Respostas dos partidos e/​ou coligações concorrentes às Eleições Legislativas de 2019 às onze perguntas colocadas pela ABIC

A ABIC — Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, a mai­or as­so­ci­a­ção re­pre­sen­ta­ti­va de bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca e de­mais tra­ba­lha­do­res do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) em si­tu­a­ção de tra­ba­lho pre­cá­rio e sem vín­cu­lo la­bo­ral, en­vi­ou um con­jun­to de on­ze ques­tões a to­dos os par­ti­dos e/​ou co­li­ga­ções con­cor­ren­tes às le­gis­la­ti­vas de 2019. 

Passamos a di­vul­gar, por or­dem de che­ga­da, as res­pos­tas que gen­til­men­te nos fo­ram enviadas. 

 

Respostas do BE – Bloco de Esquerda

  1. Segundo que mol­des con­si­de­ram que se de­ve pro­je­tar o fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, qual a per­cen­ta­gem do PIB que pro­põem que se­ja alo­ca­da ao fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, e co­mo pro­põem ze­lar pe­la trans­pa­rên­cia e pe­la ce­le­ri­da­de da atri­bui­ção de verbas?

O Bloco pro­põe, no seu pro­gra­ma, atin­gir­mos 3% do PIB em Ciência até 2023. Essa me­ta é, pa­ra nós, ine­qui­vo­ca­men­te, um es­for­ço de in­ves­ti­men­to pú­bli­co que, só fun­ci­o­na­rá me­lhor se ga­ran­tir­mos tam­bém um no­vo mo­de­lo de fun­ci­o­na­men­to pa­ra a FCT. A trans­pa­rên­cia e a ce­le­ri­da­de de­pen­dem disso.

  1. Que cri­té­ri­os es­ta­be­le­cem co­mo pri­o­ri­tá­ri­os pa­ra con­ce­der fi­nan­ci­a­men­to a pro­je­tos de I&D sub­me­ti­dos à FCT, ou ou­tras agên­ci­as ou or­ga­nis­mos es­ta­tais? Consideram a exis­tên­cia de al­gu­ma for­ma fi­nan­ci­a­men­to não ori­en­ta­da por pro­je­to? Porquê?

Uma das pro­pos­tas do Bloco de Esquerda as­sen­ta no se­guin­te prin­cí­pio: “con­tra­ta­ção de in­ves­ti­ga­do­res e in­ves­ti­ga­do­ras ao abri­go do Estatuto da Carreira de Investigação Científica atra­vés de um rá­cio mí­ni­mo de pes­so­al na car­rei­ra pa­ra ace­der a fi­nan­ci­a­men­to es­ta­tal e/​ou comunitário.”

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre as re­cen­tes al­te­ra­ções ao Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI)?

São fa­vo­rá­veis à re­vo­ga­ção des­te ins­tru­men­to que sem­pre per­mi­tiu, e sem­pre per­mi­ti­rá, o re­cur­so à uti­li­za­ção de tra­ba­lho al­ta­men­te qua­li­fi­ca­do sob a for­ma de sub­sí­di­os de ma­nu­ten­ção (bol­sas) e não de con­tra­tos laborais?

As re­cen­tes al­te­ra­ções ao EBI são mais uma de­mons­tra­ção de co­mo o Governo não só não tem co­ra­gem pa­ra mu­dar ra­di­cal­men­te o pa­ra­dig­ma exis­ten­te na Ciência co­mo é um dos prin­ci­pais res­pon­sá­veis pe­la pre­ca­ri­e­da­de exis­tir co­mo regra.

No nos­so pro­gra­ma, uma das me­di­das é jus­ta­men­te a re­vo­ga­ção do EBI.

  1. Tendo em con­ta a atu­al ine­xis­tên­cia de uma pro­te­ção so­ci­al pa­ra os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, equi­va­len­te à au­fe­ri­da pe­los tra­ba­lha­do­res com con­tra­to de tra­ba­lho, apre­sen­tam al­gu­ma pro­pos­ta de me­lho­ra­men­to des­ta si­tu­a­ção? Em que consiste?

Ao lon­go dos anos, te­mos vin­do a de­fen­der me­lho­ri­as nas con­di­ções de vi­da ime­di­a­tas de to­dos os bol­sei­ros. Porém, in­de­pen­den­te­men­te de ter­mos de­fen­di­do o fim dos cor­tes nos apoi­os a idas a con­gres­sos, na im­pres­são da te­se (etc.), o pro­ble­ma de fun­do man­tém-se e é es­se que que­re­mos re­sol­ver: tor­nar as bol­sas contratos.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te ao prin­cí­pio de­fen­di­do pe­lo atu­al Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que enun­cia que, en­quan­to um in­ves­ti­ga­dor se en­con­trar em for­ma­ção, não de­ve­rá ter um con­tra­to de tra­ba­lho? Como dis­tin­guem o con­cei­to de for­ma­ção de um in­ves­ti­ga­dor do con­cei­to de for­ma­ção de qual­quer ou­tro profissional?

Criticámos a po­si­ção do Ministro Manuel Heitor, não por ela es­tar er­ra­da na te­o­ria, mas por­que já co­nhe­ce­mos a prá­ti­ca des­te Governo e de ou­tros Governos nes­ta ma­té­ria. Não fa­ze­mos uma dis­tin­ção co­mo o Ministro faz.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a ne­ces­si­da­de, ou não, de re­vi­são do Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU), do Estatuto Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP), do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), da rein­tro­du­ção de ca­te­go­ri­as pa­ra não dou­to­ra­dos nes­tas car­rei­ras, e da cri­a­ção de uma car­rei­ra pró­pria de ges­tão de ci­ên­cia e tec­no­lo­gia ou da ex­pli­ci­ta­ção da in­te­gra­ção do pes­so­al com es­sas fun­ções no ECIC?

Há uma ne­ces­si­da­de de re­vi­são do ECDU e ECDESP no sen­ti­do de ga­ran­tir uma cla­ri­fi­ca­ção da fi­gu­ra de “do­cen­te con­vi­da­do” e acha­mos que o pro­ble­ma dos BGCT po­de ser re­sol­vi­do den­tro do ECIC.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a re­al atu­a­li­za­ção dos va­lo­res re­mu­ne­ra­tó­ri­os das bol­sas, ou­tro­ra equi­pa­ra­dos aos das car­rei­ras do­cen­tes e de in­ves­ti­ga­ção — por exem­plo, uma bol­sa de dou­to­ra­men­to era equi­pa­ra­da ao sa­lá­rio de as­sis­ten­te — e con­ge­la­dos en­tre 2002 e 2018, e, con­se­quen­te­men­te, dos va­lo­res dos con­tra­tos a ter­mo re­so­lu­ti­vo cer­to ou a ter­mo in­cer­to de in­ves­ti­ga­do­res doutorados?

Apresentámos, em to­dos os Orçamentos do Estado, me­di­das pa­ra au­men­tar o va­lor das bol­sas. Algumas pro­pos­tas fo­ram apro­va­das e is­so sig­ni­fi­cou um pe­que­no pas­so. Não é nos­so ob­je­ti­vo prin­ci­pal que­rer es­sa equi­pa­ra­ção de va­lo­res en­tre as bol­sas e a car­rei­ras por­que nós que­re­mos aca­bar com as bolsas.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a exi­gên­cia de ex­clu­si­vi­da­de aos be­ne­fi­ciá­ri­os de bol­sas ao abri­go do EBI quan­do al­gu­mas bol­sas são até in­fe­ri­o­res ao sa­lá­rio mí­ni­mo nacional?

Fomos e so­mos con­tra es­sa ex­clu­si­vi­da­de. Manifestamo-nos dis­cor­dan­tes quan­do a FCT, por exem­plo, de­ci­diu co­mu­ni­car a vá­ri­os bol­sei­ros que te­ri­am, in­clu­si­ve, de aban­do­nar ati­vi­da­des não la­bo­rais co­mo par­ti­ci­par em as­so­ci­a­ções ou co­le­ti­vos. O di­rei­to cons­ti­tu­ci­o­nal de­ve prevalecer. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a to­tal ex­clu­são da pos­si­bi­li­da­de de se­rem elei­tos pa­ra vá­ri­os ór­gãos de di­ver­sas ins­ti­tui­ções do SCTN, in­cluin­do as de Ensino Superior, ou im­pos­si­bi­li­da­de de cons­ti­tuí­rem mai­o­ria nes­ses ór­gãos, os in­ves­ti­ga­do­res, do­cen­tes, ou ou­tros, que por não es­ta­rem in­te­gra­dos nas car­rei­ras, em­bo­ra tra­ba­lhem nes­sas ins­ti­tui­ções, fi­cam as­sim pri­va­dos do di­rei­to fun­da­men­tal de ele­ge­rem e se­rem eleitos?

Um dos pro­ble­mas da ine­xis­tên­cia de con­tra­to é jus­ta­men­te a im­pos­si­bi­li­da­de de par­ti­ci­pa­ção na vi­da de­mo­crá­ti­ca. Não só que­re­mos ga­ran­tir is­so co­mo, pa­ra­le­la­men­te, ne­ces­si­ta­mos de re­ver a fun­do o RJIES.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te aos prin­cí­pi­os con­ti­dos no Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores e na Carta Europeia do Investigador e o que pro­põem pa­ra que se­jam cum­pri­dos pe­las ins­ti­tui­ções Portuguesas?

Temos vin­do a de­fen­der que a Carta Europeia do Investigador con­tém um con­jun­to de prin­cí­pi­os que de­vem ser de­fen­di­dos e im­ple­men­ta­dos em Portugal e que, tan­to a FCT co­mo as IES, de­vi­am es­tar vin­cu­la­das a ele. Já le­van­tá­mos, na Assembleia da República co­mo no Parlamento Europeu, es­te problema. 

  1. Que me­di­das pro­põem apre­sen­tar na Assembleia da República, ou a le­var a ca­bo en­quan­to mem­bros do Governo, re­la­ti­va­men­te às 10 ques­tões anteriores?

O Bloco propõe:

Financiamento plu­ri­a­nu­al con­tra­tu­a­li­za­do com as ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or, com a con­tra­par­ti­da de um me­ca­nis­mo ava­li­a­ti­vo so­bre im­ple­men­ta­ção de po­lí­ti­cas na me­lho­ria da ação so­ci­al es­co­lar e do com­ba­te à pre­ca­ri­e­da­de. Pretende-se re­cu­pe­rar os va­lo­res de in­ves­ti­men­to pú­bli­co an­te­ri­o­res à in­ter­ven­ção da troi­ka e con­ver­gir com o va­lor em per­cen­ta­gem de des­pe­sa pú­bli­ca cor­res­pon­den­te à mé­dia da União Europeia (1,9% ou 2,3) – 150 mi­lhões de eu­ros por ano, até atin­gir os 600 milhões/​ano;

Redução fa­se­a­da do va­lor da pro­pi­na má­xi­ma en­tre 2019/​2020 e 2022/​2023. Redução em ca­da ano do va­lor da pro­pi­na má­xi­ma de li­cen­ci­a­tu­ra ou mes­tra­do in­te­gra­do em 214 eu­ros, atin­gin­do-se a gra­tui­ti­da­de da frequên­cia do en­si­no su­pe­ri­or pú­bli­co em 2023;

Alargamento da re­de de re­si­dên­ci­as uni­ver­si­tá­ri­as e re­vi­são do re­gu­la­men­to de bol­sas com re­for­mu­la­ção da fór­mu­la de cál­cu­lo e de­fi­ni­ção de um ca­len­dá­rio cer­to e re­gu­lar pa­ra a trans­fe­rên­cia das bolsas;

Revisão do RJIES, re­cu­pe­ran­do o prin­cí­pio da par­ti­ci­pa­ção pa­ri­tá­ria en­tre cor­pos e de gé­ne­ro nos ór­gãos de ges­tão e o prin­cí­pio da elei­ção do ou da reitora/​presidente por um co­lé­gio elei­to­ral alar­ga­do e representativo;

Revisão dos es­ta­tu­tos das car­rei­ras (ECDU, ECDESP) com de­fi­ni­ção de cri­té­ri­os cla­ros de ava­li­a­ção de desempenho;

Valorização do Ensino Superior Politécnico, apro­fun­dan­do o seu fi­nan­ci­a­men­to e os me­ca­nis­mos de ação so­ci­al, ga­ran­tin­do efe­ti­va­men­te a pos­si­bi­li­da­de des­tas ins­ti­tui­ções mi­nis­tra­rem dou­to­ra­men­tos e re­for­çan­do a sua ca­pa­ci­da­de na área da in­ves­ti­ga­ção científica;

Atingir na le­gis­la­tu­ra 3% do PIB em in­ves­ti­men­to em ci­ên­cia e investigação;

Alteração do mo­de­lo de fun­ci­o­na­men­to da FCT, atra­vés da con­tra­ta­ção de pes­so­al es­pe­ci­a­li­za­do, mais au­to­no­mia na de­ci­são e ação e me­lhor li­ga­ção com o se­tor científico;

Revogação do Estatuto de Bolseiro de Investigação Científica pa­ra to­das as ta­re­fas não for­ma­ti­vas e obri­ga­to­ri­e­da­de de con­tra­ta­ção de in­ves­ti­ga­do­res e in­ves­ti­ga­do­ras ao abri­go do Estatuto da Carreira de Investigação Científica atra­vés de um rá­cio mí­ni­mo de pes­so­al na car­rei­ra pa­ra ace­der a fi­nan­ci­a­men­to es­ta­tal e/​ou comunitário.

