Abaixo-assinado: Pela aplicação da Lei 57/​2017

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Ao Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Doutor Manuel Heitor

A Ciência pos­sui um pa­pel in­dis­so­ciá­vel do avan­ço eco­nó­mi­co e so­ci­al do país, bem co­mo de um de­sen­vol­vi­men­to ino­va­dor e sus­ten­tá­vel. No en­tan­to, no ca­so por­tu­guês, o de­sen­vol­vi­men­to ci­en­tí­fi­co tem es­ta­do ali­cer­ça­do na pre­ca­ri­za­ção dos in­ves­ti­ga­do­res ci­en­tí­fi­cos e ba­se­a­da em Bolsas de Investigação e em con­tra­tos a tem­po cer­to com uma du­ra­ção má­xi­ma de cin­co anos.

No sen­ti­do de su­pe­rar es­te pro­ble­ma es­tru­tu­ral, o Decreto-Lei 57/​2016, al­te­ra­do pe­la Lei 57/​2017, apro­vou um re­gi­me de con­tra­ta­ção de bol­sei­ros dou­to­ra­dos des­ti­na­do a es­ti­mu­lar o em­pre­go ci­en­tí­fi­co e tec­no­ló­gi­co em to­das as áre­as do co­nhe­ci­men­to. No seu Artigo 23.º (Norma tran­si­tó­ria), re­la­ti­vo à con­tra­ta­ção dos bol­sei­ros dou­to­ra­dos que de­sem­pe­nham fun­ções em ins­ti­tui­ções pú­bli­cas há mais de três anos, se­gui­dos ou in­ter­po­la­dos, ou es­te­jam a ser fi­nan­ci­a­dos por fun­dos pú­bli­cos há mais de três anos, igual­men­te se­gui­dos ou in­ter­po­la­dos, a Lei afir­ma a obri­ga­to­ri­e­da­de de as ins­ti­tui­ções pro­ce­de­rem à aber­tu­ra de dois pro­ce­di­men­tos con­cur­sais (até 31 de de­zem­bro de 2017 e até 31 de agos­to de 2018), pa­ra a con­tra­ta­ção de ca­da um dos bol­sei­ros dou­to­ra­dos ele­gí­veis, e à luz das fun­ções es­pe­ci­fi­ca­men­te re­a­li­za­das por ca­da um.

Todavia, to­dos nós te­mos ti­do no­tí­ci­as mui­to pre­o­cu­pan­tes. Não só a apli­ca­ção des­ta Lei tem vin­do a ser bas­tan­te adi­a­da, co­mo há in­clu­si­va­men­te mui­tos si­nais de que, na sua ale­ga­da apli­ca­ção, a Lei po­de vir a ser des­vir­tu­a­da e desrespeitada.

Assim, os ci­da­dãos abai­xo-as­si­na­dos ma­ni­fes­tam ao Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior as se­guin­tes pre­o­cu­pa­ções, bem co­mo a ne­ces­si­da­de de apli­ca­ção de me­di­das cla­ras que pre­vi­nam a sub­ver­são da le­tra e do es­pí­ri­to da Lei 57/​2017:

1) É ne­ces­sá­rio cum­prir a Lei quan­to à obri­ga­to­ri­e­da­de de aber­tu­ra de um con­cur­so que per­mi­ta a con­tra­ta­ção de ca­da um dos bol­sei­ros dou­to­ra­dos ele­gí­veis de acor­do com o Artigo 23.º da Lei 57/​2017, à luz das fun­ções es­pe­ci­fi­ca­men­te re­a­li­za­das por ca­da um.

2) É ne­ces­sá­rio que to­dos os dou­to­ra­dos que eram bol­sei­ros à da­ta de pu­bli­ca­ção do DL57/​2016, mas que, em vir­tu­de do lon­go pro­ces­so da sua apre­ci­a­ção par­la­men­tar, te­nham vis­to as su­as bol­sas, en­tre­tan­to, ca­du­ca­das, não se­jam ago­ra aban­do­na­dos por uma ra­zão que lhes é com­ple­ta­men­te alheia.

3) É im­pe­ri­o­so que a FCT ex­pli­ci­te o seu não fi­nan­ci­a­men­to à con­tra­ta­ção de Professores Associados ou Auxiliares, quan­do os edi­tais des­tes con­cur­sos, ou sub­ver­tem o pon­to 6 do Artigo 23.º (já que em vez de in­ser­ção na car­rei­ra, tra­ta-se, sim, de pro­gres­são na car­rei­ra), ou im­põem cri­té­ri­os que co­lo­cam em ma­ni­fes­ta des­van­ta­gem com­pe­ti­ti­va e che­gam mes­mo a ex­cluir mui­tos bol­sei­ros dou­to­ra­dos ele­gí­veis à luz da Lei 57/​2017.

4) É ur­gen­te que se pu­bli­que a Regulamentação do Artigo 15º (so­bre os ní­veis re­mu­ne­ra­tó­ri­os) pa­ra que nem a FCT, nem as ins­ti­tui­ções se de­sen­ten­dam ou adi­em a apli­ca­ção da Lei; po­rém, a Lei 57/​2017, sen­do ex­pli­ci­ta, não es­tá con­di­ci­o­na­da à exis­tên­cia de uma re­gu­la­men­ta­ção es­pe­cí­fi­ca pa­ra a sua efec­ti­va aplicação.

5) É, as­sim, ne­ces­sá­rio e ur­gen­te que se pre­vi­na, de uma for­ma ex­plí­ci­ta, es­tes pos­sí­veis abu­sos e o des­res­pei­to fun­da­men­tal pe­la Lei 57/​2017 apro­va­da pe­la Assembleia da República. No ca­so de eles acon­te­ce­rem, é ne­ces­sá­rio ha­ver san­ções por par­te da tutela.