Que a juventude tome nas mãos os destinos das suas vidas!
Todos os dias, os jovens são confrontados com situações de desemprego, contratos laborais precários (trabalho temporário, contratos a termo, recibos verdes, bolsas de investigação, estágios) instabilidade laboral, baixos salários, pressões excessivas por parte das entidades patronais, perda de direitos e más condições de trabalho que põem em causa a sua segurança.
A precariedade atinge hoje milhares de jovens e também os menos jovens. A degradação sucessiva das condições laborais é, acreditamos nós, um factor de regressão na economia e no desenvolvimento do nosso país e lança-nos para uma sociedade menos justa e solidária.
A consecutiva fragilização contratual de tantos trabalhadores no nosso país é um flagelo que afecta não só o trabalhador individualmente, mas também todos aqueles que com ele lidam no dia-a-dia.
Estas situações ferem a dignidade dos jovens e não lhes permitem planear e encarar o seu futuro com optimismo. Estas situações não caem do céu. Têm responsáveis e são fruto de anos consecutivos de políticas erradas que não solucionam mas pelo contrário agravam a situação.
A juventude com a sua luta já muito conquistou, têm conseguido vitórias e resistido à retirada de direitos, tem dado um sinal inequívoco da sua vontade de participar e ajudar a construir uma solução para os problemas que tanto nos afectam.
Somos jovens trabalhadores e reconhecemos que é urgente uma mudança qualitativa do país, recusamos que nos imponham viver num país condenado às injustiças, que desperdiça a nossa capacidade humana e intelectual, recusamos viver na frustração e sem ver realizadas as nossas aspirações de trabalho, vida pessoal e familiar, encaminhando-nos para a procura de outras soluções fora do País.
Portugal tem os recursos humanos necessários para inverter a espiral em que se encontra e que essa passará obrigatoriamente pela valorização da pessoa que trabalha. Dos mais jovens aos mais velhos, nunca Portugal teve tantas pessoas tão bem preparadas e qualificadas. Nunca foi tão óbvio que Portugal tem condições para “sair do buraco”, desde que respeite, proteja e defenda quem nele vive. Caso contrário, estaremos a desbaratar décadas de esforço de gerações anteriores, a desperdiçar todo o potencial das novas gerações, que se vêem impossibilitadas de prosperar, e defraudamos seriamente uma perspectiva de futuro melhor para muitas gerações, as que já cá estão como as vindouras.
O Pic-Nic contra a precariedade realizado em Lisboa no dia 9 de Julho de 2011, demonstrou ao longo do seu dia com debate, convívio, momentos culturais, mas acima de tudo um grande dia de luta, que apresentou uma mensagem de esperança e confiança, que lutamos por construir um país mais justo e mais solidário.
Acreditamos que cada um de nós tem um papel fundamental na sua transformação pessoal e consequentemente na transformação e concretização de uma sociedade mais justa.
Assim defendemos:
Substituição das bolsas no trabalho de investigação por contratos de trabalho;
Transformação do falso recibos verde em contrato de trabalho
Passagem a efectivos de todos os trabalhadores contratados que exercem funções de carácter permanente;
Por horários de trabalho de 8hdiarias/40hsemanais que permitam com saúde a conciliação da vida profissional e familiar e social;
Por aumentos reais dos salários e a reposição imediata do salário mínimo nacional para os 500 euros;
Pela criação e gestão por parte do Estado de fogos habitacionais com rendas de custos controlados;
Pelo direito à educação, à saúde, à cultura e ao desporto.
Enquanto jovens que somos tudo faremos para informar, esclarecer, mobilizar para agir e intervir, assim conseguiremos fazer a diferença convictos dos valores em que acreditamos, na certeza de que conseguiremos ultrapassar as graves dificuldades actuais e assim possamos construir um futuro mais promissor para todos!
O nosso destino nas nossas mãos! É este o nosso compromisso, um compromisso que honra gerações e gerações de trabalhadores, jovens, mulheres e homens, de tantos e tantas que em diferentes momentos da história decidiram tomar nas suas próprias mãos os destinos das suas vidas.
A situação actual não é inevitável, existe outro caminho. Reafirmamos, com convicção, que é possível e viável outro modelo de desenvolvimento mais justo, que vise em primeiro lugar a dignidade da pessoa e não do lucro, que combata as desigualdades, que ponha fim ao desemprego; à precariedade; aos baixos salários; à destruição dos direitos laborais, da contratação colectiva e aos entraves à emancipação dos jovens como por exemplo as dificuldades para a aquisição de habitação.
Continuaremos esta luta nas empresas, ruas e todos os outros locais, mesmo naqueles em que, à partida, nos pareça ser impossível! Uma luta para a qual temos de trazer cada vez mais gente! Não passaremos ao lado da história, assumiremos nas nossas próprias mãos o nosso presente e o futuro de todos!