 

Respostas do PCP – Partido Comunista Português

  1. Segundo que mol­des con­si­de­ram que se de­ve pro­je­tar o fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, qual a per­cen­ta­gem do PIB que pro­põem que se­ja alo­ca­da ao fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, e co­mo pro­põem ze­lar pe­la trans­pa­rên­cia e pe­la ce­le­ri­da­de da atri­bui­ção de verbas?

O fi­nan­ci­a­men­to do SCTN tem-se pau­ta­do pe­lo es­tran­gu­la­men­to fi­nan­cei­ro cró­ni­co; pe­la ex­ces­si­va cen­tra­li­za­ção na Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia (FCT), cu­jos con­cur­sos (pa­ra fi­nan­ci­a­men­to de pro­jec­tos, uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção e re­cur­sos hu­ma­nos) são ir­re­gu­la­res, im­pre­vi­sí­veis e mar­ca­dos pe­la fal­ta de trans­pa­rên­cia; e pe­la ex­ces­si­va de­pen­dên­cia de fon­tes de fi­nan­ci­a­men­to e ori­en­ta­ções ex­ter­nas (em par­ti­cu­lar da União Europeia. Esta si­tu­a­ção tem pro­mo­vi­do a pre­ca­ri­e­da­de la­bo­ral, a de­gra­da­ção e ob­so­les­cên­cia das con­di­ções ma­te­ri­ais, o en­cer­ra­men­to de uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção e a cres­cen­te vo­la­ti­li­da­de das con­di­ções de trabalho. 

O Decreto-Lei n.o 63/​2019, a cha­ma­da Lei da Ciência, pros­se­gue uma li­nha de su­bor­di­na­ção da pro­du­ção ci­en­tí­fi­ca e tec­no­ló­gi­ca à ló­gi­ca de “mer­ca­do” — pros­se­gui­da já pe­lo an­te­ri­or Governo PSD/​CDS — va­lo­ri­zan­do a in­ter­ven­ção pri­va­da e le­gi­ti­man­do a pri­va­ti­za­ção de ser­vi­ços pú­bli­cos, de­sig­na­da­men­te ao ní­vel do re­gi­me fun­da­ci­o­nal e das ins­ti­tui­ções pri­va­das sem fins lu­cra­ti­vos, as­sim co­mo uma cla­ra apos­ta mo­de­los do ti­po par­ce­ria pú­bli­co-pri­va­da (PPP) pa­ra a Ciência. Para o PCP, ci­ên­cia é um bem pú­bli­co e de­ve ser es­ti­mu­la­da atra­vés de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co, não li­mi­tan­do li­nhas de in­ves­ti­ga­ção, mas an­tes abrin­do pers­pe­ti­vas de de­sen­vol­vi­men­to eco­nó­mi­co e so­ci­al, as­se­gu­ran­do si­mul­ta­ne­a­men­te o cum­pri­men­to in­te­gral dos di­rei­tos dos tra­ba­lha­do­res e o com­ba­te à precariedade. 

Exige-se as­sim a de­fi­ni­ção de uma po­lí­ti­ca na­ci­o­nal de C&T que aten­da às ne­ces­si­da­des e es­pe­ci­fi­ci­da­des na­ci­o­nais, con­sa­gran­do a in­ter­ven­ção da Assembleia da República na ela­bo­ra­ção das po­lí­ti­cas de C&T e no acom­pa­nha­men­to da sua exe­cu­ção. Exige-se tam­bém que o fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co ad­qui­ra uma com­po­nen­te na­ci­o­nal es­tá­vel e subs­tan­ci­al, in­de­pen­den­te das ver­bas pro­ve­ni­en­tes dos Programas-Quadro de Investigação da UE. Diga-se aliás que Portugal tem si­do con­tri­buin­te lí­qui­do pa­ra es­tes pro­gra­mas, con­di­ção que não pa­re­ce pro­vá­vel que ve­nha a ser sig­ni­fi­ca­ti­va­men­te al­te­ra­da no pró­xi­mo Horizonte Europa (2021 – 2027) que pre­vê uma re­du­ção da frac­ção dos fun­dos ob­jec­to de ges­tão par­ti­lha­da e au­men­to do fi­nan­ci­a­men­to com­pe­ti­ti­vo, al­go que me­re­ceu a fir­me opo­si­ção dos de­pu­ta­dos do PCP no Parlamento Europeu. 

A trans­pa­rên­cia e ce­le­ri­da­de de atri­bui­ção de ver­bas exi­ge uma re­for­ma de fun­do da Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia (ou mes­mo a sua ex­tin­ção), que se tem dis­tin­gui­do por uma ac­tu­a­ção au­to­crá­ti­ca a que im­por­ta ur­gen­te­men­te pôr fim, re­for­man­do ob­jec­ti­vos e mé­to­dos de tra­ba­lho — in­cluin­do a di­vul­ga­ção pú­bli­ca anu­al dos res­pec­ti­vos re­la­tó­ri­os e con­tas, e a trans­pa­rên­cia dos jú­ris de ava­li­a­ção — e inau­gu­ran­do ou­tras for­mas de atri­bui­ção e ges­tão de fun­dos pa­ra a I&D, no­me­a­da­men­te uma re­al au­to­no­mia ad­mi­nis­tra­ti­va e fi­nan­cei­ra das uni­da­des e ins­ti­tui­ções exe­cu­to­ras de I&D, in­cluin­do a con­tra­ta­ção de pessoal; 

O pro­gra­ma da CDU apon­ta pa­ra um sig­ni­fi­ca­ti­vo re­for­ço do fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co — a du­pli­ca­ção do in­ves­ti­men­to por in­ves­ti­ga­dor ETI no sec­tor pú­bli­co, até o fi­nal da pró­xi­ma le­gis­la­tu­ra — com for­te in­ves­ti­men­to no re­cru­ta­men­to e for­ma­ção de téc­ni­cos, au­xi­li­a­res e in­ves­ti­ga­do­res, as­sim co­mo nas con­di­ções fí­si­cas e ma­te­ri­ais dos cen­tros de in­ves­ti­ga­ção. Um in­ves­ti­men­to pú­bli­co es­tru­tu­ral que ofe­re­ça con­di­ções de es­ta­bi­li­da­de e qua­li­da­de à exe­cu­ção de pro­gra­mas de C&T. Propomos tam­bém a re­du­ção da ta­xa do IVA pa­ra aqui­si­ção de bens e ser­vi­ços no âm­bi­to de pro­jec­tos de investigação. 

No que to­ca ao fi­nan­ci­a­men­to em C&T pe­las em­pre­sas, pro­po­mos a cri­a­ção de um Fundo pa­ra a Inovação Tecnológica Empresarial fi­nan­ci­a­do por em­pre­sas na pro­por­ção de 1% do res­pec­ti­vo VAB aci­ma de 5 mi­lhões de eu­ros de vo­lu­me de ne­gó­ci­os anu­al, com co-ges­tão e co-fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­cos; a cri­a­ção de uma Agência pa­ra o Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias que pro­mo­va e fa­ci­li­te a trans­fe­rên­cia pa­ra o te­ci­do pro­du­ti­vo das des­co­ber­tas e ino­va­ções dos Centros de Investigação; e a cri­a­ção de um Programa Nacional de par­ce­ri­as pa­ra ac­ti­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção apli­ca­da e de ino­va­ção de pro­du­tos e pro­ces­sos a exe­cu­tar por Micro, Pequenas e Médias Empresas, me­di­an­te a ne­go­ci­a­ção de con­tra­tos de pro­jec­to en­tre em­pre­sas e ins­ti­tui­ções pú­bli­cas de I&DE, com me­tas e pra­zos de­fi­ni­dos e com fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co a fun­do perdido. 

  1. Que cri­té­ri­os es­ta­be­le­cem co­mo pri­o­ri­tá­ri­os pa­ra con­ce­der fi­nan­ci­a­men­to a pro­je­tos de I&D sub­me­ti­dos à FCT, ou ou­tras agên­ci­as ou or­ga­nis­mos es­ta­tais? Consideram a exis­tên­cia de al­gu­ma for­ma fi­nan­ci­a­men­to não ori­en­ta­da por pro­je­to? Porquê?

O PCP de­fen­de o au­men­to do fi­nan­ci­a­men­to es­ta­tal das ins­ti­tui­ções do Ensino Superior Público via Orçamento do Estado, pa­ra ní­veis com­pa­tí­veis com a sua mis­são, bem co­mo a al­te­ra­ção da Lei de Financiamento, com ba­se nas pro­pos­tas que tem su­ces­si­va­men­te apre­sen­ta­do na Assembleia da República e que têm si­do su­ces­si­va­men­te re­jei­ta­das por PS, PSD e CDS, mais re­cen­te­men­te a pro­pos­ta pa­ra Financiamento do Ensino Superior Público (Projeto de Lei n.o 811/​XIII). 

O PCP de­fen­de que as Instituições do Ensino Superior de­vem ser do­ta­das de ver­bas no OE que as­se­gu­rem o re­gu­lar fun­ci­o­na­men­to das ins­ti­tui­ções e cen­tros de in­ves­ti­ga­ção pú­bli­co, em ter­mos das su­as ne­ces­si­da­des per­ma­nen­tes de re­cur­sos hu­ma­nos e ma­te­ri­ais, e o de­sen­vol­vi­men­to de uma po­lí­ti­ca pró­pria de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca, sem pre­juí­zo da exis­tên­cia de con­cur­sos de fi­nan­ci­a­men­to pa­ra pro­jec­tos. O fi­nan­ci­a­men­to de pro­jec­tos de­ve­rá ser com­ple­men­tar, sem co­lo­car em cau­sa a es­ta­bi­li­da­de la­bo­ral dos re­cur­sos hu­ma­nos ou a con­ti­nui­da­de ope­ra­ci­o­nal. A po­lí­ti­ca ci­en­tí­fi­ca de­ve as­su­mir co­mo ob­je­ti­vo mai­or o aper­fei­ço­a­men­to e o re­for­ço da ca­pa­ci­da­de ci­en­tí­fi­ca das uni­da­des de I&D exis­ten­tes, de acor­do com os mé­ri­tos com­pro­va­dos e a plu­ra­li­da­de de do­mí­ni­os de co­nhe­ci­men­to no mun­do contemporâneo. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre as re­cen­tes al­te­ra­ções ao Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI)?

