Reunião do PCP com a ABIC – Nota de Divulgação

 

A pe­di­do do Partido Comunista Português (PCP), a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) reu­niu no pas­sa­do dia 23 com o re­fe­ri­do par­ti­do na sua Sede Central em Lisboa, pa­ra dis­cu­tir os pro­ble­mas re­la­ci­o­na­dos com o tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co e a Ciência em Portugal. A reu­nião de tra­ba­lho con­tou com a pre­sen­ça de uma Delegação do PCP e uma de­le­ga­ção da Direcção da ABIC. Este Encontro in­se­re-se igual­men­te nu­ma ten­ta­ti­va da ABIC de le­var jun­to dos Partidos re­pre­sen­ta­dos na Assembleia da República (AR), as su­as pre­o­cu­pa­ções com o de­sin­ves­ti­men­to na Ciência e o atra­so na aber­tu­ra dos Concursos de Bolsas Individuais de Doutoramento e de Pós-Doutoramento. 

 

A reu­nião te­ve iní­cio com o en­qua­dra­men­to pe­lo PCP, da ac­tu­al si­tu­a­ção po­lí­ti­ca do País, a cres­cen­te de­te­ri­o­ra­ção do es­ta­do da Ciência e da Investigação em Portugal. Da par­te da Delegação do PCP es­ta reu­nião foi en­qua­dra­da no âm­bi­to da cons­tru­ção de uma al­ter­na­ti­va, e que irá ser apre­sen­ta­da a vá­ri­as for­ças po­lí­ti­cas e so­ci­ais, mo­vi­men­tos cí­vi­cos, etc., que ins­cre­vem co­mo ob­jec­ti­vos a de­mis­são do go­ver­no, a re­a­li­za­ção de elei­ções e a re­jei­ção do Pacto de Agressão. De to­das es­sas idei­as, a ABIC re­al­ça o in­te­res­se e o re­co­nhe­ci­men­to do PCP no ”au­men­to da pro­du­ção na­ci­o­nal e o pa­pel re­le­van­te da Investigação e Ciência”.

 

 

Por seu tur­no, os re­pre­sen­tan­tes da ABIC referiram

ac­ti­vi­da­des, rei­vin­di­ca­ções e pro­pos­tas da ABIC, no­me­a­da­men­te o Fotoprotesto que mo­bi­li­zou a ní­vel na­ci­o­nal cen­te­nas de Bolseiros e a pe­ti­ção pú­bli­ca ten­do em vis­ta per­ce­ber em que me­di­da po­de­rá o PCP fa­zer va­ler os in­te­res­ses dos bol­sei­ros e da Ciência em Portugal na AR ou nou­tras ins­ti­tui­ções. Neste se­gui­men­to, fo­ram referidas:

1) as con­di­ções dos tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos no país, on­de se des­ta­ca a pre­ca­ri­za­ção, a in­ci­pi­en­te pro­tec­ção so­ci­al, as su­ces­si­vas al­te­ra­ções ju­rí­di­cas à le­gis­la­ção que re­ge a ac­ti­vi­da­de pro­fis­si­o­nal e to­da a an­si­e­da­de cau­sa­da por es­sas mes­mas condições;

2) as su­ces­si­vas al­te­ra­ções ata­ba­lho­a­das, re­cu­os e o vai­vém le­gis­la­ti­vo re­fe­ren­te às al­te­ra­ções no EBI e no re­gu­la­men­to da FCT e os atra­sos no con­cur­so de bol­sas, cri­an­do in­cer­te­zas aos Bolseiros, às ins­ti­tui­ções de Ensino Superior e ao fun­ci­o­na­men­to re­gu­lar dos Centro de Investigação;

3) as al­te­ra­ções ao EBI e ao re­gu­la­men­to da FCT vi­e­ram agra­var a si­tu­a­ção já pre­cá­ria dos Bolseiros, com cor­tes nos sub­sí­di­os de des­lo­ca­ção e ou­tros apoi­os ao tra­ba­lho de in­ves­ti­ga­ção e in­tro­du­zir no­vas am­bi­gui­da­des na sua in­ter­pre­ta­ção ju­rí­di­ca (cla­ra nos de­ve­res dos Bolseiros, mas am­bí­gua re­la­ti­va­men­te aos seus direitos);

4) a ne­ces­si­da­de de va­lo­ri­za­ção e dig­ni­fi­ca­ção do tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co e de in­ves­ti­ga­ção em Portugal, de mo­do que os seus re­cur­sos hu­ma­nos mais qua­li­fi­ca­dos pos­sam con­tri­buir de for­ma re­co­nhe­ci­da pa­ra os ín­di­ces de pro­du­ti­vi­da­de das Universidades e Centros de Investigação, na­ci­o­nal e internacionalmente;

5 )a “cap­tu­ra” das re­cei­tas pró­pri­as por par­te do Governo, o que se re­flec­te na re­du­ção das ver­bas dis­po­ní­veis nas ins­ti­tui­ções pa­ra gas­tar em ac­ti­vi­da­des co­moIn­ves­ti­ga­ção. Foi tam­bém re­fe­ri­do um por­me­nor im­por­tan­te que é o da re­no­va­ção do Pessoal do Quadro das Universidades e to­da a bol­sa de pes­so­as que cir­cun­da as Universidades mas que não per­ten­ce efec­ti­va­men­te à carreira.

 

A ABIC propôs as­sim, que no seio da ac­ti­vi­da­de na AR, se cha­mas­se à Comissão Parlamentar o pre­si­den­te da FCT pa­ra que pos­sa ser es­cla­re­ci­do a si­tu­a­ção ir­re­gu­lar no con­cur­so na­ci­o­nal de bol­sas: o porquê da de­mo­ra, quais se­rão os cor­tes e os mol­des con­cre­tos do con­cur­so. Em res­pos­ta, o PCP des­ta­cou a épo­ca de pré-fé­ri­as nos tra­ba­lhos par­la­men­ta­res o que po­de­rá cau­sar al­guns atra­sos nes­te nos­so pe­di­do, mas que irá reu­nir es­for­ços nes­se sen­ti­do. No en­tan­to, na opi­nião da de­le­ga­ção do PCP pre­sen­te, o atra­so na aber­tu­ra do con­cur­so de bol­sas não se­rá por­ven­tu­ra “ino­cen­te”, e que a au­sên­cia de es­tra­té­gia é em si mes­mo uma es­tra­té­gia, já que ser­ve um con­jun­to de in­te­res­ses par­ti­cu­la­res. O PCP re­for­çou ain­da que em vá­ri­as oca­siões propôs as al­te­ra­ções do EBI, in­do ao en­con­tro das rei­vin­di­ca­ções e pro­pos­tas da ABIC, afir­man­do o apoio às nos­sas iniciativas.

 

Um fac­to re­le­van­te foi re­fe­ri­do no de­cor­rer da reu­nião: o Estado Português pa­ga em ju­ros em dez di­as o equi­va­len­te àqui­lo que pa­ga aos bol­sei­ros em 1 ano.

 

 

A ABIC fa­rá to­dos os es­for­ços pa­ra que no se­gui­men­to des­ta reu­nião, ou­tros Grupos Parlamentares e par­ti­dos re­pre­sen­ta­dos na AR pos­sam igual­men­te de­sen­vol­ver es­te es­for­ço ins­ti­tu­ci­o­nal, no sen­ti­do de re­for­çar nes­te pla­no a lu­ta pe­la de­fe­sa dos di­rei­tos dos bol­sei­ros e in­ves­ti­ga­do­res portugueses.