Bolseiros elaboram Caderno Reivindicativo

Bolseiros ela­bo­ram Caderno Reivindicativo

 In Público, 26 de Maio 2002

    Pedidos de au­di­ên­cia ao mi­nis­tro da Ciência e à pre­si­dên­cia da República, en­tre ou­tros, se­rá en­tre­gue ama­nhã.
    Os bol­sei­ros por­tu­gue­ses, or­ga­ni­za­dos nu­ma pla­ta­for­ma há cer­ca de um ano, que­rem en­tre­gar um ca­der­no rei­vin­di­ca­ti­vo a Pedro Lynce, mi­nis­tro da Ciência e do Ensino Superior, e a ou­tras al­tas ins­tân­ci­as na­ci­o­nais, do en­si­no e da ci­ên­cia, pa­ra re­cla­ma­rem mais con­di­ções so­ci­ais e de tra­ba­lho. Direito a me­lho­res re­ga­li­as de se­gu­ran­ça so­ci­al, bol­sas equi­pa­ra­das a or­de­na­dos de téc­ni­cos com ha­bi­li­ta­ções equi­pa­ra­das e re­vi­são do pa­pel do bol­sei­ro nas ins­ti­tui­ções são al­gu­mas das prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções. A au­di­ên­cia com Governo, Presidência da República e mi­nis­té­rio da tu­te­la se­rá pe­di­da ama­nhã.
    Em Novembro do ano pas­sa­do, cer­ca de 70 bol­sei­ros, es­tu­dan­tes e in­ves­ti­ga­do­res de­ci­di­ram jun­tar-se nu­ma pla­ta­for­ma, pa­ra fa­zer o le­van­ta­men­to das quei­xas e de­ba­ter a “cres­cen­te pre­ca­ri­za­ção da si­tu­a­ção dos jo­vens tra­ba­lha­do­res ci­en­tí­fi­cos”.
    O gru­po tra­ba­lhou ao lon­go do úl­ti­mo ano num ca­der­no rei­vin­di­ca­ti­vo que pe­de a re­vi­são da si­tu­a­ção dos bol­sei­ros pe­ran­te a se­gu­ran­ça so­ci­al, o di­rei­to a um sub­sí­dio de de­sem­pre­go, o di­rei­to a fé­ri­as e sub­sí­di­os (de fé­ri­as, Natal, ali­men­ta­ção, tur­no e ris­co), a con­ta­gem do pe­río­do de bol­sa pa­ra efei­tos de re­for­ma. No ca­der­no rei­vin­di­ca­ti­vo, os bol­sei­ros pe­dem ain­da a in­te­gra­ção em lu­ga­res de car­rei­ra, após com­ple­ta­rem ser­vi­ço per­ma­nen­te nu­ma ins­ti­tui­ção, e a re­vi­são dos qua­dros de pes­so­al e aber­tu­ra de va­gas nes­sas ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas.
    “Usufruímos ape­nas de um se­gu­ro so­ci­al vo­lun­tá­rio, o mes­mo de que be­ne­fi­ci­am os vo­lun­tá­ri­os so­ci­ais ou os bom­bei­ros vo­lun­tá­ri­os. É um va­lor mui­to pe­que­no. Não te­mos ne­nhu­mas re­ga­li­as so­ci­ais”, dis­se ao PÚBLICO João Ferreira, um dos bol­sei­ros da pla­ta­for­ma.     Os bol­sei­ros de­nun­ci­am ain­da o fac­to de, ape­sar de cum­pri­rem ser­vi­ço per­ma­nen­te em ins­ti­tui­ções pú­bli­cas, não usu­fruí­rem de ser­vi­ços so­ci­ais co­mo fun­ci­o­ná­ri­os pú­bli­cos.
    O vín­cu­lo co­mo bol­sei­ro a uma ins­ti­tui­ção po­de ir até dez anos, va­ri­an­do mui­to con­for­me o grau de pós-gra­du­a­ção a que o bol­sei­ro se can­di­da­ta. “Somos tra­ba­lha­do­res de fac­to e que­re­mos ser tra­ta­dos co­mo tal”, diz João Ferreira, acres­cen­tan­do ain­da que um bol­sei­ro sai mui­to ba­ra­to à ins­ti­tui­ção de aco­lhi­men­to: “Somos mão-de-obra qua­li­fi­ca­da e ba­ra­ta. Devia ha­ver uma ac­tu­a­li­za­ção dos qua­dros das ins­ti­tui­ções ci­en­tí­fi­cas, uma re­vi­são das leis or­gâ­ni­cas des­sas ins­ti­tui­ções, tal co­mo, aliás, já foi su­ge­ri­do por co­mis­sões de ava­li­a­ção dos la­bo­ra­tó­ri­os do Estado.”