As re­cen­tes al­te­ra­ções ao EBI (Decreto-Lei n.o 123/​2019) fo­ram pu­bli­ca­das sem que o Governo as te­nha dis­cu­ti­do e apre­sen­ta­do às ins­ti­tui­ções de Ensino Superior ou às or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­tan­tes de bol­sei­ros, co­mo a ABIC, e num pe­río­do de fi­nal de le­gis­la­tu­ra, quan­do o ple­ná­rio da Assembleia da República ha­via in­ter­rom­pi­do os seus tra­ba­lhos. E mais uma vez, a for­ma apres­sa­da e uni­la­te­ral de pro­ce­der cria dú­vi­das e con­fu­são nas ins­ti­tui­ções na ho­ra de im­ple­men­ta­ção das no­vas normas. 

Embora es­tas al­te­ra­ções res­trin­jam a ti­po­lo­gia e du­ra­ção de bol­sas, ad­mi­tem ain­da a sua exis­tên­cia e pos­sí­vel abu­so por par­te das ins­ti­tui­ções. Sobretudo, es­tas al­te­ra­ções são in­su­fi­ci­en­tes pa­ra re­sol­ver o pro­ble­ma de fun­da da pre­ca­ri­e­da­de dos tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos, na me­di­da em que não dá res­pos­ta à sua ne­ces­sá­ria con­tra­ta­ção. Os me­ca­nis­mos no do­mí­nio do em­pre­go ci­en­tí­fi­co nes­ta le­gis­la­tu­ra fo­ram lar­ga­men­te in­su­fi­ci­en­tes ten­do si­do mar­ca­dos pe­lo boi­co­te pre­co­ni­za­do pe­las ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or de de­mais ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas (i.e., la­bo­ra­tó­ri­os de Estado) e pe­los en­tra­ves e atra­sos im­pos­tos por par­te do Governo pa­ra a in­te­gra­ção efec­ti­va dos tra­ba­lha­do­res nas res­pec­ti­vas carreiras. 

Entendemos que só a re­vo­ga­ção do Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) e a subs­ti­tui­ção de to­das as bol­sas por con­tra­tos, con­jun­ta­men­te com a va­lo­ri­za­ção da in­te­gra­ção nas Carreiras, po­dem re­sol­ver de vez o pro­ble­ma da pre­ca­ri­e­da­de na ci­ên­cia. Neste sen­ti­do o PCP tem le­va­do cons­tan­te­men­te à dis­cus­são na Assembleia da República a pro­pos­ta de re­vo­ga­ção do EBI e a cri­a­ção do Regime ju­rí­di­co da con­tra­ta­ção do pes­so­al de in­ves­ti­ga­ção científica. 

  1. Tendo em con­ta a atu­al ine­xis­tên­cia de uma pro­te­ção so­ci­al pa­ra os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, equi­va­len­te à au­fe­ri­da pe­los tra­ba­lha­do­res com con­tra­to de tra­ba­lho, apre­sen­tam al­gu­ma pro­pos­ta de me­lho­ra­men­to des­ta si­tu­a­ção? Em que consiste?

Embora de­fen­den­do a re­vo­ga­ção do EBI e a con­tra­ta­ção dos ac­tu­ais bol­sei­ros co­mo me­lhor for­ma de me­lho­ra­men­to da con­di­ção la­bo­ral des­tes tra­ba­lha­do­res, o gru­po par­la­men­tar do PCP na Assembleia da República vem há vá­ri­as le­gis­la­tu­ras lu­tan­do pe­la me­lho­ria das con­di­ções dos bol­sei­ros sob o pre­sen­te es­ta­tu­to, in­cluin­do a ac­tu­a­li­za­ção dos mon­tan­tes das bol­sas e que os bol­sei­ros be­ne­fi­ci­em das mes­mas re­ga­li­as em ter­mos de se­gu­ran­ça so­ci­al que os tra­ba­lha­do­res da ins­ti­tui­ção que integram. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te ao prin­cí­pio de­fen­di­do pe­lo atu­al Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que enun­cia que, en­quan­to um in­ves­ti­ga­dor se en­con­trar em for­ma­ção, não de­ve­rá ter um con­tra­to de tra­ba­lho? Como dis­tin­guem o con­cei­to de for­ma­ção de um in­ves­ti­ga­dor do con­cei­to de for­ma­ção de qual­quer ou­tro profissional?

O PCP as­su­me que a es­ma­ga­do­ra mai­o­ria dos ac­tu­ais bol­sei­ros são ob­je­ti­va­men­te tra­ba­lha­do­res por con­ta de ou­trem. Tendo em con­ta que es­tes tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos pro­du­zem efe­ti­va­men­te tra­ba­lho, ima­te­ri­al e ma­te­ri­al, é da mais ele­men­tar jus­ti­ça que lhes se­ja ga­ran­ti­do um con­tra­to, com es­ta­tu­to le­gal de na­tu­re­za ju­rí­di­co-la­bo­ral, in­de­pen­den­te­men­te do es­tá­dio da car­rei­ra em que se en­con­tre, pa­ra que pos­sa usu­fruir dos di­rei­tos que re­sul­tam da exis­tên­cia de um con­tra­to de tra­ba­lho, in­cluin­do o di­rei­to à se­gu­ran­ça social. 

A for­ma­ção é uma com­po­nen­te in­trín­se­ca ao lon­go da car­rei­ra de um tra­ba­lha­dor ci­en­tí­fi­co, co­mo co­mo pa­ra di­ver­sas ou­tras pro­fis­sões. Alguns pe­río­dos te­rão mai­or fo­co na ob­ten­ção de no­vas com­pe­tên­ci­as. Não obs­tan­te, es­ses pe­río­dos de for­ma­ção, na sua mai­o­ria, são efec­tu­a­dos atra­vés da re­a­li­za­ção de tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co. Como tal, sem­pre que se­ja re­a­li­za­do tra­ba­lho, ain­da que no âm­bi­to de for­ma­ção ou ob­ten­ção de um grau, a con­di­ção de tra­ba­lha­dor de­ve ser re­co­nhe­ci­da e im­pli­car um con­tra­to de trabalho. 

Esta po­si­ção en­con­tra-se tra­du­zi­da na pro­pos­ta de Regime ju­rí­di­co da con­tra­ta­ção do pes­so­al de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca em for­ma­ção (Projeto de Lei n.o 131/XIII/1.a) que o PCP apre­sen­tou na Assembleia da República, já em 2014. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a ne­ces­si­da­de, ou não, de re­vi­são do Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU), do Estatuto Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP), do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), da rein­tro­du­ção de ca­te­go­ri­as pa­ra não dou­to­ra­dos nes­tas car­rei­ras, e da cri­a­ção de uma car­rei­ra pró­pria de ges­tão de ci­ên­cia e tec­no­lo­gia ou da ex­pli­ci­ta­ção da in­te­gra­ção do pes­so­al com es­sas fun­ções no ECIC?

A re­vo­ga­ção do EBI de­ve ser acom­pa­nha­da do re­for­ço, va­lo­ri­za­ção e dig­ni­fi­ca­ção das Carreiras su­pra­men­ci­o­na­das, in­cluin­do sua re­vi­são, co­mo por exem­plo rein­tro­du­zin­do as ca­te­go­ri­as de Estagiário e Assistente de Investigação no ECIC, co­mo ca­te­go­ri­as de for­ma­ção de pes­so­al in­ves­ti­ga­dor; e a va­lo­ri­za­ção dos di­ver­sos tra­ba­lha­do­res da Ciência, com a apro­va­ção de car­rei­ras es­pe­cí­fi­cas, in­cluin­do a cri­a­ção de Carreiras Técnicas de Apoio à Investigação, aber­tas a can­di­da­tos que pos­su­am des­de a es­co­la­ri­da­de obri­ga­tó­ria até ao grau de dou­tor; e pa­ra os ac­tu­ais BGCTs. No iní­cio des­te ano, o PCP apre­sen­tou o Projecto de Resolução N.o 1358/​XIII Contratação e in­te­gra­ção dos Bolseiros de Gestão de Ciência e Tecnologia re­co­nhe­cen­do que es­tes bol­sei­ros re­a­li­zam ta­re­fas per­ma­nen­tes e ne­ces­sá­ri­as das uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção e da pró­pria Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia, e pro­pon­do-se um pro­ces­so com vis­ta à cri­a­ção de car­rei­ra es­pe­ci­al pa­ra es­tes trabalhadores. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a re­al atu­a­li­za­ção dos va­lo­res re­mu­ne­ra­tó­ri­os das bol­sas, ou­tro­ra equi­pa­ra­dos aos das car­rei­ras do­cen­tes e de in­ves­ti­ga­ção — por exem­plo, uma bol­sa de dou­to­ra­men­to era equi­pa­ra­da ao sa­lá­rio de as­sis­ten­te — e con­ge­la­dos en­tre 2002 e 2018, e, con­se­quen­te­men­te, dos va­lo­res dos con­tra­tos a ter­mo re­so­lu­ti­vo cer­to ou a ter­mo in­cer­to de in­ves­ti­ga­do­res doutorados?

A con­di­ção de bol­sei­ro li­mi­ta li­mi­ta ob­je­ti­va­men­te mui­tos di­rei­tos que de­vi­am es­tar à par­ti­da as­se­gu­ra­dos a es­tes tra­ba­lha­do­res, en­tre os quais o di­rei­to a um sa­lá­rio jus­to. Por is­so, o PCP de­fen­de e tem pro­pos­to que de­ve ocor­rer a in­te­gra­ção pro­gres­si­va na car­rei­ra de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca de to­dos os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção que sa­tis­fa­çam ne­ces­si­da­des per­ma­nen­tes das ins­ti­tui­ções. Até que es­ta in­te­gra­ção se­ja uma re­a­li­da­de, o PCP con­si­de­ra que é ne­ces­sá­rio dar res­pos­ta aos pro­ble­mas con­cre­tos vi­vi­dos pe­los bol­sei­ros, no­me­a­da­men­te o va­lor das bol­sas e os be­ne­fí­ci­os auferidos. 

Durante 16 anos, es­tes tra­ba­lha­do­res não vi­ram qual­quer au­men­to das su­as bol­sas, ha­ven­do mes­mo bol­sei­ros a ga­nhar abai­xo do sa­lá­rio mí­ni­mo na­ci­o­nal. O au­men­to que ocor­reu por via do Orçamento do Estado de 2018 des­ti­nou-se uni­ca­men­te a bol­sei­ros de dou­to­ra­men­to, abran­gen­do uma mi­no­ria dos bol­sei­ros e ex­cluin­do as bol­sas mais bai­xas, no­me­a­da­men­te as Bolsas de Iniciação Científica (€385) ou as de Técnico de Investigação (€565 e €745). A ac­tu­a­li­za­ção en­tão apro­va­da, com ba­se no ín­di­ce de pre­ços ao con­su­mi­dor, não con­tem­plou qual­quer au­men­to ex­tra­or­di­ná­rio pe­ran­te a per­da do po­der de com­pra sen­ti­da des­de a úl­ti­ma atu­a­li­za­ção de bol­sas: mais de 25%. Assim, o au­men­to afec­tou ape­nas al­guns bol­sei­ros e de for­ma ma­ni­fes­ta­men­te insuficiente. 

