Regulamento Bolsas 2017

A. Sobre o Concurso de Bolsas de Doutoramento Individuais 2017 

A ABIC re­co­nhe­ce que a FCT se em­pe­nhou em cla­ri­fi­car cer­tos as­pe­tos do Regulamento que não es­ta­vam cla­ros, por exem­plo, o cri­té­rio so­bre ad­mis­si­bi­li­da­de no dou­to­ra­men­to. Há, no en­tan­to, ques­tões que, na nos­sa pers­pe­ti­va têm de ser me­lho­ra­das pa­ra que o pro­ces­so de ava­li­a­ção se­ja mais ri­go­ro­so e mais justo.

A.1. Critérios de co­ta­ção ou penalização

A.1.1. Mérito do can­di­da­to – cotação

Subcritério Percurso académico:

- Não equi­pa­ra­ção de li­cen­ci­a­tu­ra de 5 (ou mais) anos com te­se a mes­tra­do integrado 

- Equiparação de li­cen­ci­a­tu­ra Pré- e Pós-Bolonha, quan­do exis­te di­fe­ren­ça em nú­me­ro de anos e ac­ti­vi­da­des re­la­ci­o­na­das (e.g. tese)

Equiparação dos mes­tra­dos Pré- e Pós-Bolonha

- Favorecimento dos mes­tra­dos in­te­gra­dos so­bre as li­cen­ci­a­tu­ras (e.g. li­cen­ci­a­tu­ra pré-Bolonha com 16 va­lo­res tem me­nos pon­tu­a­ção ba­se do que um mes­tra­do in­te­gra­do de 15 valores).

Problema: há li­cen­ci­a­tu­ras pré-Bolonha com du­ra­ção de 5 ou 6 anos e com te­se fi­nal. Sendo os mes­tra­dos pós-Bolonha na sua mai­o­ria com du­ra­ções de 5 anos e com te­se, não de­ve­ria ser fei­ta equi­pa­ra­ção? A equi­va­lên­cia pa­ra a mes­ma no­ta che­ga a dar uma di­fe­ren­ça de 1.5 pon­tos no sub­cri­té­rio Percurso Académico.

Da mes­ma for­ma, a equi­pa­ra­ção en­tre li­cen­ci­a­tu­ras Pós- e Pré-Bolonha e mes­tra­dos Pós- e Pré-Bolonha che­ga a ser cho­can­te, vis­to ha­ver di­fe­ren­ças quan­ti­ta­ti­vas e qua­li­ta­ti­vas en­tre as fa­ses Pós- e Pré-Bolonha.

Tal co­mo no Concurso de 2016, a ABIC pe­de pa­ra que es­tes cri­té­ri­os de ava­li­a­ção se­jam re­vis­tos e se­jam atri­buí­das pon­tu­a­ções ten­do em con­ta se a li­cen­ci­a­tu­ra e o mes­tra­do é pré- ou pós-Bolonha. As li­cen­ci­a­tu­ras pré-Bolonha não de­ve­ri­am ser uni­ver­sal­men­te con­si­de­ra­das in­fe­ri­o­res a mes­tra­dos pós-Bolonha. 

Subcritério Percurso pessoal:

- Subcritério cur­rí­cu­lo pes­so­al em can­di­da­tu­ras a BD com sub­je­ti­vi­da­de na ava­li­a­ção:A pon­tu­a­ção a atri­buir tra­du­zi­rá a con­clu­são do ava­li­a­dor so­bre a glo­ba­li­da­de do cur­rí­cu­lo e de­ve­rá ser jus­ti­fi­ca­da com o mai­or de­ta­lhe pos­sí­vel e de for­ma cla­ra e con­sis­ten­te, com iden­ti­fi­ca­ção dos pon­tos for­tes e fra­cos.” (Guião de Avaliação FCT 2017)

Problema: sub­je­ti­vi­da­de do pro­ces­so; os pon­tos fra­cos e for­tes não são ob­jec­ti­va­men­te quantificados.

