Nota Informativa: Concurso Bolsas Individuais 2015

De um mo­do ge­ral, o con­cur­so de Bolsas FCT de 2015 re­sul­tou em me­nos bol­sas atri­buí­das re­la­ti­va­men­te ao ano de 2014, ten­do-se ve­ri­fi­ca­do uma di­mi­nui­ção do nú­me­ro de bol­sas de Doutoramento (Concurso de bol­sas in­di­vi­du­ais e Programas de Doutoramento) e um au­men­to do nú­me­ro de bol­sas de Pós-Doutoramento (BPD).

Por um la­do, a di­mi­nui­ção do nú­me­ro de BDs re­ve­la cla­ra­men­te o de­sin­ves­ti­men­to no se­tor; por ou­tro la­do, o in­cre­men­to no nú­me­ro de BPD (re­la­ti­va­men­te aos dois úl­ti­mos anos mas abai­xo do nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das em 2011) mos­tra que não es­tão a ser apre­sen­ta­das so­lu­ções aos in­ves­ti­ga­do­res dou­to­ra­dos pa­ra que pos­sam pros­se­guir uma car­rei­ra na Investigação em Portugal. Atualmente, o con­cur­so de Investigador FCT cons­ti­tui-se co­mo a úni­ca al­ter­na­ti­va às BPD pa­ra in­ves­ti­ga­do­res dou­to­ra­dos há mais de 3 anos. Mas o nú­me­ro de con­tra­tos (200) atri­buí­dos por ano em to­das as áre­as de in­ves­ti­ga­ção é cla­ra­men­te in­fe­ri­or às exi­gên­ci­as re­ais do País. A FCT con­ti­nua as­sim a ig­no­rar a ur­gên­cia na re­a­li­za­ção de con­tra­tos de tra­ba­lho que per­mi­tam uma car­rei­ra ci­en­tí­fi­ca em Portugal.

No que se re­fe­re aos cri­té­ri­os de ava­li­a­ção, tem-se ve­ri­fi­ca­do ao lon­go dos anos uma cons­tan­te mu­dan­ça dos mes­mos. Ainda que es­tas su­ces­si­vas mu­dan­ças pos­sam cons­ti­tuir um es­for­ço da FCT, na prá­ti­ca es­tas al­te­ra­ções não têm si­do co­e­ren­tes EVIDENCIANDO A FALTA DE UMA LINHA ORIENTADORA. É ur­gen­te a uni­for­mi­za­ção dos cri­té­ri­os, vis­to que, to­dos os anos, se tem ob­ser­va­do cla­ras di­fe­ren­ças na ava­li­a­ção de pai­nel pa­ra pai­nel. Para uma mai­or trans­pa­rên­cia, os cri­té­ri­os de­ve­ri­am ser dis­po­ni­bi­li­za­dos pu­bli­ca­men­te, aquan­do da pu­bli­ca­ção do avi­so da aber­tu­ra do con­cur­so. Este ano fo­ram apli­ca­dos fa­to­res de pon­de­ra­ção a to­dos aos in­di­ca­do­res de bo­ni­fi­ca­ção no mé­ri­to do can­di­da­to. Deste mo­do, só al­guns can­di­da­tos ob­ti­ve­ram a no­ta má­xi­ma de 5, quer em BD quer em BPD. Note-se que os cri­té­ri­os na atri­bui­ção da pon­de­ra­ção nem sem­pre fo­ram cla­ros. Ainda que se­ja lou­vá­vel a exis­tên­cia de um fa­tor de pon­de­ra­ção, o mes­mo de­ve ser ex­plí­ci­to na for­ma co­mo é cal­cu­la­do e de­ve ter em con­ta os anos após o dou­to­ra­men­to pa­ra que re­cém-dou­to­ra­dos não se­jam desfavorecidos.

Outro as­pe­to bas­tan­te ne­ga­ti­vo des­te con­cur­so foi o fac­to de a FCT ter dis­po­ni­bi­li­za­do da­dos pes­so­ais das can­di­da­tu­ras às Bolsas 2015 de to­dos os can­di­da­tos. Dados co­mo no­mes de fi­lhos, côn­ju­ges, ida­de, mo­ra­da, nú­me­ro de con­tri­buin­te, pre­sen­tes em do­cu­men­tos co­mo a li­cen­ça de maternidade/​paternidade, fi­ca­ram aces­sí­veis a to­dos os can­di­da­tos de ca­da pai­nel. A dis­po­ni­bi­li­za­ção de al­guns da­dos tor­na o pro­ces­so de se­le­ção mais trans­pa­ren­te, no en­tan­to, há li­mi­tes que não de­vem ser ul­tra­pas­sa­dos. Neste pon­to, é ur­gen­te que a FCT res­trin­ja o aces­so a es­ses da­dos pes­so­ais de for­ma glo­bal e não ape­nas com in­ter­ven­ções ca­so a caso.