Por es­sa ra­zão, PCP tem vin­do a pro­por uma atu­a­li­za­ção anu­al na me­di­da mí­ni­ma dos au­men­tos pre­vis­tos pa­ra to­dos os tra­ba­lha­do­res da Administração Pública, ocor­ren­do ain­da uma atu­a­li­za­ção ex­tra­or­di­ná­ria pa­ra ele­va­ção dos va­lo­res das bol­sas fa­ce ao fac­to de já não exis­tir qual­quer au­men­to des­de 2002. De re­fe­rir ain­da que o PCP se tem ba­ti­do pe­lo des­con­ge­la­men­to das pro­gres­sões re­mu­ne­ra­tó­ri­as na car­rei­ra , in­cluin­do dos pro­fes­so­res do Ensino Superior Pública. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a exi­gên­cia de ex­clu­si­vi­da­de aos be­ne­fi­ciá­ri­os de bol­sas ao abri­go do EBI quan­do al­gu­mas bol­sas são até in­fe­ri­o­res ao sa­lá­rio mí­ni­mo nacional?

A ex­clu­si­vi­da­de dos bol­sei­ros é uma exi­gên­cia in­jus­ta, im­pe­din­do que os bol­sei­ros pos­sam exer­cer ou­tras ac­ti­vi­da­des re­mu­ne­ra­das sem pre­juí­zo da re­a­li­za­ção do seu pla­no de tra­ba­lho, ac­ti­vi­da­des que po­dem ser re­le­van­tes pa­ra o en­ri­que­ci­men­to de co­nhe­ci­men­tos e com­pe­tên­ci­as, de­sen­vol­vi­men­to de pro­jec­tos em­pre­sa­ri­ais e in­te­gra­ção no mun­do do tra­ba­lho. Esta exi­gên­cia é par­ti­cu­lar­men­te gra­ve quan­do al­gu­mas bol­sas são ma­ni­fes­ta­men­te su­fi­ci­en­tes pa­ra o sus­ten­to pes­so­al. Recorde-se que em al­gu­mas car­rei­ras a pos­si­bi­li­da­de de ex­clu­si­vi­da­de vem as­so­ci­a­da a um re­for­ço sa­la­ri­al, sen­do que no ca­so das bol­sas es­sa op­ção não exis­te e os ní­veis sa­la­ri­ais es­ti­ve­ram con­ge­la­dos du­ran­te cer­ca de 16 anos. Mas a ex­clu­si­vi­da­de bem sen­do usa­da mes­mo pa­ra ac­ti­vi­da­des não re­mu­ne­ra­das, co­mo se viu du­ran­te es­ta le­gis­la­tu­ra, no ca­so de bol­sei­ros que no âm­bi­to do seu tra­ba­lho as­so­ci­a­ti­vo par­ti­ci­pa­ram na or­ga­ni­za­ção de con­gres­sos. O PCP ques­ti­o­nou o go­ver­no o abu­so in­ter­pre­ta­ti­vo do re­gi­me de de­di­ca­ção ex­clu­si­va, que des­cre­veu co­mo aten­ta­do ao di­rei­to de li­vre as­so­ci­a­ção do bol­sei­ro e in­va­são da sua vi­da pri­va­da, di­rei­tos con­sa­gra­dos na Constituição. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a to­tal ex­clu­são da pos­si­bi­li­da­de de se­rem elei­tos pa­ra vá­ri­os ór­gãos de di­ver­sas ins­ti­tui­ções do SCTN, in­cluin­do as de Ensino Superior, ou im­pos­si­bi­li­da­de de cons­ti­tuí­rem mai­o­ria nes­ses ór­gãos, os in­ves­ti­ga­do­res, do­cen­tes, ou ou­tros, que por não es­ta­rem in­te­gra­dos nas car­rei­ras, em­bo­ra tra­ba­lhem nes­sas ins­ti­tui­ções, fi­cam as­sim pri­va­dos do di­rei­to fun­da­men­tal de ele­ge­rem e se­rem eleitos?

A não-re­pre­sen­ta­ção de lar­gas ca­ma­das de tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos em si­tu­a­ção pre­cá­ria é bem de­mons­tra­ti­vo do ac­tu­al dé­fi­ce de­mo­crá­ti­co ao ní­vel do Ensino Superior e SCTN co­mo um to­do. Tão pou­co a ne­ces­sá­ria con­tra­ta­ção des­tes tra­ba­lha­do­res da­rá res­pos­ta ade­qua­da a es­te dé­fi­ce, pois es­te as­sen­ta nas mo­de­los de ges­tão im­ple­men­ta­das pe­lo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) — in­cluin­do a trans­for­ma­ção das Universidades em Fundações Públicas de Direito Privado — , no re­cur­so às Instituições Privadas Sem Fins Lucrativos, e Regime Jurídico das Instituições de I&D. 

O PCP tem lu­ta­do pe­la re­vo­ga­ção do RJIES e o Regime Fundacional nas Instituições de Ensino Superior, e por uma ver­da­dei­ra ges­tão de­mo­crá­ti­ca das Instituições de Ensino Superior Público e ga­ran­tir a par­ti­ci­pa­ção e a ges­tão de­mo­crá­ti­ca das ins­ti­tui­ções, de acor­do com a Constituição da República, en­vol­ven­do do­cen­tes, in­ves­ti­ga­do­res, es­tu­dan­tes e fun­ci­o­ná­ri­os. Nesse sen­ti­do, apre­sen­tou na AR, no iní­cio des­te ano, o Projecto de Lei N.º 1145/​XIII Revoga o re­gi­me fun­da­ci­o­nal e es­ta­be­le­ce um mo­de­lo de ges­tão de­mo­crá­ti­ca das ins­ti­tui­ções pú­bli­cas de en­si­no su­pe­ri­or

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te aos prin­cí­pi­os con­ti­dos no Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores e na Carta Europeia do Investigador e o que pro­põem pa­ra que se­jam cum­pri­dos pe­las ins­ti­tui­ções Portuguesas?

O PCP par­ti­lha das re­co­men­da­ções con­ti­das da Carta Europeia dos Investigadores e do Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores. Em pri­mei­ro lu­gar, a exi­gên­cia da sua apli­ca­ção de­ve ser fei­ta jun­to do go­ver­nos e ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or e in­ves­ti­ga­ção em Portugal. A trans­for­ma­ção da Carta e do Código em di­rec­ti­va re­sul­ta­rá, ne­ces­sa­ri­a­men­te, na apli­ca­ção de san­ções da UE aos Estados-mem­bros, me­di­das con­tra as quais o PCP lu­ta di­a­ri­a­men­te em de­fe­sa da so­be­ra­nia do País. De res­to, e ten­do em con­ta a es­pe­ci­fi­ci­da­des da UE, con­si­de­ra­mos que é o fac­to de a Carta e o Código de Conduta não ser vin­cu­la­ti­vos que per­mi­te a sua re­dac­ção, ca­so con­trá­rio, di­fi­cil­men­te es­sa re­dac­ção re­sul­ta­ria num tex­to tão po­si­ti­vo. Assistimos a uma con­tra­di­ção evi­den­te en­tre uma re­co­men­da­ção adop­ta­da por di­ver­sas ins­ti­tui­ções do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e uma prá­ti­ca mui­to dis­tan­te de­la, o que tem de ser de­nun­ci­a­do. Acresce a re­a­li­da­de de sub­ju­ga­ção de uma es­tra­té­gia go­ver­na­ti­va pa­ra o Sistema Científico e Tecnológico Nacional, no do­mí­nio ci­en­tí­fi­co, às di­rec­ti­vas eu­ro­pei­as, quan­do de­ve­ria ser a re­a­li­da­de na­ci­o­nal a di­tar es­sa mes­ma estratégia. 

O PCP tem vin­do a de­fen­der a trans­for­ma­ção de ca­da bol­sa em con­tra­to de tra­ba­lho, in­de­pen­den­te­men­te do grau de for­ma­ção do tra­ba­lha­dor, po­si­ção que con­ti­nu­a­re­mos a de­fen­der ac­ti­va­men­te na lu­ta ao la­do dos tra­ba­lha­do­res de ci­ên­cia. Assumimos o com­pro­mis­so de diá­lo­go com a ABIC, as­so­ci­a­ção cu­jo tra­ba­lho de­sen­vol­vi­do con­si­de­ra­mos fun­da­men­tal na de­fe­sa dos di­rei­tos e in­te­res­ses dos tra­ba­lha­do­res de ci­ên­cia e a qual te­mos aus­cul­ta­do com frequên­cia em ma­té­ria de pre­ca­ri­e­da­de la­bo­ral e de re­a­li­da­de do SCTN. 

  1. Que me­di­das pro­põem apre­sen­tar na Assembleia da República, ou a le­var a ca­bo en­quan­to mem­bros do Governo, re­la­ti­va­men­te às 10 ques­tões anteriores?

O PCP tem já um lon­go tra­ba­lho de pro­pos­tas apre­sen­ta­das na Assembleia da República que vão en­con­tro das me­di­das apon­ta­das no nos­so Programa elei­to­ral, al­gu­mas das quais já in­di­ca­das nas res­pos­tas anteriores. 

Abaixo lis­ta­mos as pro­pos­tas que cons­tam do Programa Eleitoral do PCP que to­cam es­tas matérias: 

  • Inverter o ci­clo de sub­fi­nan­ci­a­men­to do Ensino Superior pú­bli­co, atra­vés de no­va Lei do Financiamento, ga­ran­tin­do às ins­ti­tui­ções de en­si­no e in­ves­ti­ga­ção o or­ça­men­to ne­ces­sá­rio ao de­sen­vol­vi­men­to das su­as ac­ti­vi­da­des e con­sa­grar o fim do pa­ga­men­to de pro­pi­nas pa­ra to­dos os graus aca­dé­mi­cos e as­se­gu­rar, si­mul­ta­ne­a­men­te, a exis­tên­cia das con­di­ções ma­te­ri­ais e hu­ma­nas ade­qua­das ao fun­ci­o­na­men­to das instituições. 
  •  Duplicar, até ao fi­nal da le­gis­la­tu­ra, o in­ves­ti­men­to por in­ves­ti­ga­dor ETI no sec­tor público. 
  •  Recrutar 10 mil téc­ni­cos e au­xi­li­a­res de apoio à investigação.
  •  Introduzir uma ta­xa re­du­zi­da de IVA pa­ra as aqui­si­ções de bens e ser­vi­ços no âm­bi­to de pro­jec­tos de in­ves­ti­ga­ção e a ade­qua­ção das nor­mas da con­tra­ta­ção pública. 
  •  Definir uma po­lí­ti­ca es­tra­té­gi­ca de Ciência & Tecnologia que aten­da às ne­ces­si­da­des e es­pe­ci­fi­ci­da­des eco­nó­mi­cas e so­ci­ais do País. 
  •  Repensar a Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia (FCT) e exi­gir, por exem­plo, a di­vul­ga­ção pú­bli­ca anu­al dos seus res­pec­ti­vos re­la­tó­ri­os e contas. 
  •  Revogar o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) e ga­ran­tir um qua­dro le­gal que va­lo­ri­ze o pa­pel do Ensino Superior Público no de­sen­vol­vi­men­to eco­nó­mi­co, so­ci­al e ter­ri­to­ri­al e re­vo­gar o Regime Fundacional nas Instituições de Ensino Superior. 
  •  Consagrar uma ver­da­dei­ra ges­tão de­mo­crá­ti­ca das Instituições de Ensino Superior Público e ga­ran­tir a par­ti­ci­pa­ção e a ges­tão de­mo­crá­ti­ca das ins­ti­tui­ções, de acor­do com a Constituição da República, en­vol­ven­do do­cen­tes, in­ves­ti­ga­do­res, es­tu­dan­tes e funcionários. 
  • Revogar o Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) e subs­ti­tuí-lo por con­tra­tos de tra­ba­lho e com­ba­ter to­das as for­mas de pre­ca­ri­e­da­de, pro­ce­den­do à in­te­gra­ção de to­dos os tra­ba­lha­do­res que su­prem ne­ces­si­da­des per­ma­nen­tes, in­cluin­do os ‘fal­sos’ pro­fes­so­res con­vi­da­dos e bol­sei­ros, as­se­gu­ran­do o res­pei­to pe­las car­rei­ras dos tra­ba­lha­do­res das Instituições de Ensino Superior e, de­sig­na­da­men­te, do di­rei­to à pro­gres­são, e cri­an­do no­vas car­rei­ras es­pe­ci­ais quan­do necessário. 

