Bolseiros reúnem mais de 3000 assinaturas por um novo estatuto

Bolseiros reú­nem mais de 3000 as­si­na­tu­ras por um no­vo es­ta­tu­to

In Público, 19 de Julho de 2007

Navegação ge­o­fí­si­ca de veí­cu­los sub­ma­ri­nos au­tó­no­mos. Era com um ar­ti­go so­bre es­te as­sun­to que co­me­ça­va a fai­xa on­tem exi­bi­da, por um gr­po de bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, nas ime­di­a­ções do Ministério da Ciência, tec­no­lo­gia e Ensino Superior, em Lisboa. O pa­no era com­pri­do e pro­cu­ra­va dei­xar uma ideia sim­bó­li­ca do tra­ba­lho re­a­li­za­do por quem re­ce­be bol­sas da Fundação pa­ra a Ciência e Tecnlogia. 

A com­cen­tra­ção nas Larajeiras mar­cou tam­bém o mo­men­to da en­tre­ga – à tu­te­la – de uma pro­pos­ta de al­te­ra­ção do es­ta­tu­to dos bol­sei­ros e das as­si­na­tu­ras re­co­lhi­das nu­ma pe­ti­ção em sua de­fe­sa. Ontem à tar­de eram 3328 os no­mes re­gis­ta­dos online. 

Os bol­sei­ros quei­xam-se de não se­rem con­si­de­ra­dos tra­ba­lha­do­res de ple­no di­rei­to. Exigem, en­tre ou­tras coi­sas, con­tra­tos de tra­ba­lho e aces­so ao re­gi­me ge­ral de se­gu­ran­ça so­ci­al. Esta ques­tão da pro­tec­ção so­ci­al (em ca­so de do­en­ça, por exem­plo) cons­ti­tui “um dos pro­ble­mas fun­da­men­tais com que se con­fron­tam” e aque­le em que “mais sen­tem a pre­ca­ri­da­de em que vi­vem”, lem­bra André Levy, pre­si­den­te da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).

Num país com um dé­fi­ce de 27.500 in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos de in­ves­ti­ga­ção (17.500 dos pri­mei­ros e 10.000 do se­gun­dos, se­gun­do nú­me­ros de Levy), a re­for­ma da si­tu­a­ção dos bol­sei­ros é en­ca­ra­da co­mo fun­da­men­tal pa­ra “sal­va­guar­dar as con­di­ções e per­perc­ti­vas” da­que­les a quem são atri­buí­das bol­sas e pa­ra “tor­nar atrac­ti­va” es­ta car­rei­ra e evi­tar a fu­ga de cérebros. 

Uma reu­nião, na sex­ta fei­ra, da tu­te­la com um pai­nel que in­te­gra um bol­sei­ro é vis­ta co­mo “um si­nal po­si­ti­vo”, “um pon­to de par­ti­da”. Mas a ABIC man­tém o pe­di­do de au­di­ên­cia ao Ministério da Ciência. 

Os bol­sei­ros, que di­zem as­se­gu­rar “gran­de par­te do fun­ci­o­na­men­to das ins­ti­tui­ções” que­rem “em­pre­go ci­en­tí­fi­co” – lia-se on­tem na fai­xa. “Um con­tra­to de tra­ba­lho era jus­to”, re­su­me Carla Faria, bol­sei­ra no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa.