Presidente da FCT admite aumento de valores de bolsas

Presidente da FCT ad­mi­te au­men­to de va­lo­res de bolsas

 In Lusa, 13 de Novembro 2006

    O pre­si­den­te da Fundação pa­ra a Ciência e Tecnologia (FCT) ad­mi­tiu ho­je em Braga um even­tu­al au­men­to dos va­lo­res das bol­sas pa­ra os in­ves­ti­ga­do­res por­tu­gue­ses, mas avi­sou que is­so po­de tra­zer uma di­mi­nui­ção do nú­me­ro de apoios.

    Segundo João Sentieiro, a FCT aguar­da a con­clu­são, pre­vis­ta pa­ra Março de 2007, de um es­tu­do com­pa­ra­ti­vo da si­tu­a­ção dos bol­sei­ros, em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos, “ten­do em vis­ta, no­me­a­da­men­te um even­tu­al au­men­to do va­lor das bolsas”.

    O ges­tor avi­sou, no en­tan­to, que um even­tu­al au­men­to re­mu­ne­ra­tó­rio dos in­ves­ti­ga­do­res por­tu­gue­ses po­de acar­re­tar uma di­mi­nui­ção do nú­me­ro de bol­sas, por­que – fri­sou – “os re­cur­sos do Estado são finitos”.

    O no­vo Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica, a con­cluir no co­me­ço de 2007, con­te­rá al­gu­mas das prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções da as­so­ci­a­ção do sec­tor, se­gun­do João Sentieiro, que dis­se ape­nas que as al­te­ra­ções se­rão con­cre­ti­za­das após a au­di­ção das vá­ri­as en­ti­da­des envolvidas.

    “O Orçamento pa­ra a in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca au­men­ta 60 por cen­to em 2007 pe­lo que o apoio aos bol­sei­ros de­ve­rá au­men­tar”, su­bli­nhou o pre­si­den­te da Federação no fi­nal da ses­são de aber­tu­ra da Conferência Nacional so­bre Emprego Científico que de­cor­re na Universidade do Minho.

    A ini­ci­a­ti­va é da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica e con­ta com a par­ti­ci­pa­ção de cem investigadores.

    Na sua in­ter­ven­ção aos con­fe­ren­cis­tas, João Sentieiro dis­se que a FCT a ca­ba de cri­ar um “pai­nel con­sul­ti­vo” que irá se­guir a apli­ca­ção do Estatuto do Bolseiro, nos ter­mos pre­vis­tos na lei.

    Salientou que as ver­bas ins­cri­tas no Orçamento de Estado pa­ra o in­cre­men­to da in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca têm cres­ci­do de for­ma ím­par na Europa, sen­do o au­men­to pro­gra­ma­do pa­ra 2007 de 60 por cento.

    Referiu que o nú­me­ro de bol­sas cres­ceu 60 por cen­to pa­ra dou­to­ra­men­tos e 40 pa­ra pós-doutoramentos.

    Lembrou o con­cur­so lan­ça­do pe­lo Governo pa­ra a cri­a­ção, até 2009, de mil con­tra­tos de tra­ba­lho pa­ra in­ves­ti­ga­do­res em ins­ti­tui­ções e apon­tou as van­ta­gens dos acor­dos ci­en­tí­fi­cos con­cluí­dos re­cen­te­men­te com du­as uni­ver­si­da­des nor­te- ame­ri­ca­nas, su­bli­nhan­do que “a ade­são de em­pre­sas per­mi­te a cri­a­ção de 30 em­pre­gos pa­ra cientistas”.

    Questionado so­bre as de­cla­ra­ções de João Sentieiro, o pre­si­den­te da Associação de Bolseiros, João Ferreira la­men­tou a sua “fal­ta de no­vi­da­des”, fri­san­do que “a pro­mes­sa de re­vi­são do Estatuto já da­ta de Março, e já de­via es­tar feita”.

    Referiu que o pai­nel con­sul­ti­vo es­ta­va pre­vis­to na lei des­de Julho de 2004, la­men­tou a au­sên­cia de uma po­lí­ti­ca de em­pre­go ci­en­tí­fi­co, e con­si­de­rou “con­tra­di­tó­ria” com as pro­mes­sas go­ver­na­men­tais, a ame­a­ça de uma even­tu­al re­du­ção do nú­me­ro de bol­sas se hou­ver au­men­to do seu va­lor, em 2007.

    “O Estado con­ti­nua a apos­tar na for­ma­ção de ci­en­tis­tas, mas de­pois na­da faz pa­ra lhes fa­ci­li­tar o em­pre­go, dan­do-se mes­mo ao lu­xo de ter 330 va­gas por pre­en­cher em la­bo­ra­tó­ri­os es­ta­tais”, sustentou.

    Disse que as bol­sas atri­buí­das pe­lo Estado de­vem abran­ger ape­nas a for­ma­ção – mes­tra­dos ou dou­to­ra­men­tos – não po­den­do ser­vir pa­ra fo­men­tar o em­pre­go pre­cá­rio no sector.

    Defendeu que os bol­sei­ros não po­dem con­ti­nu­ar a tra­ba­lhar sem di­rei­to a se­gu­ran­ça so­ci­al e sub­sí­dio de de­sem­pre­go, e ape­lou ao cum­pri­men­to das re­gras pa­ra o sec­tor de­fi­ni­das pe­la Comissão Europeia.