 

Respostas do PSD – Partido Social Democrata

  1. Segundo que mol­des con­si­de­ram que se de­ve pro­je­tar o fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, qual a per­cen­ta­gem do PIB que pro­põem que se­ja alo­ca­da ao fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, e co­mo pro­põem ze­lar pe­la trans­pa­rên­cia e pe­la ce­le­ri­da­de da atri­bui­ção de verbas?

Acreditamos ser de enor­me im­por­tân­cia pa­ra o país o de­sen­vol­vi­men­to de po­lí­ti­cas pú­bli­cas que fo­men­tem o in­ves­ti­men­to pú­bli­co e pri­va­do nas três áre­as do cha­ma­do tri­ân­gu­lo do co­nhe­ci­men­to: Ensino Superior, Ciência e Inovação. Acompanhamos o va­lor de re­fe­rên­cia de 5% do P.I.B., que tem si­do avan­ça­do pe­la Comissão Europeia pa­ra o in­ves­ti­men­to nes­tas três áre­as, e en­ten­de­mos que Portugal de­ve­rá ter co­mo me­ta al­can­çar es­te pa­ta­mar até 2030. O au­men­to do in­ves­ti­men­to pú­bli­co se­rá su­por­ta­do es­sen­ci­al­men­te por fun­dos re­gi­o­nais (FEDER, FSE) e ou­tros fun­dos eu­ro­peus com­pe­ti­ti­vos, além do ne­ces­sá­rio re­for­ço do in­ves­ti­men­to por via do or­ça­men­to do Estado. Concordamos com a ne­ces­si­da­de de evo­luir pa­ra um mo­de­lo de fi­nan­ci­a­men­to mais co­e­ren­te e trans­pa­ren­te, mais es­tá­vel e de mai­or di­men­são. Consideramos tam­bém re­le­van­te cri­ar con­di­ções fa­ci­li­ta­do­ras pa­ra as ins­ti­tui­ções, no­me­a­da­men­te em ter­mos de mo­de­los de ges­tão e de or­ga­ni­za­ção, de for­ma a po­ten­ci­ar a cap­ta­ção de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co com­pe­ti­ti­vo e in­ves­ti­men­to privado.

  1. Que cri­té­ri­os es­ta­be­le­cem co­mo pri­o­ri­tá­ri­os pa­ra con­ce­der fi­nan­ci­a­men­to a pro­je­tos de I&D sub­me­ti­dos à FCT, ou ou­tras agên­ci­as ou or­ga­nis­mos es­ta­tais? Consideram a exis­tên­cia de al­gu­ma for­ma fi­nan­ci­a­men­to não ori­en­ta­da por pro­je­to? Porquê?

Os cri­té­ri­os de­vem ser a ex­ce­lên­cia e o im­pac­to dos pro­je­tos. O fi­nan­ci­a­men­to de­ve ser in­di­vi­du­al, por pro­je­to e por ins­ti­tui­ção, co­mo é prá­ti­ca em to­do o mun­do. No âm­bi­to da re­fe­ri­da ne­ces­si­da­de de re­for­çar a co­e­rên­cia e trans­pa­rên­cia dos pro­ce­di­men­tos, pro­po­mo-nos avan­çar pa­ra um mo­de­lo de fi­nan­ci­a­men­to de­sen­vol­vi­do com os par­cei­ros, as­sen­te na qua­li­da­de e na me­ri­to­cra­cia, cu­jos cri­té­ri­os se­jam re­co­nhe­ci­dos e acei­tes por todos.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre as re­cen­tes al­te­ra­ções ao Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI)?

Temos de ter bol­sas pa­ra es­tu­dan­tes de dou­to­ra­men­to. No en­tan­to, tu­do o que é tra­ba­lho re­gu­la­do de in­ves­ti­ga­ção não de­ve ser co­ber­to por es­sas bol­sas. Esse tra­ba­lho de­ve ser ob­je­to de con­tra­tos a ter­mo ou ser fei­to pe­los qua­dros das ins­ti­tui­ções. A bol­sa tem um pa­pel im­por­tan­te, mas de­ve ser res­trin­gi­da ao pe­río­do de formação.

  1. Tendo em con­ta a atu­al ine­xis­tên­cia de uma pro­te­ção so­ci­al pa­ra os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, equi­va­len­te à au­fe­ri­da pe­los tra­ba­lha­do­res com con­tra­to de tra­ba­lho, apre­sen­tam al­gu­ma pro­pos­ta de me­lho­ra­men­to des­ta si­tu­a­ção? Em que consiste?

Existe uma lei de agos­to de 2003, apre­sen­ta­da pe­lo gru­po par­la­men­tar do PSD e apro­va­da na Assembleia da República, que as­se­gu­ra pa­ra os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção um le­que alar­ga­do de me­ca­nis­mos de pro­te­ção so­ci­al. Com a saí­da do go­ver­no de en­tão (PSD/CDS-PP), o re­fe­ri­do di­plo­ma nun­ca che­gou a ser re­gu­la­men­ta­do. No que de­pen­der do PSD, os prin­cí­pi­os já de­fen­di­dos em 2003 se­rão, com as adap­ta­ções que even­tu­al­men­te se ve­ri­fi­que se­rem ne­ces­sá­ri­as, um pon­to de par­ti­da pa­ra as me­di­das a ado­tar nes­ta área.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te ao prin­cí­pio de­fen­di­do pe­lo atu­al Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que enun­cia que, en­quan­to um in­ves­ti­ga­dor se en­con­trar em for­ma­ção, não de­ve­rá ter um con­tra­to de tra­ba­lho? Como dis­tin­guem o con­cei­to de for­ma­ção de um in­ves­ti­ga­dor do con­cei­to de for­ma­ção de qual­quer ou­tro profissional?

O pe­río­do de for­ma­ção de um in­ves­ti­ga­dor tem ca­ra­te­rís­ti­cas mar­ca­da­men­te dis­tin­tas em re­la­ção a ou­tras car­rei­ras pro­fis­si­o­nais. Mais do que enun­ciá-las uma a uma, re­me­te­mos a res­pos­ta pa­ra o Charter of the Research Career, do­cu­men­to da Comissão Europeia que ex­pli­ca de for­ma es­cla­re­ce­do­ra de que for­ma de­ve ser cons­truí­da uma car­rei­ra de in­ves­ti­ga­ção, e que subs­cre­ve­mos por inteiro.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a ne­ces­si­da­de, ou não, de re­vi­são do Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU), do Estatuto Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP), do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), da rein­tro­du­ção de ca­te­go­ri­as pa­ra não dou­to­ra­dos nes­tas car­rei­ras, e da cri­a­ção de uma car­rei­ra pró­pria de ges­tão de ci­ên­cia e tec­no­lo­gia ou da ex­pli­ci­ta­ção da in­te­gra­ção do pes­so­al com es­sas fun­ções no ECIC?

É in­ten­ção do PSD pro­mo­ver um am­plo de­ba­te e re­ver os di­ver­sos es­ta­tu­tos da car­rei­ra do­cen­te e de in­ves­ti­ga­dor pa­ra as ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or. A ideia de par­ti­da é a cri­a­ção de um úni­co es­ta­tu­to, em­bo­ra com per­fis bem di­fe­ren­ci­a­dos, ofe­re­cen­do res­pos­tas pa­ra as es­tra­té­gi­as de car­rei­ra dos co­la­bo­ra­do­res e as ne­ces­si­da­des das instituições.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a re­al atu­a­li­za­ção dos va­lo­res re­mu­ne­ra­tó­ri­os das bol­sas, ou­tro­ra equi­pa­ra­dos aos das car­rei­ras do­cen­tes e de in­ves­ti­ga­ção — por exem­plo, uma bol­sa de dou­to­ra­men­to era equi­pa­ra­da ao sa­lá­rio de as­sis­ten­te — e con­ge­la­dos en­tre 2002 e 2018, e, con­se­quen­te­men­te, dos va­lo­res dos con­tra­tos a ter­mo re­so­lu­ti­vo cer­to ou a ter­mo in­cer­to de in­ves­ti­ga­do­res doutorados?

Tal co­mo já foi re­fe­ri­do em di­ver­sas oca­siões pe­lo pre­si­den­te do par­ti­do, Rui Rio, quer se tra­tem de car­rei­ras do­cen­tes do en­si­no su­pe­ri­or e de in­ves­ti­ga­ção, quer es­te­jam em cau­sa os pro­fes­so­res do en­si­no bá­si­co e se­cun­dá­rio, o PSD é por prin­cí­pio fa­vo­rá­vel à jus­ta atu­a­li­za­ção de to­das as re­mu­ne­ra­ções e ao re­co­nhe­ci­men­to de to­do o tem­po de ser­vi­ço efe­ti­va­men­te pres­ta­do, ten­do sem­pre pre­sen­te o cri­té­rio da sus­ten­ta­bi­li­da­de das con­tas públicas..

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a exi­gên­cia de ex­clu­si­vi­da­de aos be­ne­fi­ciá­ri­os de bol­sas ao abri­go do EBI quan­do al­gu­mas bol­sas são até in­fe­ri­o­res ao sa­lá­rio mí­ni­mo nacional?

As bol­sas de­vem ter um va­lor ra­zoá­vel. Não é acei­tá­vel que pos­sam ser in­fe­ri­o­res ao Salário Mínimo Nacional. Não se de­ve exi­gir ex­clu­si­vi­da­de, mas de­ve exi­gir-se que o tra­ba­lho de­sem­pe­nha­do por es­ses bol­sei­ros se­ja re­le­van­te pa­ra a bol­sa. Por exem­plo, dar au­las ou fa­zer um cer­to nú­me­ro de ho­ras de tra­ba­lho de in­ves­ti­ga­ção re­mu­ne­ra­do, po­de ser útil pa­ra a car­rei­ra de um in­ves­ti­ga­dor. E va­lo­ri­za o seu currículo. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a to­tal ex­clu­são da pos­si­bi­li­da­de de se­rem elei­tos pa­ra vá­ri­os ór­gãos de di­ver­sas ins­ti­tui­ções do SCTN, in­cluin­do as de Ensino Superior, ou im­pos­si­bi­li­da­de de cons­ti­tuí­rem mai­o­ria nes­ses ór­gãos, os in­ves­ti­ga­do­res, do­cen­tes, ou ou­tros, que por não es­ta­rem in­te­gra­dos nas car­rei­ras, em­bo­ra tra­ba­lhem nes­sas ins­ti­tui­ções, fi­cam as­sim pri­va­dos do di­rei­to fun­da­men­tal de ele­ge­rem e se­rem eleitos?

Entendemos que a for­ma de go­ver­na­ção das ins­ti­tui­ções es­tá de­sa­tu­a­li­za­da. É rí­gi­da, pou­co trans­pa­ren­te e pou­co par­ti­ci­pa­ti­va. Por prin­cí­pio, de­vem ter-se em con­ta to­das as pes­so­as que tra­ba­lham nas ins­ti­tui­ções. A ques­tão de po­de­rem ser ou não elei­tos pa­ra os ór­gãos das ins­ti­tui­ções es­tá aber­ta a de­ba­te. Mas se­gu­ra­men­te de­vem po­der participar.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te aos prin­cí­pi­os con­ti­dos no Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores e na Carta Europeia do Investigador e o que pro­põem pa­ra que se­jam cum­pri­dos pe­las ins­ti­tui­ções Portuguesas?

Deve in­cen­ti­var-se as ins­ti­tui­ções a se­gui­rem es­ses dois do­cu­men­tos. Há al­gu­mas ques­tões nos mes­mos que to­cam na au­to­no­mia das ins­ti­tui­ções, mas, de uma for­ma ge­ral, a nos­sa re­co­men­da­ção é pa­ra que se res­pei­tem es­ses documentos.

