Falta dinheiro para apoiar jovens cientistas
In Jornal de Notícias, 1 de Julho 2005
Manifesto Bolseiros exigem do Governo medidas para o desenvolvimento da investigação em Portugal
O “desaproveitamento e subaproveitamento do jovem investigador constitui não só um atentado à sua dignidade e um motivo de frustração e desalento, como também um desperdício do investimento em recursos humanos”, alertou ontem, em Lisboa, a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) durante a apresentação pública do manifesto “Por uma efectiva política nacional de emprego científico: uma necessidade inadiável”.
O manifesto, aprovado em Novembro do ano passado, e que conta já com mais de três mil subscritores, entre os quais se encontram Sobrinho Simões, João Senteiro, João Caraça e Luís Cardoso, entre outros cientistas de renome, é “um apelo enfático para que medidas sejam tomadas quanto antes” para que se criem condições de emprego para os jovens investigadores.
De acordo com a ABIC, os bolseiros e os jovens investigadores “aguardam com expectativa o anúncio de medidas nesta área pelo Governo”, até porque, como referiram, o emprego científico “encontra-se na confluência de duas grandes bandeiras” eleitorais, “o desemprego e a criação de 150 mil novos postos de trabalho, e o choque tecnológico, a aposta na ciência e tecnologia como eixo fundamental do desenvolvimento económico”.
Por essa razão a ABIC espera que o emprego científico constitua uma prioridade. “Em Portugal persiste um enorme défice em termos de número de investigadores profissionais, e não há um verdadeiro investimento em ciência sem investimento naqueles que nela trabalham”.
Os bolseiros aguardam, agora, ser recebidos pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, para conhecerem detalhes do programa, mas sobretudo a tomada de medidas”.
Entretanto defendem a melhoria do estatuto de bolseiro, o reforço das formas de apoio e incentivo à criação de empresas em ciência e tecnologia, grandes investimentos públicos associados à criação de emprego científico e investimentos na investigação nos laboratórios do Estado e das Universidades e a integração de jovens investigadores nestes espaços.
O manifesto foi subscrito também por bolseiros em diversas fases das suas carreiras, em Portugal e no estrangeiro, outros estudantes e investigadores sem bolsa, professores universitários, sindicalistas e políticos.