A ABIC con­si­de­ra que os cri­té­ri­os de ava­li­a­ção do cur­rí­cu­lo in­di­vi­du­al não de­ve­rão ser dei­xa­dos ao cri­té­rio do ava­li­a­dor, pois tal co­mo es­ti­pu­la­do pe­lo Código Civil Português, faz par­te da trans­pa­rên­cia de qual­quer con­cur­so pú­bli­co que os cri­té­ri­os de ava­li­a­ção en­vol­vi­dos na pon­de­ra­ção dos vá­ri­os ele­men­tos das can­di­da­tu­ras se­jam de­fi­ni­dos e tor­na­dos pú­bli­cos. Sabemos que exis­tem sem­pre vá­ri­os ava­li­a­do­res en­vol­vi­dos no pro­ces­so de se­le­ção das can­di­da­tu­ras. Se a ava­li­a­ção do CV de­pen­der do cri­té­rio de ca­da um de­les, as si­tu­a­ções de in­jus­ti­ça nos re­sul­ta­dos da se­le­ção se­rão mui­to mais pro­vá­veis. Por um la­do, pen­sa­mos que o ava­li­a­dor de­ve pos­suir um guião pa­ra o seu tra­ba­lho de for­ma a di­ri­gir e ga­ran­tir a qua­li­da­de da sua ava­li­a­ção e, por ou­tro, os can­di­da­tos têm o di­rei­to de sa­ber co­mo se­rão ava­li­a­das as su­as candidaturas.

A.1.2. Critério Mérito da ins­ti­tui­ção de acolhimento

Este cri­té­rio [Mérito da ins­ti­tui­ção de aco­lhi­men­to] tem uma pon­de­ra­ção de 30%”. (Guião de Avaliação FCT 2017)

Problema: pon­de­ra­ção de­ma­si­a­do al­ta, equi­va­len­te à pon­de­ra­ção da­da ao Plano de Trabalhos.

Depois do pro­ces­so po­lé­mi­co de ava­li­a­ção das uni­da­des de in­ves­ti­ga­ção em 2014, é inad­mis­sí­vel que a FCT pro­po­nha um ní­vel de pon­de­ra­ção tão ele­va­do à ins­ti­tui­ção de acolhimento. 

Tendo al­gu­mas ins­ti­tui­ções já si­do pe­na­li­za­das, por um la­do, nes­te pro­ces­so, con­ti­nu­a­rão a sê-lo na me­di­da em que os dou­to­ran­dos pro­cu­ram ins­ti­tui­ções com me­lhor ava­li­a­ção, o que as co­lo­ca no­va­men­te em des­van­ta­gem nu­ma ava­li­a­ção fu­tu­ra por­que per­de­ram doutorandos.

A.2. Documentação necessária

A.2.1. BD:

Carta de Motivação e de Recomendação

Perante a re­no­va­da exi­gên­cia da FCT de apre­sen­ta­ção de 1 car­ta de mo­ti­va­ção e de 2 car­tas de re­co­men­da­ção, a ABIC con­cor­da que a car­ta de mo­ti­va­ção po­de­rá dar uma vi­são abran­gen­te do pro­je­to de in­ves­ti­ga­ção, com­ple­men­tan­do o mes­mo e fo­can­do os pon­tos mais im­por­tan­tes. No en­tan­to, o pe­di­do adi­ci­o­nal e obri­ga­tó­rio de car­tas de re­co­men­da­ção vem acres­cen­tar bu­ro­cra­cia des­ne­ces­sá­ria. No pas­sa­do, as car­tas de re­co­men­da­ção fo­ram eli­mi­na­das do con­cur­so (du­ran­te os man­da­tos do Ministro da Ciência Mariano Gago), no es­pí­ri­to do pro­gra­ma ‘sim­plex’. A ABIC pe­de as­sim que se ex­clua a obri­ga­to­ri­e­da­de de apre­sen­tar car­tas de recomendação.

B. Questões e ma­ni­fes­ta­ções de bol­sei­ros que têm si­do en­de­re­ça­das à ABIC nos úl­ti­mos di­as a res­pei­to do Concurso de Bolsas Individuais 2016 

B.1. Critérios de exclusão

B.1.1 BD /​ BPD:

Admissibilidade a con­cur­so e Certificado digital.

Perante os pro­ble­mas co­lo­ca­dos pe­la sur­pre­en­den­te­men­te pe­la apre­sen­ta­ção de Certificados di­gi­tais no úl­ti­mo con­cur­so de Bolsas (FCT 2016) e que le­vou à ex­clu­são de vá­ri­os can­di­da­tos, a ABIC su­ge­re que es­tes can­di­da­tos pos­sam ter as su­as can­di­da­tu­ras ava­li­a­das, na fa­se de re­cur­so, pois a ques­tão dos Certificados di­gi­tais foi uma ques­tão no­va que sur­pre­en­deu os candidatos.