  1. Que me­di­das pro­põem apre­sen­tar na Assembleia da República, ou a le­var a ca­bo en­quan­to mem­bros do Governo, re­la­ti­va­men­te às 10 ques­tões anteriores?

Todas as me­di­das que fo­ram anun­ci­a­das atrás e mui­tas ou­tras que cons­tam do do­cu­men­to: “Ensino Superior – Uma Estratégia pa­ra a Década” se­rão apre­sen­ta­das pe­lo PSD no prin­cí­pio da pró­xi­ma le­gis­la­tu­ra, se­ja no Governo ou na Assembleia da República.

 

Respostas do LIVRE

  1. Segundo que mol­des con­si­de­ram que se de­ve pro­je­tar o fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, qual a per­cen­ta­gem do PIB que pro­põem que se­ja alo­ca­da ao fi­nan­ci­a­men­to do SCTN, e co­mo pro­põem ze­lar pe­la trans­pa­rên­cia e pe­la ce­le­ri­da­de da atri­bui­ção de verbas?

O fi­nan­ci­a­men­to do SCTN de­ve­ria cum­prir as me­tas de in­ves­ti­men­to em in­ves­ti­ga­ção de­sen­vol­vi­men­to (I&D) de­cla­ra­das co­mo ob­je­ti­vo pa­ra Portugal em 2020, cor­res­pon­den­tes a uma in­ten­si­da­de em I&D (DIDE/​PIB) en­tre 2,7% e 3,3%, dos quais 1,0% a 1,2% no sec­tor pú­bli­co e 1,7% a 2,1% no sec­tor pri­va­do. Para tal é ne­ces­sá­rio au­men­tar a ta­xa de exe­cu­ção em I&D nas Universidades e Politécnicos pú­bli­cos, na for­ma­ção avan­ça­da e Emprego Científico, pa­ra se atin­gir o va­lor mí­ni­mo de 1% do PIB em 2020.

As ins­ti­tui­ções do SCTN de­vem ser fi­nan­ci­a­das de for­ma es­tá­vel e trans­pa­ren­te, atra­vés de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co num re­gi­me plu­ri­a­nu­al e con­tra­tu­a­li­za­do por ob­je­ti­vos. O fi­nan­ci­a­men­to de­ve as­sen­tar nu­ma fór­mu­la ba­se­a­da em in­di­ca­do­res de es­tru­tu­ra e de de­sem­pe­nho, des­ti­na­da a su­por­tar as des­pe­sas de fun­ci­o­na­men­to e in­fra­es­tru­tu­ra, com do­ta­ções atri­buí­das por con­cur­so, des­ti­na­do a im­ple­men­tar pro­je­tos e es­tra­té­gi­as lo­cais ali­nha­das com o per­fil ins­ti­tu­ci­o­nal e com as ne­ces­si­da­des de de­sen­vol­vi­men­to do país e da região.

  1. Que cri­té­ri­os es­ta­be­le­cem co­mo pri­o­ri­tá­ri­os pa­ra con­ce­der fi­nan­ci­a­men­to a pro­je­tos de I&D sub­me­ti­dos à FCT, ou ou­tras agên­ci­as ou or­ga­nis­mos es­ta­tais? Consideram a exis­tên­cia de al­gu­ma for­ma fi­nan­ci­a­men­to não ori­en­ta­da por pro­je­to? Porquê?

É fun­da­men­tal que exis­tam fi­nan­ci­a­men­tos não ori­en­ta­dos por pro­je­to, pa­ra além dos fi­nan­ci­a­men­tos ori­en­ta­dos por pro­je­to, pa­ra que se con­si­ga con­so­li­dar a in­fra­es­tru­tu­ra de I&D em PT e pro­mo­ver o em­pre­go ci­en­tí­fi­co e a es­ta­bi­li­da­de do SCTN.

As ins­ti­tui­ções de  in­ves­ti­ga­ção de re­fe­rên­cia, co­mo os Laboratórios Associados,  com ca­pa­ci­da­de de res­pos­ta a ní­vel na­ci­o­nal e Internacional, em co­o­pe­ra­ção com en­ti­da­des de re­fe­rên­cia in­ter­na­ci­o­nal, e que pres­tem apoio às po­lí­ti­cas pú­bli­cas nas su­as áre­as de com­pe­tên­cia de­vem ser fi­nan­ci­a­das no âm­bi­to de con­tra­tos pro­gra­ma es­pe­cí­fi­cos com du­ra­ção de mé­dio pra­zo. O re­co­nhe­ci­men­to des­tas ins­ti­tui­ções de­ve ser fei­to no âm­bi­to de um re­gu­la­men­to cla­ro e as  ins­ti­tui­ções de­vem, du­ran­te o con­tra­to pro­gra­ma, ser su­jei­tas a acom­pa­nha­men­to pró­xi­mo e pe­rió­di­co pe­la FCT.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre as re­cen­tes al­te­ra­ções ao Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI)?

Propomos re­ver o Estatuto do Bolseiro de Investigação li­mi­tan­do a atri­bui­ção de bol­sas a um má­xi­mo de dois anos(*) pa­ra tra­ba­lhos de in­ves­ti­ga­ção ten­den­tes à ob­ten­ção de graus aca­dé­mi­cos e a um ano pa­ra tra­ba­lhos de in­ves­ti­ga­ção e for­ma­ção avan­ça­da de pós-dou­to­ra­men­to ou pa­ra ou­tras ati­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to tec­no­ló­gi­co com ca­rá­ter de ini­ci­a­ção. Para pe­río­dos su­pe­ri­o­res de­vem ser ce­le­bra­dos con­tra­tos a ter­mo, de for­ma a que os dou­to­ran­dos  e os in­ves­ti­ga­do­res em for­ma­ção avan­ça­da, ou em atu­a­li­za­ção, se ve­jam re­co­nhe­ci­dos co­mo tra­ba­lha­do­res de fac­to du­ran­te a mai­or par­te do pe­río­do da sua for­ma­ção es­pe­ci­a­li­za­da, usu­fruin­do dos mes­mos di­rei­tos la­bo­rais que os res­tan­tes trabalhadores. 

(*) No ca­so dos tra­ba­lhos de in­ves­ti­ga­ção pa­ra ob­ten­ção de grau de dou­to­ra­men­to, a pro­pos­ta de ma­nu­ten­ção de bol­sas du­ran­te os dois pri­mei­ros anos pren­de-se com a par­te es­co­lar de­cor­rer du­ran­te es­se pe­río­do, as­sim co­mo com a exis­tên­cia de pe­lo me­nos uma ava­li­a­ção in­ter­mé­dia so­bre o es­ta­do dos tra­ba­lhos de dou­to­ra­men­to ao fim dos dois pri­mei­ros anos. Após es­sa ava­li­a­ção in­ter­mé­dia, de­ve­rá ser ce­le­bra­do um con­tra­to de tra­ba­lho com ter­mo fi­xo até ao fi­nal do doutoramento.

  1. Tendo em con­ta a atu­al ine­xis­tên­cia de uma pro­te­ção so­ci­al pa­ra os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, equi­va­len­te à au­fe­ri­da pe­los tra­ba­lha­do­res com con­tra­to de tra­ba­lho, apre­sen­tam al­gu­ma pro­pos­ta de me­lho­ra­men­to des­ta si­tu­a­ção? Em que consiste?

Como re­fe­ri­do na res­pos­ta an­te­ri­or, pro­po­mos que pa­ra pe­río­dos su­pe­ri­o­res a 2 anos nos ca­sos de tra­ba­lhos de dou­to­ra­men­to e 1 ano, nos ca­sos de pós-dou­to­ra­men­to, se­jam ce­le­bra­dos con­tra­tos de tra­ba­lho de for­ma a que os dou­to­ran­dos e os in­ves­ti­ga­do­res e as su­as en­ti­da­des con­tra­tan­tes des­con­tem pa­ra a se­gu­ran­ça so­ci­al co­mo os de­mais trabalhadores.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te ao prin­cí­pio de­fen­di­do pe­lo atu­al Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) que enun­cia que, en­quan­to um in­ves­ti­ga­dor se en­con­trar em for­ma­ção, não de­ve­rá ter um con­tra­to de tra­ba­lho? Como dis­tin­guem o con­cei­to de for­ma­ção de um in­ves­ti­ga­dor do con­cei­to de for­ma­ção de qual­quer ou­tro profissional?

Distinguimos aqui ape­nas o pe­río­do ini­ci­al de dou­to­ra­men­to du­ran­te o qual o dou­to­ran­do ain­da fre­quen­ta a com­po­nen­te es­co­lar do dou­to­ra­men­to e se en­con­tra nu­ma fa­se ini­ci­al de de­fi­ni­ção e de con­so­li­da­ção de co­nhe­ci­men­tos pa­ra a te­se.  No res­tan­te tem­po con­si­de­ra­mos que os dou­to­ran­dos de­vem ter con­tra­tos de trabalho. 

Quanto a bol­sas de ini­ci­a­ção à in­ves­ti­ga­ção e de pós-dou­to­ra­men­to, de que um es­tu­dan­te ou in­ves­ti­ga­dor pos­sa por exem­plo usu­fruir no âm­bi­to de pro­gra­mas de mo­bi­li­da­de ou de for­ma­ção es­pe­cí­fi­ca e in­ten­si­va, con­si­de­ra­mos que de­vem ter a du­ra­ção má­xi­ma de 1 ano.  Nos res­tan­tes ca­sos, con­si­de­ra­mos que um in­ves­ti­ga­dor se en­con­tra em for­ma­ção ao lon­go de to­da a vi­da e que es­sa não é uma ra­zão vá­li­da pa­ra não se ce­le­brar um con­tra­to de trabalho.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a ne­ces­si­da­de, ou não, de re­vi­são do Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU), do Estatuto Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP), do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), da rein­tro­du­ção de ca­te­go­ri­as pa­ra não dou­to­ra­dos nes­tas car­rei­ras, e da cri­a­ção de uma car­rei­ra pró­pria de ges­tão de ci­ên­cia e tec­no­lo­gia ou da ex­pli­ci­ta­ção da in­te­gra­ção do pes­so­al com es­sas fun­ções no ECIC?

Somos fa­vo­rá­veis à re­vi­são de es­ta­tu­tos da ECDU e ECPDESP e da ECIC.  Propomos equi­pa­rar as car­rei­ras de do­cên­cia e in­ves­ti­ga­ção, atra­vés da re­vi­são do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC) pa­ra que se­ja equi­pa­ra­do em ní­vel de exi­gên­cia, di­rei­tos e de­ve­res ao Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU) e ao Estatuto do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP). A in­te­gra­ção de am­bas as car­rei­ras num mes­mo es­ta­tu­to  de­ve­rá in­cluir a pos­si­bi­li­da­de de mo­bi­li­da­de pe­rió­di­ca en­tre as car­rei­ras de in­ves­ti­ga­ção e do­cen­te, den­tro da mes­ma ins­ti­tui­ção ou en­tre ins­ti­tui­ções di­fe­ren­tes, per­mi­tin­do uma me­lhor ges­tão dos re­cur­sos e ne­ces­si­da­des das instituições.

A car­rei­ra de ges­tão de Ciência e Tecnologia não de­ve em prin­cí­pio ser de­fi­ni­da pe­los es­ta­tu­tos de Carreira de Pessoal Investigador e Docente. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a re­al atu­a­li­za­ção dos va­lo­res re­mu­ne­ra­tó­ri­os das bol­sas, ou­tro­ra equi­pa­ra­dos aos das car­rei­ras do­cen­tes e de in­ves­ti­ga­ção — por exem­plo, uma bol­sa de dou­to­ra­men­to era equi­pa­ra­da ao sa­lá­rio de as­sis­ten­te — e con­ge­la­dos en­tre 2002 e 2018, e, con­se­quen­te­men­te, dos va­lo­res dos con­tra­tos a ter­mo re­so­lu­ti­vo cer­to ou a ter­mo in­cer­to de in­ves­ti­ga­do­res doutorados?

