Bolseiros com melhores condições para investigar

Bolseiros com me­lho­res con­di­ções pa­ra investigar

 In Jornal de Notícias, 19 de Maio 2004

Graça Carvalho anun­cia, ho­je, no­vi­da­des pa­ra os cer­ca de se­te mil que vi­vem de bol­sas Subsídio de de­sem­pre­go e con­ta­gem do tem­po de ser­vi­ço fi­cam por contemplar.

    Os cer­ca de 7 mil bol­sei­ros de in­ves­ti­ga­ção exis­ten­tes em Portugal vão con­ti­nu­ar a re­ce­ber a bol­sa em pe­río­do de sus­pen­são, ver o re­gi­me de de­di­ca­ção ex­clu­si­va alar­ga­do e os pe­río­dos de des­can­so co­ber­tos financeiramente. 

    São rei­vin­di­ca­ções an­ti­gas que se­rão as­se­gu­ra­das no no­vo Estatuto do Bolseiro, que de­ve­rá en­trar em vi­gor já no pró­xi­mo mês. Trata-se de uma ini­ci­a­ti­va le­gis­la­ti­va pro­pos­ta pe­la pe­la mai­o­ria par­la­men­tar em con­jun­to com o Governo. A atri­bui­ção de um sub­sí­dio de de­sem­pre­go e a con­ta­gem do tem­po de ser­vi­ço pa­ra efei­tos de re­for­ma e con­cur­sos pú­bli­cos con­ti­nu­am a ser rei­vin­di­ca­ções sem resposta.

    Durante a ses­são inau­gu­ral da con­fe­rên­cia “Emprego Científico em Portugal- Que Futuro?”, que a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica re­a­li­za na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, a mi­nis­tra da Ciência e do Ensino Superior (MCES) anun­ci­ou as no­vi­da­des pre­vis­tas no pro­jec­to de no­vo Estatuto do Bolseiro.

    Uma de­las diz res­pei­to à co­ber­tu­ra fi­nan­cei­ra do pe­río­do de sus­pen­são da bol­sa, e à efec­ti­va­ção das li­cen­ças de par­to. Até aqui, uma in­ves­ti­ga­do­ra que ti­ves­se de sus­pen­der a sua ac­ti­vi­da­de por mo­ti­vos de par­to – por exem­plo – fi­ca­va sem re­ce­ber a aju­da eco­nó­mi­ca du­ran­te to­da a sua au­sên­cia, o que dei­xa­rá de acontecer.

    Por ou­tro la­do, pre­ten­de-se alar­gar o le­que das ex­cep­ções do re­gi­me de de­di­ca­ção ex­clu­si­va. Para is­so, os bol­sei­ros vão po­der exer­cer ou­tras ac­ti­vi­da­des, des­de que os mes­mo se en­con­trem na mes­ma li­nha do seu pro­jec­to de in­ves­ti­ga­ção. Também o li­mi­te pa­ra a lec­ci­o­na­ção se­rá alargado.

    Do mes­mo mo­do, os pe­río­dos de des­can­so, que até aqui im­pli­ca­vam a sus­pen­são da bol­sa, pas­sa­rão a ser su­por­ta­dos fi­nan­cei­ra­men­te. Por ou­tro la­do, aquan­do de des­lo­ca­ções ao es­tran­gei­ro, po­de­rão con­tar com a ex­ten­são do se­gu­ro con­tra aci­den­tes pessoais.

    O MCES quer ain­da cri­ar um pai­nel con­sul­ti­vo pa­ra acom­pa­nha­men­to dos bol­sei­ros – que pre­ten­de­rá co­nhe­cer e acom­pa­nhar as ac­ti­vi­da­des de­sen­vol­vi­das – e um nú­cleo do bol­sei­ro jun­to das ins­ti­tui­ções que os acolhem.

    Manter o es­pí­ri­to bol­sei­ro. Este foi o ar­gu­men­to in­vo­ca­do pe­la mi­nis­tra da Ciência e Ensino Superior pa­ra re­cu­sar in­cluir na pro­pos­ta do no­vo Estatuto do Bolseiro a atri­bui­ção do sub­sí­dio de desemprego.

    “Procurámos ir ao en­con­tro dos an­sei­os dos bol­sei­ros, ten­do o cui­da­do de man­ter o es­pí­ri­to bol­sei­ro sem vín­cu­los de­fi­ni­ti­vos”, dis­se Graça Carvalho ao JN.

    De acor­do com a mi­nis­tra, a so­lu­ção pa­ra o em­pre­go dos bol­sei­ros “não pas­sa pe­la atri­bui­ção de sub­sí­dio de de­sem­pre­go, mas an­tes pe­la cri­a­ção de em­pre­go ci­en­tí­fi­co”. Para tan­to, co­mo re­fe­riu, pre­ten­de pro­ce­der a al­te­ra­ções no Estatuto da Carreira Docente do Ensino Superior e in­cen­ti­var os bol­sei­ros à cri­a­ção de pe­que­nas empresas.