Portugal tem novas armas para travar “fuga de cérebros”
In Público, 25 de Abril de 2010
Novos institutos e programas estão a mudar a ciência. Os cientistas estão a aproveitar as oportunidades.
Quando alguém está a fazer um doutoramento “lá fora” há uma pergunta que acaba sempre por surgir: “E vai voltar para Portugal?” Independentemente da resposta, os investigadores portugueses têm hoje mais hipóteses de regressar e ficar. Há uma nova realidade favorável a quem quer trabalhar na ciência em Portugal. Há mais institutos, acordos, programas e parcerias. A próxima questão é se, depois de atrair os investigadores, vamos conseguir mantê-los por cá.
Este mês, o ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, gabou-se de governar uma área exemplar do país. Primeiro, num debate com investigadores portugueses radicados nos Estados Unidos defendeu que o país tem evitado de forma “exemplar” a “fuga de cérebros”, ao mesmo tempo que se tornou importador de cientistas. “Portugal é o caso mais exemplar no pós-guerra, talvez o único, de grande desenvolvimento científico sem brain drain [fuga de cérebros], ou com pouquíssimo”, disse Mariano Gago. “O número de pessoas da ciência fora de Portugal é insignificante.” Porém, o ministro não referiu nem os números “insignificantes” nem os “exemplares”. Um dia depois, em Paris, num seminário da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), Gago insistia: Portugal “é visto como o exemplo a seguir”.
Os desafios em aberto
O PÚBLICO pediu ao Ministério da Ciência números que permitissem concluir até que ponto temos evitado a “fuga de cérebros”. Na resposta, entre outros dados, o ministério referia que, desde 1994 até 2008, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) concedeu mais de 4500 bolsas de formação avançada no estrangeiro (incluindo bolsas de doutoramento e pós-doutoramento) e ainda mais de 4000 bolsas de doutoramento mistas, que implicam períodos de formação e de investigação em Portugal e no estrangeiro.