Culminou com a entrega pela ABIC dos postais reivindicativos e dos fotoprotestos na Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com o apoio de uma concentração de bolseiros.
A delegação da ABIC composta pelo presidente e por membros da direcção e dos núcleos de Coimbra, Aveiro e Covilhã foi recebida pela directora do Departamento de Formação de Recursos Humanos para a Ciência e a Tecnologia da FCT.
Foram entregues 400 postais reivindicativos de entre os recolhidos durante este Mês de Luta.
Estes postais, sem contrariar o direito ao anonimato dos bolseiros participantes, tornam os exemplos individuais de cada bolseiro uma exclamação da realidade que a tutela repetidamente tem recusado aceitar.
Entre outras, a realidade de que não há suficientes alternativas às bolsas e que estas se sucedem por anos e anos; de que por falta de subsídio de desemprego, falta de financiamento, burocracias e atrasos, muitos continuam a trabalhar sem receber a bolsa; de que o regime de Seguro Social Voluntário é completamente desadequado para enquadrar a actividade dos actuais bolseiros; de que as propinas de doutoramento e outros subsídios pagos pela FCT às instituições não são transparentemente utilizados para a investigação em causa; de que cada vez mais são os próprios bolseiros a ter de suportar do seu vencimento parte dos custos da investigação; de que a docência por bolseiros continua a ser uma realidade mal acompanhada e onde proliferam abusos e, particularmente grave, a não regulamentação ou remuneração desta actividade; de que o roubo dos subsídios pesa sobre o futuro, mesmo sobre as actividades básicas, das instituições e de todo o SCTN, mas são sobretudo no imediato uma quebra de rendimentos dos bolseiros.
Foram entregues 13 das fotos que nos chegaram no âmbito do Fotoprotesto.
Realçamos, pela repetição em várias fotos, que muitos bolseiros seguram papéis com números que representam o número de anos com bolsa. Estes números são profundamente reveladores da gravíssima situação destes profissionais que trabalham com bolsa de investigação. Os não raros casos de bolseiros que o são há mais de 10 ou 15 anos, sabendo que o são sem actualização dos valores das bolsas há mais de uma década, sem acesso a uma Segurança Social digna, demonstram a gritante precariedade associada a este regime de bolsas. Por sua vez, uma visão de conjunto sobre estes números, e em particular sobre as várias fotos em que a soma representa mais de um século de trabalho científico realizado por profissionais qualificados mas sem direitos, deitam por terra qualquer argumento de que as bolsas servem só para formação e que são temporárias. Confirmam que as bolsas de investigação são cada vez mais utilizadas como forma de colmatar necessidades permanentes do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) com vínculos precários e mais baratos.
Na concentração de apoio à entrega destes materiais afixou-se um placar com cerca de 2.5 metros quadrados que foi deixado à frente da sede da FCT.
Nesse placar foram afixadas primeiras páginas de artigos científicos realizados por bolseiros demonstrando que não há produção científica sem os trabalhadores científicos, e que na sua maioria são trabalhadores que têm como vínculo uma bolsa de investigação.
Esta iniciativa culminou mais de um mês de continuada acção reivindicativa, e na concentração foi afirmada a determinação dos bolseiros na continuação da luta por respeito e dignificação do seu trabalho, desde logo com uma importante participação na Greve Geral de 27 de Junho.
A luta continua!
Logo no dia 22 a ABIC faz-se representar na Concentração pelo Ensino Superior promovida por FENPROF e SNESUP.
E 27 de Junho é dia de Greve Geral.
A ABIC apela à participação de todos os bolseiros nas 24horas de Greve Geral.
Este é o momento certo para que, com a greve, os bolseiros demonstrem que o seu trabalho faz falta às instituições e ao país.
Este é o momento de exigir os direitos e deveres de sermos considerados trabalhadores.
Este é o momento de nos unirmos na luta por um Futuro digno para o país, a Ciência e os seus trabalhadores.
Estaremos na Greve e nas concentrações marcadas por todo o país para esse dia.