo um dos pi­la­res de sus­ten­ta­ção do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co des­sas ins­ti­tui­ções e até a ní­vel na­ci­o­nal, os bol­sei­ros não têm con­tu­do os di­rei­tos dos in­ves­ti­ga­do­res de qua­dro. Não têm di­rei­to a fé­ri­as pa­gas ou dé­ci­mo ter­cei­ro mês e des­con­tam pa­ra a se­gu­ran­ça so­ci­al por meio de um se­gu­ro so­ci­al vo­lun­tá­rio, lon­ge dos be­ne­fí­ci­os so­ci­ais do re­gi­me ge­ral.                 Consideram por is­so que o ac­tu­al Estatuto do Bolseiro, cri­a­do a par­tir do de­cre­to de lei 123/​99, não os fa­vo­re­ce e pe­dem a ela­bo­ra­ção de um no­vo es­ta­tu­to, pro­ces­so no qual que­rem es­tar di­rec­ta­men­te en­vol­vi­dos – o que não acon­te­ceu em re­la­ção à ela­bo­ra­ção do ac­tu­al es­ta­tu­to.
    Enquanto as­so­ci­a­ção, os bol­sei­ros es­tão mais pro­te­gi­dos a ní­vel le­gal, e têm mais for­ça pa­ra di­a­lo­gar com as ins­ti­tui­ções de aco­lho, no sen­ti­do de apu­rar ao to­do quan­tos são os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca.
Segundo a Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia (FCT), prin­ci­pal ins­ti­tui­ção fi­nan­ci­a­do­ra do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co na­ci­o­nal, são qua­se 4000 os bol­sei­ros di­rec­ta­men­te fi­nan­ci­a­dos pe­la FCT. Mas al­guns ins­ti­tu­tos e la­bo­ra­tó­ri­os têm tam­bém ca­pa­ci­da­de de atri­bui­ção di­rec­ta de bol­sas ou po­dem atri­bui-las no âm­bi­to de ver­bas dis­po­ni­bi­li­za­das pa­ra pro­jec­tos es­pe­cí­fi­cos. A ABIC es­ti­ma que os nú­me­ros po­dem ro­dar o do­bro dos apre­sen­ta­dos pe­la FCT.
    Em Maio do ano pas­sa­do, a en­tão Plataforma de Bolseiros de Investigação ela­bo­rou um ca­der­no rei­vin­di­ca­ti­vo, on­de reu­nia to­das as su­as quei­xas, e en­tre­gou-o a ca­da um dos gru­pos po­lí­ti­cos com as­sen­to na Assembleia da República, bem co­mo à Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura. E pe­diu tam­bém uma au­di­ên­cia ao mi­nis­tro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce. Mas quem aca­bou por re­ce­ber o gru­po re­pre­sen­ta­ti­vo foi o pre­si­den­te da FCT, Fernando Ramôa Ribeiro.
    “Desde as úl­ti­mas au­di­ên­ci­as, na­da foi fei­to, pe­lo me­nos de que se te­nha to­ma­do co­nhe­ci­men­to. Vimos na al­tu­ra que ha­via, por par­te dos gru­pos par­la­men­ta­res, um gran­de des­co­nhe­ci­men­to so­bre a si­tu­a­ção dos bol­sei­ros. Chegámos a uma al­tu­ra que pen­sa­mos ser in­te­res­san­te ob­ter al­gu­mas res­pos­tas”, adi­an­tou João Ferreira.