A ABIC saúda todas as mulheres na investigação, muito particularmente as mulheres que têm marcado presença nas diversas iniciativas de reivindicação e de luta que nos movem. É frequente, nesta e noutras ocasiões, Portugal publicitar o seu grande número de mulheres em ciência. Não nos iludamos, porém, com algumas estatísticas que muito se mostram sem vermos as estatísticas que muito se escondem. As mulheres, seja em ciência ou fora dela, continuam a receber salários inferiores, continuam alvo de discriminações, continuam alvo de assédios, continuam a ver negados direitos fundamentais nos seus locais de trabalho, continuam menos presentes nos cargos dirigentes das instituições, apenas, e tão-somente, porque são mulheres. Como se não bastassem todas estas desigualdades, as mulheres foram, são, e sempre serão, as primeiras vítimas de um Sistema Científico e Tecnológico Nacional assente em precariedade e em bolsas, que nem contratos de trabalho são. Um Sistema Científico e Tecnológico Nacional que, no ainda a decorrer Concurso de Estímulo ao Emprego Científico Individual (3ª edição), se recusa a ter em conta o período de licença de maternidade de uma mulher como período não contabilizado para efeitos de tempo de atividade científica, perante o silêncio de todos, incluindo, ironicamente, a presidente da agência que gere esse mesmo concurso, ela própria uma mulher.