In Diário Digital/Lusa, 19 de Dezembro 2007
Quinze bolseiros de investigação científica concentraram-se hoje na Avenida dos Aliados, no Porto, em defesa de uma alteração estatutária que permita o acesso a emprego científico por parte de jovens investigadores.
«Os bolseiros não são considerados trabalhadores, mas pretendem que as bolsas sejam consideradas co-financiamento de actividade e associadas a postos de trabalho, com todos os direitos e deveres inerentes», disse à agência Lusa João Queiroz, da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).
João Queiroz referiu que a «pequena acção de protesto» de hoje decorreu «simbolicamente» junto à árvore de Natal gigante que está na Avenida dos Aliados, para que os bolseiros pudessem «formular alguns desejos para o novo ano».
«Desde 2002 que as bolsas não são actualizadas«, salientou o membro da ABIC, recordando que a maioria dos bolseiros recebe apenas 745 euros (bolsas de projecto para licenciados) ou 980 euros (bolsas de doutoramento), sem direito a subsídios de férias, Natal, alimentação ou transporte e em regime de dedicação exclusiva.
João Queiroz realçou que a cláusula de dedicação exclusiva impede o bolseiro de ter alguma iniciativa de empreendedorismo e que a bolsa de projecto é inferior à de estágio profissional, que corresponde a dois salários mínimos nacionais, acrescidos de subsídio de alimentação.
A ABIC deseja que prossiga em 2008 o diálogo, reatado em Novembro, com o Ministério da Ciência e Ensino Superior, a quem a associação irá brevemente enviar um caderno reivindicativo.
Segundo João Queiroz, haverá em Portugal entre oito mil e dez mil bolseiros, dos quais 1.500 a dois mil no Porto.