Posição da ABIC ao convite para participação na 2ª Convenção Nacional do Ensino Superior

A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) foi con­vi­da­da pa­ra a 2ª Convenção Nacional do Ensino Superior, a de­cor­rer na Universidade de Aveiro no pró­xi­mo dia 15 de Março de 2019, ten­do de­cli­na­do par­ti­ci­par no re­fe­ri­do even­to nos mol­des em que foi pro­pos­ta a par­ti­ci­pa­ção e que aqui su­cin­ta­men­te da­mos conta. 

A lu­ta pe­lo re­co­nhe­ci­men­to efe­ti­vo do tra­ba­lho de in­ves­ti­ga­ção é um ele­men­to fun­da­men­tal da ação da ABIC, de­fen­den­do que tal re­co­nhe­ci­men­to só se tor­na­rá efe­ti­vo quan­do a in­ves­ti­ga­ção for en­qua­dra­da por con­tra­tos de tra­ba­lho. Face a es­ta po­si­ção, a di­re­ção da ABIC con­si­de­ra que in­te­grar um pai­nel so­bre o te­ma “O pa­pel da aca­de­mia na for­ma­ção dos pro­fis­si­o­nais do fu­tu­ro”, cen­tran­do-se o de­ba­te em ques­tões de en­si­no /​ pe­da­gó­gi­cas, não se en­qua­dra na­qui­lo que é o âm­bi­to de ac­ção da ABIC, in­do até con­tra aqui­lo que de­fen­de o seu Caderno Reivindicativo. De fac­to, in­de­pen­den­te­men­te de es­ta­rem ou não a fre­quen­tar uma for­ma­ção con­du­cen­te a grau aca­dé­mi­co (e.g. bol­sei­ros de dou­to­ra­men­to), o en­qua­dra­men­to ofe­re­ci­do pe­lo Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) não é mais do que um me­ca­nis­mo de ne­ga­ção de di­rei­tos so­ci­ais bá­si­cos a um con­jun­to de trabalhadores.

O EBI per­mi­te às ins­ti­tui­ções do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) exi­gi­rem a re­a­li­za­ção de tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co a um con­jun­to de tra­ba­lha­do­res, sem que tal exi­gên­cia se­ja acom­pa­nha­da das con­di­ções de tra­ba­lho con­dig­nas, in­te­gra­ção ins­ti­tu­ci­o­nal e a fun­da­men­tal pro­te­ção so­ci­al bá­si­ca no tra­ba­lho – por exem­plo, a pro­te­ção no de­sem­pre­go ou a pro­te­ção nas do­en­ças profissionais.

Esta po­si­ção de prin­cí­pio ge­ral na ação da ABIC, abran­gen­do to­das as bol­sas de in­ves­ti­ga­ção, é, na­tu­ral­men­te, re­le­van­te pa­ra os bol­sei­ros de dou­to­ra­men­to em par­ti­cu­lar. Possibilitando o en­ten­di­men­to de que es­tes são me­ros “es­tu­dan­tes”, o EBI ser­ve de ex­pe­di­en­te de blo­queio pa­ra a sua efe­ti­va in­te­gra­ção e re­co­nhe­ci­men­to pro­fis­si­o­nal, ain­da que tal es­ta­tu­to le­gal lhes co­lo­que exi­gên­ci­as que se co­a­du­nam com o exer­cí­cio de ta­re­fas pro­du­ti­vas – mui­tas in­cor­po­ra­das nas pró­pri­as me­di­das de pro­du­ti­vi­da­de das ins­ti­tui­ções e dos seus membros.

Face a es­te ce­ná­rio de sis­te­má­ti­ca des­va­lo­ri­za­ção pro­fis­si­o­nal, a ABIC vol­ta a ape­lar aos di­ri­gen­tes das ins­ti­tui­ções do SCTN e aos res­pon­sá­veis go­ver­na­ti­vos, pa­ra que as ini­ci­a­ti­vas de de­ba­te se­jam sé­ri­as e jus­tas, ver­san­do o tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co e o con­tex­to em que es­te é realizado.