In IOL Diário, 11 de Dezembro 2008
Trabalham na investigação científica e tentam alertar a opinião pública para a «precariedade da sua situação laboral»
Bolseiros de investigação científica organizaram, esta quinta-feira, em Lisboa, um peditório simbólico para o «subsídio de Natal que não recebem e o fundo de desemprego a que não têm direito», apesar de serem trabalhadores e não estudantes em formação, escreve a Lusa.
A encenação de um «peditório para o subsídio de Natal» na Baixa lisboeta foi uma das acções levadas a cabo por bolseiros em vários pontos do país (Porto, Aveiro e Coimbra) para alertarem a opinião pública para a «precariedade da sua situação laboral».
«Decidimos fazer esta acção junto da opinião pública para informar os transeuntes sobre a situação dos bolseiros, que formalmente não são considerados trabalhadores, embora muitos estejam efectivamente a trabalhar», disse o responsável pela Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).
André Levy explicou que, apesar de os bolseiros estarem a realizar «actividades e necessidades permanentes em instituições onde trabalham há anos», estes «não têm direitos iguais aos restantes trabalhadores científicos».
10.000 bolseiros nesta situação
«Os montantes das bolsas não são ajustados desde 2002. Isto, devido ao efeito de inflação, corresponde a uma perda real de valor de quase 18 por cento», adiantou. Para um bolseiro, que «ganha 750 euros por mês, doze meses por ano, esta perda de valor real é muito significativa», acrescentou o responsável.
«Queremos chamar a atenção para estas questões e apelar para que a nossa condição enquanto trabalhadores científicos seja melhorada e que, efectivamente, se invista na ciência e nos recursos humanos em Portugal», frisou.
O responsável pela Associação de Bolseiros de Investigação Científica defendeu que as bolsas de investigação «tenham carácter temporário e sejam só para formação» e que o estatuto destes bolseiros seja revisto ainda nesta legislatura.
Estas bolsas ou são financiadas directamente pela FCT ou através de projectos ou unidades de investigação. O universo dos bolseiros de investigação científica abrange 10.000 pessoas, tanto dentro como fora do país, incluindo 7.000 financiados pela FCT e os restantes por outras instituições, tendo a ABIC cerca de 500 membros.