Consideramos que no ca­so das bol­sas de­ve ha­ver equi­pa­ra­ção de va­lo­res lí­qui­dos cor­res­pon­den­tes ao grau de for­ma­ção do bol­sei­ro, após ter si­do si­do des­con­ta­da a fra­ção re­la­ti­va ao va­lor do se­gu­ro so­ci­al voluntário.

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a exi­gên­cia de ex­clu­si­vi­da­de aos be­ne­fi­ciá­ri­os de bol­sas ao abri­go do EBI quan­do al­gu­mas bol­sas são até in­fe­ri­o­res ao sa­lá­rio mí­ni­mo nacional?

As bol­sas são apoi­os à for­ma­ção avan­ça­da; lo­go a obri­ga­ção da ex­clu­si­vi­da­de não faz sentido. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção so­bre a to­tal ex­clu­são da pos­si­bi­li­da­de de se­rem elei­tos pa­ra vá­ri­os ór­gãos de di­ver­sas ins­ti­tui­ções do SCTN, in­cluin­do as de Ensino Superior, ou im­pos­si­bi­li­da­de de cons­ti­tuí­rem mai­o­ria nes­ses ór­gãos, os in­ves­ti­ga­do­res, do­cen­tes, ou ou­tros, que por não es­ta­rem in­te­gra­dos nas car­rei­ras, em­bo­ra tra­ba­lhem nes­sas ins­ti­tui­ções, fi­cam as­sim pri­va­dos do di­rei­to fun­da­men­tal de ele­ge­rem e se­rem eleitos?

Para o LIVRE é uma vi­o­la­ção do nos­so con­cei­to de Democracia as pes­so­as não po­de­rem ter voz so­bre as de­ci­sões que as afe­tam ou não po­de­rem ele­ger os seus representantes. 

  1. Qual a vos­sa po­si­ção re­la­ti­va­men­te aos prin­cí­pi­os con­ti­dos no Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores e na Carta Europeia do Investigador e o que pro­põem pa­ra que se­jam cum­pri­dos pe­las ins­ti­tui­ções Portuguesas?

Concordamos ple­na­men­te com os prin­cí­pi­os con­ti­dos no Código de Conduta pa­ra o Recrutamento de Investigadores e na Carta Europeia do Investigador e en­ten­de­mos que de­vem ser cum­pri­dos em Portugal. 

  1. Que me­di­das pro­põem apre­sen­tar na Assembleia da República, ou a le­var a ca­bo en­quan­to mem­bros do Governo, re­la­ti­va­men­te às 10 ques­tões anteriores?

No nos­so pro­gra­ma às Eleições Legislativas pro­po­mos um con­jun­to de me­di­das re­la­ti­vas à ci­ên­cia e ao en­si­no su­pe­ri­or que dis­po­ni­bi­li­za­mos abaixo:

Ensino su­pe­ri­or

As ins­ti­tui­ções do en­si­no su­pe­ri­or de­vem ter uma ver­da­dei­ra au­to­no­mia, re­ger-se por prin­cí­pio de par­ti­ci­pa­ção de­mo­crá­ti­ca, fun­ci­o­nar em re­de com ou­tras ins­ti­tui­ções na­ci­o­nais e in­ter­na­ci­o­nais e apoi­ar o de­sen­vol­vi­men­to so­ci­al, eco­nó­mi­co, am­bi­en­tal e cul­tu­ral das re­giões em que se lo­ca­li­zam. Em pa­ra­le­lo, é fun­da­men­tal cri­ar con­di­ções pa­ra que mais pes­so­as fre­quen­tem e con­clu­am com su­ces­so es­tu­dos su­pe­ri­o­res, in­de­pen­den­te­men­te da sua lo­ca­li­za­ção, con­di­ção so­ci­o­e­co­nó­mi­ca e eta­pa de vi­da. Para ul­tra­pas­sar os de­sa­fi­os que as al­te­ra­ções ine­vi­tá­veis que o mer­ca­do de tra­ba­lho tem vin­do a so­frer e que se­rão mais evi­den­tes com a cres­cen­te au­to­ma­ção dos me­ca­nis­mos de pro­du­ção e com a “in­ter­net das coi­sas”, é ne­ces­sá­rio dar um gran­de im­pul­so à for­ma­ção su­pe­ri­or, de­mo­cra­ti­zan­do ver­da­dei­ra­men­te o aces­so ao Ensino Superior, não só alar­gan­do as opor­tu­ni­da­des de aces­so pa­ra jo­vens que ter­mi­nam o en­si­no se­cun­dá­rio, mas tam­bém pro­mo­ven­do a for­ma­ção su­pe­ri­or ao lon­go da vida.

Mas pa­ra is­so é pre­ci­so ga­ran­tir a dig­ni­da­de do tra­ba­lho do­cen­te e ci­en­tí­fi­co, que es­tão for­te­men­te re­la­ci­o­na­dos. Em Portugal, o cres­ci­men­to do se­tor de Investigação e Desenvolvimento (I&D), des­de o iní­cio dos anos 80, foi ba­se­a­do na fi­gu­ra do “bol­sei­ro de in­ves­ti­ga­ção”, que tem vin­do a ser subs­ti­tuí­do pro­gres­si­va­men­te, mas de for­ma ir­re­gu­lar, por in­ves­ti­ga­do­res com con­tra­tos a pra­zo. Por ou­tro la­do, as va­gas de aces­so à car­rei­ra uni­ver­si­tá­ria têm so­fri­do con­ge­la­men­tos e as pro­gres­sões nas car­rei­ras têm si­do mui­to li­mi­ta­das. A pou­ca pre­vi­si­bi­li­da­de na aber­tu­ra de va­gas no en­si­no su­pe­ri­or e nas uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção pa­ra con­tra­ta­ções a mais lon­go ter­mo têm tor­na­do as pers­pec­ti­vas de car­rei­ras in­cer­tas, o que as faz pou­co atra­ti­vas e tem re­sul­ta­do em “fu­ga de cé­re­bros”. Estes são pro­fis­si­o­nais que fa­zem fal­ta pa­ra o re­for­ço e de­mo­cra­ti­za­ção do en­si­no su­pe­ri­or, sen­do ur­gen­te as­se­gu­rar es­ta­bi­li­da­de nas con­tra­ta­ções e con­di­ções de tra­ba­lho com­pe­ti­ti­vas num mer­ca­do de tra­ba­lho que é glo­bal. A in­te­gra­ção, a es­ta­bi­li­da­de e a for­ma­ção con­tí­nua des­tes pro­fis­si­o­nais são fun­da­men­tais pa­ra a co­e­são in­ter­ge­ra­ci­o­nal e a re­no­va­ção das ins­ti­tui­ções, as­sim co­mo pa­ra as­se­gu­rar a qua­li­da­de dos pro­gra­mas de for­ma­ção e de in­ves­ti­ga­ção e pa­ra au­men­tar as qua­li­fi­ca­ções dos por­tu­gue­ses, re­ten­do co­nhe­ci­men­to e ca­pa­ci­da­de no país. 

Para con­cre­ti­zar es­ta vi­são defendemos:

  1. Eliminar as pro­pi­nas no 1º ci­clo e re­gu­la­men­tar o va­lor das pro­pi­nas re­la­ti­vas ao 2ºciclo e à for­ma­ção pós-gra­du­a­da atra­vés do es­ta­be­le­ci­men­to de te­tos má­xi­mos e da pre­pa­ra­ção de um pro­ces­so de re­du­ção pro­gres­si­va do seu mon­tan­te, de acor­do com pa­drões europeus. 
  2. Rever os me­ca­nis­mos de atri­bui­ção de apoi­os so­ci­ais di­re­tos e in­di­re­tos aos es­tu­dan­tes, eli­mi­nan­do os cons­tran­gi­men­tos e as as­si­me­tri­as das nor­mas atu­ais, de­ven­do os apoi­os aos es­tu­dan­tes ser atri­buí­dos in­de­pen­den­te­men­te da si­tu­a­ção de dí­vi­da do seu agre­ga­do fa­mi­li­ar à se­gu­ran­ça so­ci­al ou à au­to­ri­da­de tri­bu­tá­ria. O va­lor mí­ni­mo da bol­sa de es­tu­do de­ve ser pon­de­ra­do a par­tir de in­di­ca­do­res de cus­to de vi­da ajus­ta­dos lo­cal­men­te. O alo­ja­men­to es­tu­dan­til de­ve ser pro­mo­vi­do em ar­ti­cu­la­ção en­tre IES e o po­der lo­cal, no qua­dro de po­lí­ti­cas de ha­bi­ta­ção jo­vem e de re­vi­ta­li­za­ção dos cen­tros urbanos. 
  3. Requalificar a po­pu­la­ção ati­va de ní­vel pós-se­cun­dá­rio atra­vés da cri­a­ção de um pro­gra­ma que es­ta­be­le­ça par­ce­ri­as en­tre ins­ti­tui­ções do en­si­no su­pe­ri­or, em­pre­sas e agên­ci­as da ad­mi­nis­tra­ção pú­bli­ca, pa­ra ade­quar o seu per­fil for­ma­ti­vo aos de­sa­fi­os de uma eco­no­mia avan­ça­da e pro­mo­ver a sua empregabilidade. 
  4. Financiar as ins­ti­tui­ções do en­si­no su­pe­ri­or de for­ma es­tá­vel e trans­pa­ren­te, atra­vés de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co num re­gi­me plu­ri­a­nu­al e con­tra­tu­a­li­za­do por ob­je­ti­vos. O fi­nan­ci­a­men­to de­ve as­sen­tar nu­ma fór­mu­la ba­se­a­da em in­di­ca­do­res de es­tru­tu­ra e de de­sem­pe­nho, des­ti­na­da a su­por­tar as des­pe­sas de fun­ci­o­na­men­to e in­fra­es­tru­tu­ra, com do­ta­ções atri­buí­das por con­cur­so, des­ti­na­do a im­ple­men­tar pro­je­tos e es­tra­té­gi­as lo­cais ali­nha­das com o per­fil ins­ti­tu­ci­o­nal e com as ne­ces­si­da­des de de­sen­vol­vi­men­to do país e da região.
  5. Internacionalizar as ins­ti­tui­ções do en­si­no su­pe­ri­or, fa­ci­li­tan­do a atra­ção de es­tu­dan­tes in­ter­na­ci­o­nais, re­for­çan­do os pro­gra­mas de fi­nan­ci­a­men­to de pe­río­dos de mo­bi­li­da­de es­tu­dan­til e do­cen­te no en­si­no su­pe­ri­or, de du­ra­ção va­riá­vel, atra­vés de fon­tes de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­cas e par­ce­ri­as do Estado com o se­tor empresarial. 
  6. Equiparar as car­rei­ras de do­cên­cia e in­ves­ti­ga­ção, atra­vés da re­vi­são do Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC) pa­ra que se­ja equi­pa­ra­do em ní­vel de exi­gên­cia, di­rei­tos e de­ve­res ao Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU) e ao Estatuto do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP). A in­te­gra­ção de am­bas as car­rei­ras num mes­mo es­ta­tu­to de­ve­rá in­cluir a pos­si­bi­li­da­de de mo­bi­li­da­de en­tre as car­rei­ras de in­ves­ti­ga­ção e do­cen­te, den­tro da mes­ma ins­ti­tui­ção ou en­tre ins­ti­tui­ções di­fe­ren­tes, per­mi­tin­do uma me­lhor ges­tão dos re­cur­sos e ne­ces­si­da­des das instituições. 
  7. Rever o Estatuto do Bolseiro de Investigação li­mi­tan­do a atri­bui­ção de bol­sas a um má­xi­mo de dois anos pa­ra tra­ba­lhos de in­ves­ti­ga­ção ten­den­tes à ob­ten­ção de graus aca­dé­mi­cos e a um ano pa­ra tra­ba­lhos de in­ves­ti­ga­ção e for­ma­ção avan­ça­da de pós-dou­to­ra­men­to ou pa­ra ou­tras ati­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to tec­no­ló­gi­co com ca­rá­ter de ini­ci­a­ção. Para pe­río­dos su­pe­ri­o­res de­vem ser ce­le­bra­dos con­tra­tos a ter­mo, de for­ma a que os es­tu­dan­tes de dou­to­ra­men­to e os in­ves­ti­ga­do­res em for­ma­ção avan­ça­da ou em atu­a­li­za­ção se ve­jam re­co­nhe­ci­dos co­mo tra­ba­lha­do­res de fac­to du­ran­te a mai­or par­te do pe­río­do da sua for­ma­ção es­pe­ci­a­li­za­da, usu­fruin­do dos mes­mos di­rei­tos la­bo­rais que os res­tan­tes tra­ba­lha­do­res. 8. Abrir lu­ga­res no qua­dro das ins­ti­tui­ções pú­bli­cas, des­blo­que­an­do a aber­tu­ra dos con­cur­sos de con­tra­ta­ção de do­cen­tes, in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos, de mo­do a sa­tis­fa­zer as ne­ces­si­da­des das ins­ti­tui­ções e res­ti­tuir a qua­li­da­de do seu tra­ba­lho, com­ba­ten­do a prá­ti­ca re­cor­ren­te de uti­li­zar tra­ba­lha­do­res pre­cá­ri­os pa­ra res­pon­der a ne­ces­si­da­des permanentes. 
  8. Assegurar a igual­da­de de di­rei­tos no en­si­no su­pe­ri­or pú­bli­co, par­ti­cu­lar e co­o­pe­ra­ti­vo, atra­vés da ado­ção pe­las ins­ti­tui­ções de en­si­no par­ti­cu­lar e co­o­pe­ra­ti­vo dos es­ta­tu­tos da car­rei­ra do­cen­te, ga­ran­tin­do a de­mo­cra­cia in­ter­na e a li­ber­da­de de en­si­no e in­ves­ti­ga­ção e re­for­çan­do as ga­ran­ti­as de re­pre­sen­ta­ção sin­di­cal nes­tas instituições. 