B.2. Critérios de co­ta­ção, bo­ni­fi­ca­ção ou penalização

B.2.1. co­ta­ção (BD):

Subcritério Percurso académico:

- Não equi­pa­ra­ção de li­cen­ci­a­tu­ra de 5 (ou mais) anos com te­se a mes­tra­do integrado 

- Favorecimento os mes­tra­dos in­te­gra­dos so­bre as li­cen­ci­a­tu­ras (e.g. li­cen­ci­a­tu­ra pré-Bolonha com 16 va­lo­res tem me­nos pon­tu­a­ção ba­se do que um mes­tra­do in­te­gra­do de 15 va­lo­res), e que si­mul­ta­ne­a­men­te se equi­pa­rem os mes­tra­dos pré- e pós-Bolonha, bem co­mo li­cen­ci­a­tu­ras pré- e pós-Bolonha.

Problema: há li­cen­ci­a­tu­ras pré-Bolonha com du­ra­ção de 5 ou 6 anos e com te­se fi­nal. Sendo os mes­tra­dos pós-Bolonha na sua mai­o­ria com du­ra­ções de 5 anos e com te­se, não de­ve­ria ser fei­ta equi­pa­ra­ção? A equi­va­lên­cia pa­ra a mes­ma no­ta che­ga a dar uma di­fe­ren­ça de 1.5 pon­tos no sub­cri­té­rio Percurso Académico.

A ABIC pe­de pa­ra que es­tes cri­té­ri­os de ava­li­a­ção se­jam re­vis­tos e se­jam atri­buí­das pon­tu­a­ções ten­do em con­ta se a li­cen­ci­a­tu­ra e o mes­tra­do é pré- ou pós-Bolonha. As li­cen­ci­a­tu­ras pré-Bolonha não de­ve­ri­am ser uni­ver­sal­men­te con­si­de­ra­das in­fe­ri­o­res a mes­tra­dos pós-Bolonha. 

- Conversão de no­tas qua­li­ta­ti­vas em no­tas quan­ti­ta­ti­vas, por exem­plo, no­tas qua­li­ta­ti­vas de Mestrados Pré-Bolonha. 

Problema: De acor­do com o de­cre­to-lei 42/​2005, o Muito Bom equi­va­le a 16 – 17. De acor­do com os cri­té­ri­os da FCT, os di­plo­mas de mes­tra­do que apre­sen­tem Muito Bom são con­ver­ti­dos em 16 valores. 

A ABIC su­ge­re que es­tas con­ver­sões se­jam uni­for­mi­za­das e te­nham em con­ta cri­té­ri­os de con­ver­são já le­gal­men­te de­fi­ni­dos, de for­ma a não sus­ci­tar dú­vi­das de transformação.

Subcritério Percurso pessoal:

- Subcritério cur­rí­cu­lo pes­so­al em can­di­da­tu­ras a BD com sub­je­ti­vi­da­de na ava­li­a­ção:

Problema: A ABIC re­ce­beu co­mu­ni­ca­ções de can­di­da­tos que re­fe­ri­am não ter aces­so aos cri­té­ri­os es­pe­cí­fi­cos de ava­li­a­ção pa­ra ca­da item con­si­de­ra­do na can­di­da­tu­ra. Por exem­plo, no “Mérito do Candidato” ter so­men­te aces­so à no­ta do per­cur­so aca­dé­mi­co e não à ava­li­a­ção dos res­tan­tes itens, da qual re­sul­ta a no­ta fi­nal des­se factor.

A ABIC su­ge­re que na ava­li­a­ção dos Recursos, es­tas pon­de­ra­ções e ava­li­a­ção de cri­té­ri­os es­pe­cí­fi­cos se­ja fa­cul­ta­da ao can­di­da­to, de for­ma a po­der pri­ma­ri­a­men­te ave­ri­guar se hou­ve al­gum er­ro ou lap­so na ava­li­a­ção da sua can­di­da­tu­ra. O ob­jec­ti­vo úl­ti­mo des­ta su­ges­tão é que o pro­ces­so de ava­li­a­ção do mé­ri­to do can­di­da­to se tor­ne mais cla­ro, lim­po, e objetivo.

Graus ob­ti­dos no estrangeiro

- Conversão de clas­si­fi­ca­ções ob­ti­das no Estrangeiro pa­ra o Sistema de Ensino Português.

