Bolseiros querem mais emprego científico

Bolseiros que­rem mais em­pre­go científico

 In Diário de Notícias, 5 de Junho 2005

    Os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca es­tão pre­o­cu­pa­dos com o fu­tu­ro e que­rem de­ba­ter pu­bli­ca­men­te o pro­ble­ma do em­pre­go ci­en­tí­fi­co em Portugal. É is­so que fa­zem ho­je, na Faculdade de Ciências, a par­tir das 15 ho­ras, com a apre­sen­ta­ção do seu ma­ni­fes­to “Por uma efec­ti­va po­lí­ti­ca na­ci­o­nal de em­pre­go ci­en­tí­fi­co uma ne­ces­si­da­de inadiável”. 

    O do­cu­men­to, que avan­ça al­gu­mas me­di­das con­cre­tas pa­ra ata­car a ques­tão, foi apro­va­do em Novembro pe­la Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) e con­ta já com qua­se qua­tro mil subs­cri­to­res. Alguns de­les, co­mo João Caraça, di­rec­tor Serviço de Ciência da Gulbenkian, João Sentieiro, in­ves­ti­ga­dor e se­cre­tá­rio do Conselho dos Laboratórios Associados ou Luís Alfaro Cardoso, pre­si­den­te do con­se­lho ci­en­tí­fi­co do Instituto de Investigação Científica Tropical, par­ti­ci­pam no de­ba­te de hoje. 

    “A ques­tão do em­pre­go ci­en­tí­fi­co es­tá exac­ta­men­te na con­fluên­cia do que fo­ram du­as das ban­dei­ras do ac­tu­al pri­mei­ro-mi­nis­tro du­ran­te a cam­pa­nha elei­to­ral o pla­no tec­no­ló­gi­co e a cri­a­ção de no­vos em­pre­gos”, no­ta João Ferreira, di­ri­gen­te da ABIC e um dos pro­mo­to­res da ses­são de ho­je. “Por is­so”, su­bli­nha, “pen­sá­mos que era uma boa al­tu­ra pa­ra lan­çar a dis­cus­são, até por­que é ac­tu­al­men­te con­sen­su­al en­tre os po­lí­ti­cos que o de­sen­vol­vi­men­to das so­ci­e­da­des de­pen­de do in­ves­ti­men­to nas áre­as da ci­ên­cia, da tec­no­lo­gia e da ino­va­ção, e por­tan­to de em­pre­go nes­tas áre­as também”. 

    Apesar des­se con­sen­so, “não tem ha­vi­do po­lí­ti­cas de fun­do con­cre­tas pa­ra res­pon­der a es­te pro­ble­ma pre­o­cu­pan­te”, nota. 

    Com qua­se oi­to mil bol­sei­ros das mais va­ri­a­das pro­ve­ni­ên­ci­as e fi­nan­ci­a­dos por di­fe­ren­tes ins­ti­tui­ções, o sis­te­ma ci­en­tí­fi­co por­tu­guês de­pen­de ho­je em gran­de me­di­da des­ta for­ça de tra­ba­lho al­ta­men­te qua­li­fi­ca­da , mas pre­cá­ria por na­tu­re­za. Terminadas as bol­sas, a mai­o­ria des­tes jo­vens não tem pers­pec­ti­vas de in­ser­ção no re­du­zi­do mer­ca­do de tra­ba­lho e mui­tos aca­bam por sair do País. 

    Sobre as me­di­das con­cre­tas avan­ça­das no do­cu­men­to da ABIC pa­ra re­sol­ver a si­tu­a­ção, João Ferreira ga­ran­te “Não in­ven­tá­mos na­da. Todas elas cons­tam de re­la­tó­ri­os fei­tos nos úl­ti­mos anos pe­las co­mis­sões de ava­li­a­ção na­ci­o­nais e in­ter­na­ci­o­nais às ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas portuguesas”.