Ciência – Queremos pôr o sis­te­ma ci­en­tí­fi­co ao ser­vi­ço da de­mo­cra­cia e do desenvolvimento.

A ci­ên­cia é um re­qui­si­to pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to tec­no­ló­gi­co, so­ci­al e eco­nó­mi­co de um país e um pi­lar fun­da­men­tal de uma so­ci­e­da­de sus­ten­tá­vel. Portugal ca­rac­te­ri­za-se por um dé­fi­ce his­tó­ri­co nes­te cam­po, com­ba­ti­do des­de 1995 com o in­ves­ti­men­to na for­ma­ção de re­cur­sos hu­ma­nos e na in­ter­na­ci­o­na­li­za­ção que re­sul­tou no de­sen­vol­vi­men­to das ins­ti­tui­ções de I&D e num sal­do po­si­ti­vo ine­gá­vel nos in­di­ca­do­res de pro­du­ção ci­en­tí­fi­ca e na cres­cen­te qua­li­fi­ca­ção de uma no­va ge­ra­ção de por­tu­gue­ses. Esta tra­je­tó­ria foi in­ter­rom­pi­da em 2011, re­sul­tan­do num des­per­dí­cio avas­sa­la­dor de re­cur­sos e num enor­me en­tra­ve à com­pe­ti­ti­vi­da­de do país. Para que es­te de­sin­ves­ti­men­to não se re­pi­ta, é fun­da­men­tal ga­ran­tir uma es­tra­té­gia de fi­nan­ci­a­men­to pú­bli­co em ci­ên­cia e I&D que se­ja in­de­pen­den­te de ci­clos po­lí­ti­cos e/​ou ma­cro­e­co­nó­mi­cos, ga­ran­tin­do-se fi­nan­ci­a­men­tos plu­ri­a­nu­ais e re­gras trans­pa­ren­tes, que pro­mo­vam a es­ta­bi­li­da­de, a con­fi­an­ça e a ar­ti­cu­la­ção com as es­tra­té­gi­as de de­sen­vol­vi­men­to lo­cal, na­ci­o­nal e eu­ro­peu. Esta es­tra­té­gia de­ve as­su­mir que o in­ves­ti­men­to em ci­ên­cia não se tra­duz ne­ces­sa­ri­a­men­te em cres­ci­men­to eco­nó­mi­co a cur­to pra­zo e que o apoio à in­ves­ti­ga­ção fun­da­men­tal não po­de ser adi­a­do ou di­mi­nuí­do em tem­pos di­fí­ceis na ex­pec­ta­ti­va de que o in­ves­ti­men­to em in­ves­ti­ga­ção apli­ca­da tra­ga me­lho­res re­sul­ta­dos económicos.

Por is­so defendemos:

  1. Cumprir as me­tas de in­ves­ti­men­to em in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to (I&D) de­cla­ra­das co­mo ob­je­ti­vo pa­ra Portugal em 2020, cor­res­pon­den­tes a uma in­ten­si­da­de em I&D (DIDE/​PIB) en­tre 2,7% e 3,3%, dos quais 1,0% a 1,2% no sec­tor pú­bli­co e 1,7% a 2,1% no sec­tor pri­va­do. Para tal é ne­ces­sá­rio au­men­tar a ta­xa de exe­cu­ção em I&D nas Universidades e Politécnicos pú­bli­cos, na for­ma­ção avan­ça­da e Emprego Científico, pa­ra se atin­gir o va­lor mí­ni­mo de 1% do PIB em 2020. Em 2018 o va­lor atin­gi­do na exe­cu­ção glo­bal em I&D foi de 1.37% do PIB, va­lor que se en­con­tra em len­ta re­cu­pe­ra­ção de­pois do mí­ni­mo de 1.24% em 2015, prin­ci­pal­men­te de­vi­do ao au­men­to de exe­cu­ção no se­tor pri­va­do pa­ra 0.7% do PIB em 2018, ao pas­so que o se­tor pú­bli­co man­tém ní­veis de exe­cu­ção de 2015, de cer­ca de 0.67% do PIB.
  2. Estabilizar o sis­te­ma ci­en­tí­fi­co, de­fi­nin­do em con­jun­to com os in­ter­ve­ni­en­tes do se­tor um no­vo mo­de­lo de go­ver­na­ção pa­ra a Fundação pa­ra a Ciência e Tecnologia, que lhe ga­ran­ta mai­or au­to­no­mia e per­mi­ta de­se­nhar pla­nos plu­ri­a­nu­ais com ní­veis de fi­nan­ci­a­men­to glo­bal e por áre­as, nu­ma ló­gi­ca de pla­ne­a­men­to es­tra­té­gi­co de mé­dio pra­zo. Os con­cur­sos pa­ra bol­sas, pro­je­tos e cri­a­ção de em­pre­go ci­en­tí­fi­co de­vem ocor­rer anu­al­men­te em da­tas fi­xas, com cri­té­ri­os trans­pa­ren­tes e com co­nhe­ci­men­to da com­po­si­ção dos júris.
  3. Pôr a ci­ên­cia ao ser­vi­ço das ins­ti­tui­ções pú­bli­cas e das co­mu­ni­da­des atra­vés da con­tra­ta­ção de bens e ser­vi­ços (por exem­plo, es­tu­dos, pro­je­tos, as­ses­so­ri­as, au­di­to­ri­as, con­sul­to­ri­as, ser­vi­ços téc­ni­cos e de­sen­vol­vi­men­to de pro­du­tos) por par­te da ad­mi­nis­tra­ção pú­bli­ca e se­tor em­pre­sa­ri­al do Estado às ins­ti­tui­ções do en­si­no su­pe­ri­or e uni­da­des do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co nacional.
  4. Promover a in­ves­ti­ga­ção in­ter­dis­ci­pli­nar em áre­as es­tra­té­gi­cas, co­mo por exem­plo na área da saú­de, da sus­ten­ta­bi­li­da­de dos ecos­sis­te­mas e na mi­ti­ga­ção dos efei­tos das al­te­ra­ções cli­má­ti­cas, es­ta­be­le­cen­do pro­gra­mas em con­jun­to com as em­pre­sas e a ad­mi­nis­tra­ção pú­bli­ca de for­ma a cri­ar con­di­ções pa­ra a ace­le­ra­ção da apli­ca­ção de no­vas tec­no­lo­gi­as jun­to da so­ci­e­da­de. Este é um dos usos pos­sí­veis pa­ra os ins­tru­men­tos fi­nan­cei­ros de apoio da União Europeia a ins­ti­tui­ções pú­bli­cas, co­lo­can­do em prá­ti­ca pro­ces­sos de con­tra­ta­ção pú­bli­ca que pro­mo­vam a ino­va­ção e in­ves­ti­ga­ção de no­vas so­lu­ções que pos­sam res­pon­der aos de­sa­fi­os exis­ten­tes, co­mo é o ca­so dos con­tra­tos pré-co­mer­ci­ais (PCP – Pre Comercial Procurement) e a con­tra­ta­ção pú­bli­ca de so­lu­ções ino­va­do­ras (pu­blic pro­cu­re­ment for in­no­va­ti­on solutions).
  5. Estabelecer um re­gi­me de isen­ção ou de re­em­bol­so do IVA – ho­je co­bra­do a 23% – pe­los bens e ser­vi­ços ne­ces­sá­ri­os aos pro­je­tos ci­en­tí­fi­cos que cor­res­pon­dam a ati­vi­da­des de in­ves­ti­ga­ção e de­sen­vol­vi­men­to com­pro­va­da­men­te sem fins lu­cra­ti­vos. A Ciência de­ve ser vis­ta co­mo uma ati­vi­da­de fun­da­men­tal pa­ra a so­ci­e­da­de e pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to do país e não co­mo uma ati­vi­da­de co­mer­ci­al, es­tan­do ho­je os ci­en­tis­tas que de­sen­vol­vem in­ves­ti­ga­ção em Portugal em des­van­ta­gem fa­ce a gran­de par­te seus co­le­gas europeus.
  6. Valorizar o po­ten­ci­al eco­nó­mi­co do co­nhe­ci­men­to di­na­mi­zan­do e apoi­an­do a par­ti­ci­pa­ção de em­pre­sas por­tu­gue­sas em pro­je­tos de in­ves­ti­ga­ção fi­nan­ci­a­dos pe­la União Europeia. As en­ti­da­des do sis­te­ma ci­en­tí­fi­co e tec­no­ló­gi­co de­vem in­ves­tir na cons­ti­tui­ção, for­ma­ção e pro­fis­si­o­na­li­za­ção de pes­so­al de­di­ca­do à trans­fe­rên­cia de co­nhe­ci­men­to e à pro­pri­e­da­de in­te­lec­tu­al nas en­ti­da­des pú­bli­cas, mu­nin­do-as de com­pe­tên­ci­as pa­ra pro­te­ger e co­mer­ci­a­li­zar co­nhe­ci­men­to pro­du­zi­do e pa­ra ne­go­ci­ar par­ce­ri­as nos mer­ca­dos mundiais.
  7. Democratizar a ci­ên­cia e mo­ni­to­ri­zar a li­te­ra­cia ci­en­tí­fi­ca atra­vés de uma Plataforma Nacional pa­ra a Literacia Científica res­pon­sá­vel por mo­ni­to­ri­zar e pro­mo­ver um pro­gra­ma de pro­mo­ção das com­pe­tên­ci­as ci­en­tí­fi­cas da população.

       Todo o pro­gra­ma do LIVRE po­de ser con­sul­ta­do em www​.par​ti​do​li​vre​.pt