Comunidade de bolseiros científicos reivindica direitos

Comunidade de bol­sei­ros ci­en­tí­fi­cos rei­vin­di­ca di­rei­tos
Investigadores desprotegidos 

In O Primeiro de Janeiro, 18 de Julho de 2007

Os bol­sei­ros da co­mu­ni­da­de de in­ves­ti­ga­do­res ci­en­tí­fi­ca re­cla­mam a mes­ma pro­tec­ção que a Lei-Geral do Trabalho ofe­re­ce aos res­tan­tes tra­ba­lha­do­res. Sentem-se à mar­gem da se­gu­ran­ça so­ci­al, não po­den­do usu­fruir de um con­tra­to que lhes ga­ran­ta qua­li­da­de de tra­ba­lho.

O ma­ni­fes­to da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) sai ho­je à rua. Uma ac­ção da par­te da ma­nhã no Porto, e ou­tra à tar­de em Lisboa vai ser­vir de pla­ta­for­ma pa­ra que os ór­gãos go­ver­na­ti­vos ou­çam o mo­vi­men­to dos bol­sei­ros que re­cla­mam mais qua­li­da­de no tra­ba­lho de in­ves­ti­ga­ção que de­sem­pe­nham nas uni­ver­si­da­des por­tu­gue­sas. José Gomes, de 33 anos e João Queirós, de 25, es­tão as­so­ci­a­dos à ABIC, do nú­cleo do Porto, e em de­cla­ra­ções ao JANEIRO, la­men­tam “a si­tu­a­ção pre­cá­ria e sem se­gu­ran­ça fu­tu­ra de um bol­sei­ro”. Hoje, a ban­dei­ra de rei­vin­di­ca­ções aos ór­gãos go­ver­na­ti­vos re­pre­sen­ta uma sé­rie de pon­tos, no sen­ti­do de for­ta­le­cer as con­di­ções de tra­ba­lho dos bol­sei­ros por­tu­gue­ses: ga­ran­tir que to­do o pes­so­al de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca ve­ja re­co­nhe­ci­do o tra­ba­lho que de­sen­vol­ve e dig­ni­fi­ca­da a sua con­di­ção, be­ne­fi­ci­an­do de um con­jun­to de di­rei­tos so­ci­ais bá­si­cos; aco­lher na le­gis­la­ção na­ci­o­nal as re­co­men­da­ções cons­tan­tes da Carta Europeia do Investigador; tra­var e in­flec­tir a ten­dên­cia pa­ra uma di­mi­nui­ção da atrac­ti­vi­da­de das car­rei­ras ci­en­tí­fi­cas; ga­ran­tir uma mai­or res­pon­sa­bi­li­za­ção das cha­ma­das ins­ti­tui­ções de aco­lhi­men­to; per­mi­tir uma ade­qua­da ar­ti­cu­la­ção com o con­jun­to do edi­fí­cio le­gis­la­ti­vo que en­qua­dra e re­gu­la a ac­ti­vi­da­de da ge­ne­ra­li­da­de dos tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos, e por fim, pre­ver uma adap­ta­ção às mo­di­fi­ca­ções in­tro­du­zi­das no sis­te­ma ci­en­tí­fi­co e tec­no­ló­gi­co na­ci­o­nal pe­la im­ple­men­ta­ção do Tratado de Bolonha. 

História recente

A ABIC nas­ceu a 2003, em Lisboa, ra­mi­fi­can­do-se por vá­ri­os pó­los uni­ver­si­tá­ri­os do País. No Porto, o nú­cleo for­mou-se há cer­ca de seis me­ses. Coimbra e Braga alis­tam-se no cor­po da Associação de Bolseiros, ao pas­so que Évora e Trás-os-Montes apre­sen­tam-se co­mo re­giões ain­da “pa­ra­das” pa­ra aque­la mo­vi­men­to.
No ter­ri­tó­rio na­ci­o­nal exis­tem en­tre oi­to e dez mil bol­sei­ros, um nú­me­ro in­cons­tan­te, que va­ria con­so­an­te as en­tra­das e saí­das nos pro­jec­tos de in­ves­ti­ga­ção dos bol­sei­ros. No uni­ver­so do Porto exis­tem en­tre 1.500 e dois mil bolseiros.