Bolseiros «desesperados» não recebem há meses
O «acto de desespero» de uma bolseira do Porto, a trabalhar há cinco meses sem receber o subsídio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), é o mote para um acampamento de protesto previsto para quarta-feira em Lisboa.
A iniciativa deverá começar pelas 20h e só acaba quinta-feira junto da sede da FCT, disse à Lusa André Levy, da direcção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).
A ABIC apoia o protesto e contactou os bolseiros com o subsídio em atraso, que devem chegar a uma «dezena ou talvez mais», assim como apelou a outros que, mesmo a receber, «queiram exprimir solidariedade».
A acção pretende chamar a atenção para os «novos bolseiros do concurso da FCT de 2008», que não têm obtido qualquer tipo de resposta oficial sobre as razões do atraso e sobre o início do pagamento.
André Levy sublinhou no entanto que «as razões são as que menos importam, o que (os bolseiros) mais necessitam saber é quando começam a receber».
Falta de verbas e atrasos burocráticos são justificações que a ABIC não aceita, referindo que, se houve concurso, teriam de existir valores adjudicados e que passou tempo suficiente para serem resolvidas questões processuais.
Citando ainda a bolseira do Porto, o dirigente da associação referiu que, mesmo sabendo que receberá retroactivos, «isso não lhe dá resposta às necessidades que tem no momento».
A ABIC tomou conhecimento dos casos das bolsas em atraso por contactos directos e por participações no seu fórum.
Levy admitiu existirem outras situações, nomeadamente, de bolseiros no estrangeiro.
André Levy lembrou ainda que no caso dos bolseiros de doutoramento tiveram de avançar «alguns milhares de euros» para pagar propinas.
O mesmo dirigente referiu que a FCT atribui sobretudo bolsas de doutoramento, que quando pagam trabalho exercido em Portugal têm um valor mensal de cerca de 980 euros.