Regime fundacional

Sobre o re­gi­me fundacional

A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) vê com pre­o­cu­pa­ção a pas­sa­gem de vá­ri­as uni­ver­si­da­des a fun­da­ções. No que aos bol­sei­ros e aos in­ves­ti­ga­do­res diz res­pei­to, o fac­to de o di­rei­to pri­va­do pas­sar a re­ger a re­la­ção en­tre es­tes e a ins­ti­tui­ção au­gu­ra uma pre­ca­ri­za­ção ain­da mai­or des­tes trabalhadores.

Se, já nas uni­ver­si­da­des, o re­cur­so ao es­ta­tu­to do bol­sei­ro cons­ti­tui uma prá­ti­ca abu­si­va na con­tra­ta­ção de re­cur­sos hu­ma­nos, nas fun­da­ções, com a des­re­gu­la­men­ta­ção das re­la­ções la­bo­rais, a uti­li­za­ção de bol­sas po­de ge­ne­ra­li­zar-se e es­ten­der-se a ou­tro ti­po de trabalhadores.

Se olhar­mos pa­ra o di­plo­ma do em­pre­go ci­en­tí­fi­co pu­bli­ca­do no pas­sa­do dia 29 de agos­to em Diário da República, o ar­ti­go 18º, que fa­la do Regime de con­tra­ta­ção por ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or pú­bli­cas de re­gi­me fun­da­ci­o­nal, es­ti­pu­la con­tra­tos a ter­mo in­cer­to pa­ra o exer­cí­cio de ati­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca, de de­sen­vol­vi­men­to tec­no­ló­gi­co e de co­mu­ni­ca­ção de ci­ên­cia e de tec­no­lo­gia. Este vín­cu­lo é mais pre­cá­rio e ins­tá­vel do que o Contrato de tra­ba­lho em fun­ções pú­bli­cas a ter­mo re­so­lu­ti­vo cer­to, pre­vis­to pa­ra os mes­mos tra­ba­lha­do­res em ins­ti­tui­ções pú­bli­cas (art. 6º, pon­to 1a do mes­mo di­plo­ma). Há, pois, cla­ra­men­te uma di­fe­ren­ça na con­tra­ta­ção dos tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos, sen­do os das fun­da­ções prejudicados.

Para além dis­so, a ABIC te­me que a pri­va­ti­za­ção ine­ren­te ao re­gi­me fun­da­ci­o­nal se­ja uma via pa­ra a mer­can­ti­li­za­ção da ci­ên­cia e que es­ta pas­se a es­tar con­di­ci­o­na­da ape­nas pe­lo que é lu­cra­ti­vo e ren­tá­vel, ne­gan­do es­pa­ço a al­gu­mas áre­as ci­en­tí­fi­cas e afas­tan­do investigadores.

A ABIC so­li­da­ri­za-se com a lu­ta da co­mu­ni­da­de ci­en­tí­fi­ca e es­tá ao la­do dos bol­sei­ros e in­ves­ti­ga­do­res que que­rem sal­va­guar­dar os seus di­rei­tos e um sis­te­ma de ci­ên­cia e in­ves­ti­ga­ção de qualidade.