Bolseiros preenchem lacunas nos quadros

Bolseiros pre­en­chem la­cu­nas nos quadros

 In Jornal de Notícias, 19 de Janeiro 2006

    Protesto Bolseiros de Investigação Científica fa­lam em uti­li­za­ção “abu­si­va” das bol­sas e de­nun­ci­am de­gra­da­ção das con­di­ções de trabalho 

    Em Portugal, atri­bui-se bol­sas de in­ves­ti­ga­ção com a fi­na­li­da­de de pre­en­cher as la­cu­nas nos qua­dros das ins­ti­tui­ções. A acu­sa­ção foi fei­ta, on­tem, pe­los di­ri­gen­tes da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), em três con­fe­rên­ci­as de im­pren­sa re­a­li­za­das em Lisboa, Braga e Faro. Na oca­sião, apro­vei­ta­ram pa­ra apre­sen­tar as se­te me­di­das que con­si­de­ram ur­gen­tes pa­ra va­lo­ri­zar os re­cur­sos hu­ma­nos em ci­ên­cia, tec­no­lo­gia e investigação.

    Os di­ri­gen­tes da ABIC la­men­ta­ram a uti­li­za­ção “abu­si­va” dos bol­sei­ros pa­ra pre­en­cher la­cu­nas das ins­ti­tui­ções. Recordaram que as bol­sas são atri­buí­das quan­do, as­so­ci­a­da à ac­ti­vi­da­de de in­ves­ti­ga­ção, exis­te uma for­ma­ção que con­du­za à ob­ten­ção de um grau aca­dé­mi­co. Assim, de­fen­dem o es­ta­be­le­ci­men­to de con­tra­tos de tra­ba­lho com os bol­sei­ros a fim de sa­tis­fa­zer ne­ces­si­da­des de ca­rác­ter temporário.

    Para os di­ri­gen­tes da ABIC, as con­di­ções de tra­ba­lho dos que tra­ba­lham em ci­ên­cia de­gra­da­ram-se. Alegam que, em Portugal, 4,7 em ca­da mil tra­ba­lha­do­res de­di­cam-se a ac­ti­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to, quan­do na União Europeia a 25 a mé­dia si­tua-se em 10,2 tra­ba­lha­do­res por ca­da mil. E con­si­de­ram que o nos­so dé­fi­ce em pes­so­al li­ga­do à in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to é de 108% (50% em in­ves­ti­ga­do­res e 330% em técnicos).

    Os res­pon­sá­veis pe­la ABIC la­men­tam que o mi­nis­tro do sec­tor ain­da não os te­nha re­ce­bi­do. Afirmam acre­di­tar que Mariano Gago co­nhe­ce a re­a­li­da­de do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co e tec­no­ló­gi­co na­ci­o­nal, fal­tan­do-lhe, ape­nas, “agir so­bre ela, con­cre­ti­zan­do as mu­dan­ças necessárias”.

    Nesse sen­ti­do, avan­ça­ram com uma pro­pos­ta, cons­ti­tuí­da por se­te me­di­das, pa­ra a “ur­gen­te va­lo­ri­za­ção” dos re­cur­sos hu­ma­nos no sec­tor. Entre elas – e pa­ra além da cri­a­ção de no­vos pos­tos de tra­ba­lho e do fim da uti­li­za­ção abu­si­va das bol­sas – pug­nam pe­la ac­tu­a­li­za­ção dos mon­tan­tes das bol­sas, o di­rei­to efec­ti­vo à Segurança Social, a im­ple­men­ta­ção do pai­nel con­sul­ti­vo, a al­te­ra­ção do re­gu­la­men­to e con­tra­to de bol­sa e a al­te­ra­ção do re­gi­me de ex­clu­si­vi­da­de e abo­li­ção das res­tri­ções à iniciativa.

    Num ou­tro do­cu­men­to, a ABIC cri­ti­ca o “ca­rác­ter va­go, in­de­fi­ni­do e por ve­zes con­fu­so” de al­gu­mas par­tes do Plano Tecnológico, ob­ser­van­do que al­gu­mas me­di­das já pre­vis­tas pa­ra o ano cor­ren­te “ca­re­cem de ob­jec­ti­vi­da­de e de­ta­lhe”, no­me­a­da­men­te quan­to à sua im­ple­men­ta­ção no ter­re­no. A ABIC dá co­mo exem­plo a au­sên­cia de ca­len­da­ri­za­ção dos ob­jec­ti­vos a cum­prir e de uma de­fi­ni­ção dos mei­os e re­cur­sos a utilizar.