Bolseiros da comunidade de investigação protestaram frente à tutela

Bolseiros da co­mu­ni­da­de de in­ves­ti­ga­ção pro­tes­ta­ram fren­te à tu­te­la
Meta: con­tra­tos de tra­ba­lho


In O Primeiro de Janeiro, 19 de Julho de 2007

Jovens bol­sei­ros do Porto, Minho, Aveiro, Coimbra e Lisboa con­cen­tra­ram-se on­tem fren­te ao Ministério da Ciência, na ca­pi­tal, a fim de cha­mar aten­ção de Mariano Gago pa­ra a pre­ca­ri­e­da­de do tra­ba­lho. O nú­cleo do Porto pre­pa­rou um car­taz e con­du­ziu-o até Lisboa, tal co­mo bol­sei­ros de Aveiro, Minho e Coimbra.

“Produzimos tra­ba­lho ci­en­tí­fi­co, que­re­mos con­tra­tos de tra­ba­lho”. O mo­te foi on­tem eco­a­do, em Lisboa, fren­te ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior pe­la Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC). Núcleos de vá­ri­as uni­ver­si­da­des do País jun­ta­ram-se na tar­de de on­tem na ca­pi­tal, no sen­ti­do de apre­sen­tar à tu­te­la li­de­ra­da por Mariano Gago uma pro­pos­ta de al­te­ra­ção do es­ta­tu­to dos bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção, a par de um abai­xo-as­si­na­do com ru­bri­cas de apoio. Na ci­da­de do Porto, ain­da on­tem de ma­nhã, cer­ca de 20 bol­sei­ros con­cen­tra­ram-se fren­te à rei­to­ria da U. Porto, e de pin­cel e uma la­ta de co­la nas mãos pro­du­zi­ram um car­taz gi­gan­te. No car­taz, os bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção do nú­cleo do Porto fi­ze­ram uma co­la­gem com os seus tra­ba­lhos ci­en­tí­fi­cos pu­bli­ca­dos em vá­ri­as re­vis­tas te­má­ti­cas in­ter­na­ci­o­nais, com a iden­ti­fi­ca­ção «ABIC» e «Somos Trabalhadores».
Do Porto par­ti­ram cer­ca de dez bol­sei­ros pa­ra acom­pa­nha­rem a ac­ção de pro­tes­to em Lisboa, on­de o nú­me­ro de bol­sei­ros es­pe­ra­va-se mais ele­va­do. A so­mar aos bol­sei­ros das du­as mai­o­res ci­da­des por­tu­gue­sas, bol­sei­ros oriun­dos de Aveiro, Coimbra e Minho tam­bém se jun­ta­ram com o de­vi­do car­taz de pro­tes­to. Joana Marques, da di­rec­ção da ABIC, es­ti­mou, em de­cla­ra­ções ao JANEIRO, que es­pe­ra­vam uma con­cen­tra­ção ra­zoá­vel de bol­sei­ros.
A con­cen­tra­ção quis tam­bém aler­tar a tu­te­la pa­ra a si­tu­a­ção pre­cá­ria a que es­tão su­jei­tos mi­lha­res de jo­vens in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos, com bol­sas de in­ves­ti­ga­ção, em Portugal. José Gomes, bol­sei­ro em exer­cí­cio de in­ves­ti­ga­ção no de­par­ta­men­to de Química na Faculdade de Ciências do Porto, re­fe­riu que o “pro­ble­mas que afec­tam os jo­vens in­ves­ti­ga­do­res e téc­ni­cos di­zem res­pei­to à se­gu­ran­ça so­ci­al mar­ca­da­men­te in­su­fi­ci­en­te, o abu­so da fi­gu­ra do bol­sei­ro pa­ra pre­en­cher la­cu­nas dos qua­dros de pes­so­al das ins­ti­tui­ções, as­sim co­mo a fal­ta de con­tra­tos de tra­ba­lho”. O bol­sei­ro não es­con­de que a “ca­ma­da mais di­nâ­mi­ca, são tam­bém aque­la que mais es­tá su­jei­ta a pre­ca­ri­e­da­de”. Por is­so, os bol­sei­ros da co­mu­ni­da­de de in­ves­ti­ga­ção ci­en­tí­fi­ca de­se­jam “uma ge­ne­ra­li­za­ção de con­tra­tos de tra­ba­lho pa­ra to­dos os in­ves­ti­ga­do­res que ac­tu­al­men­te de­sen­vol­vem a sua ac­ti­vi­da­de co­mo bol­sei­ros”.
“Em vez de ser­mos con­si­de­ra­dos tra­ba­lha­do­res pre­cá­ri­os, nem se­quer so­mos con­si­de­ra­dos tra­ba­lha­do­res e is­so co­lo­ca vá­ri­as li­mi­ta­ções, no­me­a­da­men­te a ní­vel da se­gu­ran­ça so­ci­al, co­mo tam­bém afec­ta o mo­do co­mo so­mos con­si­de­ra­dos den­tro das nos­sas ins­ti­tui­ções”, co­men­tou, aler­tan­do que “es­ta pre­ca­ri­e­da­de não só faz com que os bol­sei­ros fi­quem de­sa­ni­ma­dos ou que os in­ves­ti­ga­do­res que vão pa­ra o es­tran­gei­ro pen­sem du­as ve­zes an­tes de vol­tar pa­ra Portugal, co­mo tam­bém des­mo­ti­va os jo­vens em se­guir uma car­rei­ra com es­tas perspectivas”.