Investigação científica: Bolseiros querem a revisão do seu estatuto nesta legislatura

Investigação ci­en­tí­fi­ca: Bolseiros que­rem a re­vi­são do seu es­ta­tu­to nes­ta legislatura

In Expresso, 20 de Outubro 2008

Lisboa, 20 Out (Lusa) – Os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca es­tão des­con­ten­tes com o que clas­si­fi­cam de “pas­so atrás” do Governo quan­to à re­vi­são do seu es­ta­tu­to e reú­nem-se sá­ba­do, na Universidade de Aveiro, pa­ra dis­cu­tir for­mas de acção. 

Em cau­sa es­tá a de­ci­são do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, co­mu­ni­ca­da na se­ma­na pas­sa­da à di­rec­ção da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), de não in­cluir a re­vi­são do es­ta­tu­to no seu pla­no de trabalhos.

Para André Levy, pre­si­den­te da di­rec­ção da ABIC, es­sa de­ci­são “é sur­pre­en­den­te e con­tra­di­tó­ria com a pos­tu­ra da tu­te­la até à da­ta”, na me­di­da em que há pou­cos me­ses, em Julho pas­sa­do, o se­cre­tá­rio de Estado da tu­te­la se mos­tra­rá fa­vo­rá­vel a uma re­vi­são a cur­to pra­zo do Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica (EBIC).

Naquela da­ta, o se­cre­tá­rio de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, con­vo­cou o pre­si­den­te da FCT (Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia) e o Painel Consultivo dos bol­sei­ros pa­ra os ou­vir so­bre a re­vi­são do re­fe­ri­do es­ta­tu­to, ten­do na al­tu­ra ma­ni­fes­ta­do ur­gên­cia no assunto.

Todavia, ao re­ce­ber a 06 de Outubro a di­rec­ção da ABIC, Manuel Heitor afir­mou não es­tar con­ven­ci­do da ne­ces­si­da­de de al­te­ra­ções le­gis­la­ti­vas ao es­ta­tu­to, se­gun­do André Levy, em­bo­ra se te­nha pron­ti­fi­ca­do a cha­mar a aten­ção do mi­nis­tro Mariano Gago pa­ra a po­si­ção da Associação.

Para a di­rec­ção da ABIC, o ac­tu­al es­ta­tu­to “é de­ma­si­a­do abran­gen­te e per­mi­te mui­tos abu­sos” a que es­tão su­jei­tos nu­me­ro­sos in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos científicos.

No en­ten­di­men­to des­ta as­so­ci­a­ção, o es­ta­tu­to per­mi­te às ins­ti­tui­ções de in­ves­ti­ga­ção re­cru­tar in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos co­mo bol­sei­ros por ser uma for­ma me­nos one­ro­sa de ce­le­brar con­tra­tos de tra­ba­lho, sem que ha­ja pro­gra­mas de for­ma­ção as­so­ci­a­dos às bolsas.

Em con­sequên­cia, acres­cen­ta, “cen­te­nas de ci­en­tis­tas so­bre­vi­vem sob a pre­ca­ri­e­da­de e in­cer­te­za das bol­sas du­ran­te lar­gos anos”.

André Levy de­fen­de que as bol­sas de in­ves­ti­ga­ção te­nham ca­rác­ter tem­po­rá­rio e se­jam só pa­ra for­ma­ção, e que o es­ta­tu­do des­tes bol­sei­ros de­ve ser re­vis­to ain­da nes­ta legislatura.

Estas bol­sas ou são fi­nan­ci­a­das di­rec­ta­men­te pe­la FCT ou atra­vés de pro­jec­tos ou uni­da­des de investigação. 

O uni­ver­so dos bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca abran­ge 10.000 pes­so­as, tan­to den­tro co­mo fo­ra do país, in­cluin­do 7.000 fi­nan­ci­a­dos pe­la FCT e os res­tan­tes por ou­tras ins­ti­tui­ções, ten­do a ABIC cer­ca de 500 membros.