PCP Apresentou ontem projecto de alteração ao EBIC

PCP Apresentou on­tem pro­jec­to de al­te­ra­ção ao EBIC

 In Público, 21 de Fevereiro 2004

    O Partido Comunista Português apre­sen­tou on­tem, na Assembleia da República, um pro­jec­to de lei de al­te­ra­ção do Estatuto do Bolseiro, em vi­gor des­de 1999. Entre ou­tras al­te­ra­ções, o do­cu­men­to su­ge­re que os mon­tan­tes das bol­sas se­jam equi­pa­ra­dos às re­mu­ne­ra­ções dos tra­ba­lha­do­res de qua­dro com ha­bi­li­ta­ções equi­pa­ra­das e que os bol­sei­ros be­ne­fi­ci­em das mes­mas re­ga­li­as em ter­mos de se­gu­ran­ça so­ci­al que os tra­ba­lha­do­res da ins­ti­tui­ção que in­te­gram.
    A de­pu­ta­da co­mu­nis­ta Luísa Mesquita acre­di­ta nu­ma aber­tu­ra ao diá­lo­go em tor­no des­te pro­jec­to, por par­te quer dos ou­tros par­ti­dos da opo­si­ção quer até da mai­o­ria go­ver­na­men­tal: “A úl­ti­ma vez que ques­ti­o­nei a se­nho­ra mi­nis­tra so­bre es­te as­sun­to ela dis­se que era um as­sun­to que a in­co­mo­da­va e que ti­nha de ser ob­jec­to de al­te­ra­ções a cur­to pra­zo.” Luísa Mesquita crê que o do­cu­men­to ge­ra opor­tu­ni­da­des pa­ra o de­ba­te na es­pe­ci­a­li­da­de.
    O pro­jec­to de Lei su­ge­re al­te­rar a fal­ta de be­ne­fí­ci­os em ter­mos de se­gu­ran­ça so­ci­al. Os bol­sei­ros não são obri­ga­dos a fa­zer des­con­tos, usu­fruin­do ape­nas de um re­gi­me vo­lun­tá­rio, que se tra­duz, em ter­mos de des­con­tos, num se­gu­ro so­ci­al vo­lun­tá­rio, igual ao des­con­to de va­lor mí­ni­mo do re­gi­me ge­ral. O bol­sei­ro tam­bém não tem di­rei­to a fé­ri­as ou a um se­gu­ro de aci­den­tes pes­so­ais pe­la ac­ti­vi­da­de de in­ves­ti­ga­ção.
    João Ferreira, pre­si­den­te da Associação de Bolseiros de Investigação Científica, con­gra­tu­la-se com o do­cu­men­to apre­sen­ta­do pe­lo PCP, e diz que a as­so­ci­a­ção bre­ve­men­te se pro­nun­ci­a­rá em re­la­ção ao seu te­or, que, con­fes­sa, en­glo­ba as mai­o­res pre­o­cu­pa­ções dos bol­sei­ros por­tu­gue­ses.
    O di­ri­gen­te re­al­ça o fac­to do pro­jec­to con­tem­plar a con­ta­gem do tem­po de bol­sa pa­ra efei­tos de can­di­da­tu­ra a lu­ga­res em ins­ti­tui­ções: “Muitas ins­ti­tui­ções abrem con­cur­so pú­bli­co e pe­dem cer­to nú­me­ro de anos de ex­pe­ri­ên­cia, mas o tem­po de bol­sa não é quan­ti­fi­ca­do, o que faz com que os bol­sei­ros per­cam mui­tas opor­tu­ni­da­des, quan­do es­tes con­cur­sos lhes de­vi­am ser de­di­ca­dos”, de­fen­de.
    Segundo Luísa Mesquita, os bol­sei­ros re­pre­sen­tam 70 por cen­to da mão-de-obra dis­po­ní­vel nas ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas por­tu­gue­sas, que os pró­pri­os di­ri­gen­tes re­co­nhe­cem co­mo im­pres­cin­dí­veis pa­ra que o tra­ba­lho con­ti­nue a ser fei­to. No en­tan­to, de acor­do com o es­ta­tu­to do bol­sei­ro em vi­gor, “é proi­bi­do o re­cur­so a bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção pa­ra sa­tis­fa­ção de ne­ces­si­da­des per­ma­nen­tes de serviços.”