Em janeiro de 2016, a ABIC fez uma denúncia ao Provedor da Justiça referindo casos de editais de concursos de bolsas que considerávamos serem representativos do uso abusivo do regime de bolsas de investigação para fazer face a necessidades permanentes das instituições.
Apesar da longa espera, o Provedor de Justiça deu razão à queixa da ABIC. De acordo com a resposta que nos chegou na semana passada do Gabinete do Provedor de Justiça, a nossa denúncia deu origem à formulação da Recomendação n.º 2/B/2017 ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a qual se encontra publicada no sítio institucional do Provedor de Justiça em: http://www.provedor-jus.pt/?idc=32&idi=17338, encontrando-se o texto integral da Recomendação disponível em: http://www.provedor-jus.pt/site/public/archive/doc/Rec_2B2017_.pdf
O Provedor de Justiça apela a tutela a rever o Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) no sentido de:
1. Reforçar as sanções pelo incumprimento da proibição de contratação de bolseiros para satisfação de necessidades permanentes dos serviços;
2. Assegurar efetivos meios de controlo, preventivo e sucessivo, da regularidade dos planos de atividades adotados e executados ao abrigo de contratos de bolsa;
3. Definir as consequências jurídicas de uma eventual declaração de invalidade dos contratos celebrados, designadamente acautelando a posição dos bolseiros abusivamente contratados para assegurar necessidades permanentes; e
4. Limitar os poderes próprios das entidades de acolhimento no âmbito da organização e disciplina das atividades desenvolvidas pelos bolseiros de investigação.
O Ministro da Ciência assumiu indiretamente na passada terça-feira, dia 18 de julho, na Comissão de Educação e Ciência (http://www.canal.parlamento.pt/?cid=2203&title=audicao-do-ministro-da-ciencia-tecnologia-e-ensino-superior, [a partir do minuto 13:20]) ter já recebido esta recomendação. Aguardamos que estas advertências sejam tidas em conta pela tutela, designadamente neste momento concreto de regularização de vínculos precários, esperamos que o PREVPAP se aplique também aos bolseiros uma vez que são usados para satisfação de necessidades permanentes dos serviços.
Os bolseiros podem continuar a contar com a luta da ABIC para a denúncia de irregularidades várias e para o combate a este Estatuto do Bolseiro de Investigação que continua a precarizar milhares de trabalhadores da ciência. É necessário dar um passo firme, não para aperfeiçoar o EBI, mas antes para garantir a eliminação destes abusos e a revogação do estatuto que abrange e se aplica aos bolseiros de investigação.