Problema: Não re­co­nhe­ci­men­to da clas­si­fi­ca­ção fi­nal do tí­tu­lo es­tran­gei­ro (es­tan­do es­ta es­pe­ci­fi­ca­da no do­cu­men­to es­tran­gei­ro), mes­mo que no do­cu­men­to por­tu­guês de re­co­nhe­ci­men­to do grau não cons­te a clas­si­fi­ca­ção fi­nal con­ver­ti­da pa­ra o sis­te­ma português. 

Na pá­gi­na 17 do Guião de Avaliação FCT 2016 é men­ci­o­na­do que “Os cer­ti­fi­ca­dos que não es­pe­ci­fi­quem a clas­si­fi­ca­ção fi­nal (nem quan­ti­ta­ti­va nem qua­li­ta­ti­va) se­rão equi­pa­ra­dos a no­ta mí­ni­ma (no­ta ba­se = 1)”. No en­tan­to, quan­do o cer­ti­fi­ca­do es­tran­gei­ro re­fe­re a clas­si­fi­ca­ção fi­nal e ape­nas o cer­ti­fi­ca­do por­tu­guês re­co­nhe­ci­men­to do tí­tu­lo es­tran­gei­ro não o faz, os dois do­cu­men­tos de­vem ser usa­dos com­ple­men­tar­men­te, de­ven­do a clas­si­fi­ca­ção fi­nal do cer­ti­fi­ca­do es­tran­gei­ro con­tar pa­ra cál­cu­lo da no­ta ba­se. De fac­to, o ar­ti­go 4º do Decreto-Lei n.º 341/​2007 de­cla­ra que “Aos ti­tu­la­res de graus aca­dé­mi­cos con­fe­ri­dos por ins­ti­tui­ção de en­si­no su­pe­ri­or es­tran­gei­ra cu­jo ní­vel, ob­jec­ti­vos e na­tu­re­za se­jam idên­ti­cos aos dos graus de li­cen­ci­a­do, mes­tre ou dou­tor con­fe­ri­dos por ins­ti­tui­ções de en­si­no su­pe­ri­or por­tu­gue­sas, é re­co­nhe­ci­da a to­ta­li­da­de dos di­rei­tos ine­ren­tes à ti­tu­la­ri­da­de dos re­fe­ri­dos graus.”

A ABIC su­ge­re que es­tes ca­sos se­jam re­vis­tos e re­a­va­li­a­dos à luz da in­for­ma­ção fornecida.

B.2.1. Penalização (BPD)

- Bonificação por mobilidade:

“Será atri­buí­da uma bo­ni­fi­ca­ção de va­lor equi­va­len­te a 20% da pon­tu­a­ção atri­buí­da ao cri­té­rio “cur­rí­cu­lo pes­so­al”, aos can­di­da­tos que te­nham ob­ti­do o dou­to­ra­men­to nu­ma uni­ver­si­da­de por­tu­gue­sa e que, si­mul­ta­ne­a­men­te, pre­ten­dam fa­zer o pós-dou­to­ra­men­to:
– nu­ma ins­ti­tui­ção de aco­lhi­men­to di­fe­ren­te da que lhes con­fe­riu o grau;
ou,
– num dis­tri­to do ter­ri­tó­rio na­ci­o­nal di­fe­ren­te da­que­le em que se lo­ca­li­za­va a ins­ti­tui­ção on­de ob­ti­ve­ram o grau de dou­tor, ain­da que a ins­ti­tui­ção de aco­lhi­men­to per­ten­ça à mes­ma uni­ver­si­da­de que lhe con­fe­riu o grau de dou­tor;
ou,
– na mes­ma ins­ti­tui­ção on­de ob­ti­ve­ram o grau de dou­tor após um per­cur­so pro­fis­si­o­nal ou ci­en­tí­fi­co de, pe­lo me­nos, 2 anos fo­ra de­la.
(Guião de Avaliação FCT 2016)

Problema: Bonificação atri­buí­da ape­nas aos dou­to­ra­dos em Universidades por­tu­gue­sas que pre­ten­dam mu­dar de ins­ti­tui­ção, mas não aos dou­to­ra­dos que pre­ten­dem re­gres­sar do es­tran­gei­ro pa­ra fa­zer ci­ên­cia em Portugal. O mes­mo cri­té­rio não é apli­ca­do de for­ma igual a quem fez o dou­to­ra­men­to em por­tu­gal e a quem fez o dou­to­ra­men­to no estrangeiro.

A ABIC e es­tes co­le­gas con­si­de­ram que am­bas as si­tu­a­ções im­pli­cam mo­bi­li­da­de, pe­lo que o cri­té­rio de Bonificação de­ve ser apli­ca­do em am­bos os casos.