2. Considerando que não será possível (nem desejável) que todos os projetos apresentados à FCT sejam aprovados para financiamento, que critério(s) estabelecem como prioritários para conceder financiamento? A vossa prioridade será financiar investigação orientada para a obtenção produtos/patentes/empresas? Ou estaria a investigação não orientada para a obtenção de produto em pé de igualdade na obtenção de financiamento? Porquê?
CDU: O financiamento deve ser atribuído com base no mérito das propostas e dos candidatos, avaliado por um júri isento de forma eficaz e transparente. Qualquer linha de investigação que potencialmente contribua para o desenvolvimento do País nas suas diversas vertentes deve ser avaliada pelo seu mérito científico, independentemente da previsão de resultar num produto ou patente a curto prazo. Nomeadamente, a CDU valoriza a investigação fundamental livre em qualquer domínio, com o reforço dos meios que lhes são atribuídos.
LIVRE: Consideramos fundamental o investimento em investigação “não orientada para obtenção do produto”. Um investimento adequado em educação e investigação nas ciências básicas é um fator crítico que subjaz ao desenvolvimento socioeconómico, o que torna uma estratégia sustentável de investimento em ciência fundamental incontornável num país que se quer desenvolvido. As grandes inovações são muito raramente possíveis sem a existência de uma base sólida de conhecimento gerado pela investigação básica e sem uma comunidade científica qualificada com um conhecimento dos princípios e métodos essenciais à investigação científica.
BE: O financiamento público de projetos, tal como qualquer processo de avaliação das unidades de I&D, deverá reger-se segundo critérios transparentes, com painéis de avaliação sólidos, participação e autorregulação dos cientistas, considerando todas as áreas científicas e sem prejuízo da investigação fundamental e do compromisso social inerente a uma política científica democrática e sustentável. Recusamos a retórica da «excelência» como pretexto para recuos a visões unidimensionais da prática científica ou para mais cortes, não nos revemos numa visão mercantilista e tecnocrática da ciência.
JPP: O Juntos Pelo Povo acredita numa política interdisciplinar de partilha entre organismos públicos e as empresas, numa maior abertura dos núcleos de investigação para que englobem várias empresas ao mesmo tempo e nos mesmos projetos maximizando recursos e partilhando experiências entre diferentes empresas e universidades, nacionais e internacionais. Acreditamos numa avaliação baseada no mérito e feita de modo independente pelos próprios pares, nacionais e estrangeiros, que não funciona atualmente, não desprezando a investigação fundamental em prol da patente.
PAN: Tanto a investigação fundamental como a teórica deverá ser promovida. Nesse sentido, deverá ser reforçada a proximidade entre as unidades de conhecimento cientifico e o tecido empresarial privado, parceria essa que contribuirá para alavancar parte do progresso que se pretende e obter ganhos para o país. Contudo, de modo igualmente pertinente, deverão ser financiados projectos não orientados para a obtenção de produto. Relembrando o importante adágio académico de que não há uma boa prática sem uma boa teoria, deverão ser financiados os projectos que tenham relevância cientifica bem como relevância social, uma vez que a Ciência não é um bem comodizável.