Bolseiros querem novo estatuto e emprego científico
In Diário Económico, 5 de Fevereiro 2003
“Uma mão de obra altamente qualificada, muito barata e descartável”, é o auto-retrato dos bolseiros de investigação científica em Portugal, de acordo com Sofia Cordeiro, da recém formada Plataforma de Bolseiros de Investigação Científica que foi apresentada ontem em Lisboa.
João Ferreira da plataforma afirma que “muitas vezes o recurso à figura de bolseiro, é a forma de garantir uma mão de obra muito qualificada, mas mais barata”.
A aprovação de um novo estatuto do bolseiro que consagre direitos fundamentais e a criação de emprego científico em Portugal são as duas principais exigências de uma moção, aprovada numa reunião nacional de bolseiros, que vai agora ser enviada ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro da Ciência e Ensino Superior e diferentes grupos parlamentares.
Os bolseiros defendem a necessidade de criar mais emprego científico e um aumento das despesas em ciência já que actualmente Portugal investe apenas 0,8% do PIB em Investigação e Desenvolvimento (I&D), metade da média comunitária. Tem também 4,4 trabalhadores em I&D por cada mil habitantes, metade da média comunitária.
Os Bolseiros exigem o “descongelamento das vagas de quadro”, e o regresso da autonomia dos laboratórios de estado. A plataforma pretende ainda vínculos estáveis para os bolseiros que estão a desempenhar funções nas instituições que correspondem a necessidades permanentes, o direito ao subsídio de desemprego e à segurança social. Existem diversos serviços em laboratórios de estado que “tem bolseiros a assegurar necessidades permanentes, que deveriam ter outro vínculo à instituição”, acrescenta Sofia Cordeiro.
Os bolseiros exigem ainda que o tempo de duração das bolsas seja contabilizado para efeitos de contagem de tempo de serviço, nomeadamente nos concursos públicos.