Bolseiros preocupados com redução do número de bolsas atribuídas

Bolseiros pre­o­cu­pa­dos com re­du­ção do nú­me­ro de bol­sas atribuídas

 In Lusa, 2 de Setembro 2003

    Os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca acu­sa­ram ho­je a Fundação pa­ra a Ciência e a Tecnologia (FCT) de con­tra­ri­ar com­pro­mis­sos as­su­mi­dos, re­du­zin­do o nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das no con­cur­so de Janeiro/​Maio, cu­jos re­sul­ta­dos fo­ram di­vul­ga­dos em Agosto.
    “Com efei­to, re­la­ti­va­men­te a 2002 (ex­cluin­do re­cur­sos) foi efec­tu­a­do um cor­te de 23 por cen­to no nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das”, apon­ta a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), em co­mu­ni­ca­do en­vi­a­do à Agência Lusa.
    Considerando es­ta re­du­ção “pro­fun­da­men­te ne­ga­ti­va” por con­tra­ri­ar o com­pro­mis­so as­su­mi­do pe­la FCT, os bol­sei­ros di­zem ain­da que o “nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das es­te ano foi o mais bai­xo dos úl­ti­mos seis (1084 em 1998, 1063 em 1999, 1141 em 2000, 1165 em 2001, 1120 em 2002, 862 em 2003)”.
    “A per­cen­ta­gem de bol­sas con­ce­di­das re­la­ti­va­men­te ao to­tal de can­di­da­tos foi igual­men­te a mais bai­xa des­de 1998 (pas­sou de 44 por cen­to pa­ra 32 por cen­to)”, lê-se no co­mu­ni­ca­do.
    A Associação dos Bolseiros con­clui, en­tão, ser es­sa “a ver­da­dei­ra in­ten­ção da su­pres­são de um dos dois con­cur­sos anu­ais pa­ra atri­bui­ção de bol­sas, anun­ci­a­da no iní­cio des­te ano: a re­du­ção do nú­me­ro de bol­sas a atri­buir”.
    “Ao con­trá­rio do que foi afir­ma­do [pe­la FCT], a exis­tên­cia de um úni­co con­cur­so anu­al não cor­res­pon­deu a um di­rec­ci­o­na­men­to dos re­cur­sos fi­nan­cei­ros no sen­ti­do da atri­bui­ção de bol­sas (mi­ni­mi­zan­do os cus­tos de ava­li­a­ção)”, pros­se­guem, con­cluin­do exis­tir um “de­sin­ves­ti­men­to na for­ma­ção avan­ça­da de re­cur­sos hu­ma­nos em Ciência e Tecnologia (C&T)”.
    Segundo a ABIC, não obs­tan­te o au­men­to do nú­me­ro de bol­sas atri­buí­das ve­ri­fi­ca­do ao lon­go da dé­ca­da de 90 (de que re­sul­tou um au­men­to con­si­de­rá­vel do nú­me­ro de dou­to­ra­dos em C&T), no ano 2000 o nú­me­ro de no­vos dou­to­res, en­tre os 25 e os 34 anos, em per­mi­la­gem da po­pu­la­ção era em Portugal in­fe­ri­or a me­nos de me­ta­de da mé­dia da União Europeia (0,26 e 0,56 res­pec­ti­va­men­te)”.
    “Estes da­dos re­for­çam a ne­ces­si­da­de de in­ten­si­fi­car o es­for­ço de for­ma­ção avan­ça­da, es­for­ço que o de­sin­ves­ti­men­to ago­ra con­su­ma­do po­de­rá com­pro­me­ter ir­re­me­di­a­vel­men­te”, con­si­de­ram, acres­cen­tan­do que cor­tar na for­ma­ção não é pou­par di­nhei­ro, é ab­di­car de uma pos­si­bi­li­da­de re­al de de­sen­vol­vi­men­to e progresso.