In Fábrica de Conteúdos, 23 de Setembro 2007
Em causa a precariedade das condições a que estão sujeitos
Os trabalhadores a recibo verde não têm direito a subsídio de desemprego, de férias ou de Natal e os bolseiros das áreas de investigação científica são dos mais penalizados. Por isso, protestam amanhã com uma volta de bicicleta que vai até Espanha.
A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) e o FERVE (Fartos/as d Estes Recibos Verdes) vão amanhã ligar de bicicleta seis centros de investigação, três em Portugal e três em Espanha. O objectivo é denunciar a «precariedade» dos trabalhadores a recibo verde.
«Há cerca de 900 mil patrões em Portugal. Ou seja, 900 mil pessoas a recibo verde. Isto representa 1/5 da força trabalhadora», afirma ao Sol Cristina Andrade do FERVE.
Os bolseiros vivem ainda situações mais complicadas. «Como não entregam IRS, não podem pedir crédito habitação, por exemplo. Isso adia qualquer projecto de vida», adiantou a responsável.
Por isso, o FERVE e a ABIC organizaram a «Pedalada pela Ciência», que começa amanhã, com o objectivo de sensibilizar a opinião pública para os problemas laborais dos investigadores científicos.
«O trabalho a recibo verde não dá direito a subsídio de desemprego, de férias ou de Natal e obriga o trabalhador a pagar 150 euros de Segurança Social todos os meses», adverte Cristina Andrade.
São muitos os investigadores e professores que trabalham em universidades a recibos verdes, denuncia o movimento. «Só queremos que se cumpra a lei. Os recibos verdes são para trabalhadores independentes e não para trabalhadores por conta de outrem», conclui Cristina Andrade.
Os bolseiros de investigação científica vão então cumprir um percurso de bicicleta que terá início na Universidade do Porto, passa em Braga e entra no país vizinho até às universidades de Vigo e Santiago de Compostela. O regresso e fim da viagem será junto ao Politécnico de Viana do Castelo.